Geral

Bóris & Eu


25/12/2012



Para Matheus (o verdadeiro dono de Bóris)

Para mamãe, aniversariante do dia de Natal

É Natal! e estou apaixonada. Por Bóris. O Labrador do meu sobrinho Matheus, que veio morar comigo há um ano. Eu, medrosa e com pavor de todos os cães, eis que me vejo miando com Bóris, e ele, com os olhinhos de cão vadio, me enternece o coração. Esta semana pegou na minha mão…com sua pata…E não me contive, e vivi uma Epifania Transcendental!

Sempre me achei um Ser Humano menor por não gostar de bichos nem plantas. Digo de cuidar. Para mim sempre era uma cena incompreensível ver alguém agarrado com um bicho; alguns até que dormem com o estanho no ninho. E, cada vez que vejo um ataque de cachorro ao seu dono, digo para mim mesma: ah! Ah! Quem não te conhece que te compre!!!

Também adoro um jardim verdejante e sempre admirei as pessoas que se acocoram para arrancar as ervas daninhas ou bisbilhotar os olhinhos das plantas que nascem. Sei também que mexer com plantas e mexer com nossos instintos mais profundos, talvez por isso…fuja do plantar e sendo assim, do colher. Mas confesso, que já fiz exercícios esotéricos e já cavuquei a terra plantando espada de São Jorge para espantar os males. O fenômeno da fotossíntese então!! Nunca tive aula de biologia. Talvez por isso….

Quando pequena , morando no Miramar, apareceu um Fox Terrier louco. Pulava histérico. E eu em pânico. Quando chegava do colégio das Lourdinas, subia no muro e lá ficava aos gritos para o socorro de alguém abrir a porta e prender o monstrinho. Vivia trancada dentro da minha própria casa.

Anos depois, uma poodle de nome Brigitte apareceu, e mesmo com seus pelos naturalmente encaracolados, não me seduziu logo. Aos poucos me apeguei. Um dia, foi atropelada em frente de casa e levou dois dias agonizando. Chorei muito, impressionada com esse sentimento de apego a um bicho. Mas isso foi há tempos, eu era criança e sabia.

Quando Boris morava na casa da minha irmã, eu não entrava lá enquanto não o prendessem. Cachorro imponente , de latido grosso, para mim era um tsunami à espreita. E não adiantava me dizer que era manso. Agora, sou eu, do topo do meu pedestal de amantes dos cães…, que repito essa frase, quando aqui chegam os visitantes…temerosos pelo assombro de Bóris.

Não tenho experiências como Virginia Woolf e seu Flush, nem tenho um cachorro chamado Marley… mas já esboço aqui essas linhas para pensar em, como podemos mudar nossos medos, nossos afetos, e nossos enfrentamentos às adversidades da vida. Quanto às plantas, continuo com o quintal á La Afagnistão…seco e infértil. Mais de 25 anos plantando mudas e crótons e meu backyard anda longe de ser um espaço aprazível. Consegui umcajueiro que não é de conta, mas doce e suculento.

Termino um ano difícil, mas com esse pulo ao abismo dos medos caninos, me sinto mais forte e aberta para outros abraços que não os do mano Caetano.

Agora, transcendi…em parte. E estou cantarolando Jingle Bells, à toa na vida…Au Au!! Feliz Natal Bóris!

Ana Adelaide Peixoto – João Pessoa, 25 de dezembro, 2012



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