Economia & Negócios

Bolsa sobe no dia, mas tem pior 1º trimestre em 18 anos

Recuperação


28/03/2013



 A Bovespa conseguiu emendar a terceira alta seguida nesta quinta-feira (28), com a disparada dos papéis da Eletrobras, mas não evitou fechar o primeiro trimestre com prejuízo.

O Ibovespa, principal índice de ações na Bolsa, fechou o dia em alta de 0,57%, aos 56.352,09 pontos. No mês, o índice acumula perdas de 1,87%. Já no trimestre, o prejuízo chega a 7,55%, no pior resultado para o período desde 1995.

O destaque do dia foram as ações da Eletrobras, que dispararam quase 17% após a empresa estatal de energia ter anunciado resultados e seu plano de investimentos.

O giro finaneiro da Bovespa nesta véspera de feriado foi de R$ 6,96 bilhões, abaixo da média diária de R$ 7,5 bilhões em 2013.

Já o dólar comercial subiu 0,55% e fechou cotado a R$ 2,022 na venda. No mês, o dólar acumulou alta de 2,19%. Ainda assim, encerra o primeiro trimestre com queda de 1,29%.

Ações de Eike, Vale e Petrobras caem no dia
Entre as ações mais negociadas da Bolsa, a preferencial da Petrobras caiu 0,38%, a R$ 18,35; a preferencial da Vale perdeu 1,16%, para R$ 33,24, enquanto a ordinária da OGX fechou em queda de 3,35%, a R$ 2,31.

O mercado recebeu hoje outra notícia sobre as empresas de Eike Batista: a confirmação da venda de uma fatia da MPX, a companhia de energia do grupo, para a alemã E. ON. Eike Batista irá transferir 24,5% da empresa ao preço de R$ 10 por ação, o que deve lhe render cerca de R$ 1,5 bilhão.

A ação ordinária da MPX caiu 1,96%, a R$ 9,50. Entre as outras empresas "X", MMX recuou 4,74%, a R$ 2,21; LLX caiu 4,11%, a R$ 2,10; OSX teve queda de 0,95%, a R$ 4,18; e CCX registrou perdas de 2,22%, a R$ 3,53.

Marfrig liderou as perdas do Ibovespa, caindo 5,17%, a R$ 8,44. O prejuízo da empresa de alimentos se aprofundou no quarto trimestre de 2012, para R$ 284,2 milhões.

Ações da Eletrobras ‘bombam’, apesar de prejuízo histórico
Quem roubou a cena nesta quinta foi a Eletrobras. Pelo prejuízo bilionário –o maior registrado por uma companhia brasileira em um trimestre na história, segundo a Economatica– era de se esperar que as ações "tomassem uma surra". Mas, muito pelo contrário, os papéis "bombaram".

A ação preferencial da Eletrobras disparou 16,19%, a R$ 12,70, enquanto a ordinária subiu 11,84%, a R$ 6,99. Foram as duas maiores altas do Ibovespa nesta sessão.

A explicação? Segundo analistas, a distribuição de dividendos e o plano de negócios anunciados junto com o balanço. A companhia vai propor em assembleia geral ordinária uma remuneração aos acionistas correspondente a R$ 0,39 por ação ordinária e R$ 1,63 por preferencial, na forma de juros sobre capital próprio. O plano de investimento dos próximos cinco anos será de R$ 52,4 bilhões. A estatal teve prejuízo de R$ 10,499 bilhões no último trimestre de 2012.

O resultado foi reflexo de uma perda não recorrente de R$ 10,085 bilhões, em consequência da Medida Provisória 579, que virou a Lei 12.783, sobre a renovação das concessões de energia elétrica. A Eletrobras informou ainda que deve concluir em 90 dias estudos sobre possível venda de distribuidoras.

Trimestre foi ruim para Vale e empresas de Eike
"[O trimestre] Foi ruim, mas vale lembrar que não foi um período catastrófico para todo mundo", disse o gestor Marc Sauerman, da JMalucelli Investimentos em Curitiba. "Quem mais sofreu foram as empresas de Eike Batista e Vale, que têm peso grande no índice."

A desconfiança do mercado com as perspectivas para as companhias do grupo EBX, de Eike, levaram a petrolífera OGX a amargar queda de 47,3% no trimestre, e a mineradora MMX a afundar 50,3% no período.

Já a preferencial da Vale acumulou queda de 18,7% no trimestre, em meio à disputa com o governo sobre o pagamento de R$ 4 bilhões em royalties.

Queda da Bolsa no primeiro trimestre de 1995
Naquele começo de ano, a Bolsa brasileira mergulhou 31,5% por causa do "Efeito Tequila".

Em 20 de dezembro de 1994, o governo mexicano decidiu desvalorizar o peso em uma tentativa de estimular a economia. No entanto, a medida teve efeito contrário e provocou crise em outras economias emergentes da região, inclusive o Brasil.

Bolsas internacionais
As ações europeias ampliaram sua alta, puxadas pela proposta de compra de D.E. Master Blenders, à medida que o suporte do banco central continuou a diminuir os temores sobre a estabilidade da zona do euro.

Em Londres, o índice Financial Times subiu 0,38%, a 6.411 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 avançou 0,53%, a 3.731 pontos.

As ações asiáticas recuaram uma vez que dados fracos da zona do euro e temores de uma potencial corrida aos bancos no Chipre alimentaram as preocupações dos investidores com a instabilidade na Europa.

O índice Nikkei, do Japão, fechou em baixa de 1,26%, uma vez que os temores com a zona do euro provocaram realização de lucros entre exportadores e os papéis financeiros.

Esta quinta-feira é o último dia de negócios do primeiro trimestre para muitos mercados asiáticos, que estarão fechados na sexta-feira devido ao feriado de Sexta-Feira Santa.

Expectativa para os próximos meses
Preocupações com a economia brasileira pesaram nos negócios no primeiro trimestre, segundo analistas, diante de crescentes pressões inflacionárias e intervenção estatal no setor privado.

"Se tirar o risco de ingerência do governo e a inflação começar a ceder, você tem uma chance grande de reação na Bovespa", disse o economista Guido Chagas, da Humaitá Investimentos em São Paulo.

"Mas ainda não apostaria todas minhas fichas numa recuperação já em abril… A partir de maio, quando você começar a ver uma postura mais amigável do governo, então você deve ter uma perspectiva melhor", acrescentou.

Além das incertezas domésticas, o ambiente externo também deve continuar no radar de investidores, com destaque para a crise da dívida na zona do euro.

Profissionais de mercado também citavam preocupações de que uma eventual realização de lucros em Wall Street –cujos índices seguem próximos das máximas históricas– pressione também o mercado brasileiro.

"Está difícil prever o comportamento da Bolsa porque está difícil fazer previsão de cenários em geral", disse Pablo Spyer, um diretor na Mirae Asset Securities em São Paulo.

"Esse é um ano para apostar em small caps, empresas mais ligadas à demanda interna, que têm caráter mais defensivo. Para fugir da instabilidade, a saída é olhar para setores como consumo, saúde, educação", acrescentou Spyer.



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