Educação

Brasileiro usa animações em 3D para ensinar química

Inovação


11/12/2013

 Estudar química, mesmo para quem não é muito fã da matéria, promete se tornar mais prazeroso, visual e intuitivo. Quem já teve contato com a disciplina sabe, química não é nada fácil; principalmente porque uma forte caracteríctica no ensino da matéria é o uso da imaginação. A maior dificuldade acontece quando o professor precisa ilustrar o aspecto microscópico: átomos, moléculas e tantos elementos e reações químicas que só de olhar a tabela periódica já deixa muita gente assustada.

Até hoje, a única saída era usar modelos e fórmulas para tentar explicar aquilo que não se enxerga. Mas, por mais criativos que sejam os alunos, dificilmente todos criariam a mesma imagem mental sobre o tema proposto…

"Não tinha como o professor checar se aquilo que ele queria que os alunos imaginassem era o que eles estavam imaginando. Mas quando você transforma tudo aquilo em imagem, a coisa muda porque você tem certeza que todos estão imaginando a mesma coisa e o questionamento do aluno é diferente, muito mais sólido. Agora ele enxerga", explica Pedro Faria, professor de química da Unicamp.

A grande novidade surgiu com a tese de doutorado do engenheiro elétrico Manuel Baptista. Ele criou animações em 3D para serem usadas no ensino de química. Com a animação, a parte microscópica da química ganhou outra dinâmica.

Manuel conta que teve a ideia de usar a animação durante uma aula de química orgânica. Quando o professor mostrou algumas imagens, ele imaginou se não seria possível fazer melhor do que aquilo que existia até então. O problema é que o engenheiro não tinha qualquer noção sobre softwares de animações 3D. Cinco anos atrás, quando deu início ao projeto, a produção em três dimensões ainda não era muito difundida.

Foi então que ele descobriu um software gratuito para baixar na internet; Manuel achou que todos seus problemas estavam resolvidos. Ele só não contava com a complexidade de usar tal ferramenta originalmente desenvolvida para a produção de desenhos animados. Ou seja, sem a ajuda do manual do software ele não iria muito longe. A saída foi escrever para o criador do Blender, o software usado para as animações, e pedir uma cópia do manual… que, demorou, mas chegou…

"Eu esperei umas três semanas, o manual não chegava e eu comecei a ficar apreensivo. Com muita cautela, escrevi uma carta dizendo a eles que estava esperando. Daí ele disse para esperar porque havia mandado por um navio para não ficar muito caro", conta Manuel Baptista, engenheiro elétrico.

O próximo desafio era transformar as recomendações do manual em imagens 3D animadas. Segundo ele, foram seis meses de autoaprendizado e muitos testes até fazer com quem um simples cubo se movimentasse na tela do computador.

"Uma animação de dois minutos leva 80 horas, duas semanas de trabalho intenso. Neste tempo, uma boa parte é no Blends, mas outra é discussão conceitual", diz Baptista.

A iniciativa, que já conta com 70 animações produzidas, virou sucesso mundial no ensino de química inclusive nas melhores universidades do mundo. Os vídeos já ultrapassaram um milhão de visualizações no YouTube originárias de 148 países diferentes. Curioso é que o Brasil é o terceiro na lista dos que mais acessam o canal, ficando atrás de Estados Unidos e Índia, respectivamente. Todo o material está disponível para download na internet…

Na visão do professor Pedro, as imagens superam qualquer tipo de dificuldade, mas é muito importante que não haja qualquer tipo de erro conceitual na sua concepção. A parceria entre aluno e professor foi essencial para o sucesso da criação da Química 3D.

"Um aluno não consegue fazer uma animação sozinho, com qualidade e sem erros conceituais. Ele precisa do apoio de um professor com absoluto domínio conceitual", explica Manuel Baptista.

Para alunos que já nasceram imersos em tecnologia e estão sempre ansiosos por novidade nas salas de aula, as animações nas aulas de química vêm na hora certa. Por outro lado, é importante também também que os professores estejam preparados para trabalhar com essa nova ferramenta, que ao mesmo tempo que torna a aula mais interessante e intuitiva, muda radicalmente o tipo de questionamento do aluno – que agora, mais do que nunca, consegue ver o que antes era preciso imaginar.

Mais interessante, é que animações 3D e recursos de imagem podem ser aplicados em diferentes disciplinas. A Química 3D ainda é só um primeiro passo…e, mais legal, um passo brasileiro. E você, o que acha da novidade? Já estudou química? Concorda que assim as coisas mudam de rumo? Acesse olhardigital.com.br e deixe sua opinião no nosso fórum; aproveite e confira o link que deixamos logo abaixo do vídeo desta matéria no nosso site para quem quiser baixar as 70 animações disponíveis.



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