Paraíba

Blog do Walter Santos explica a mutação do carnaval em João Pessoa

TEXTO DE DOMINGO


19/02/2017



O jornalista e blogueiro analisa, neste domingo (19), o cenário carnavalesco na Capital. Criado em tempos de outrora, em meio aos carnavais de rua da Torre e os desfiles da Malandros do Morro, WS comenta as mudanças mas festas de fevereiro ocorridas em João Pessoa.

Leia na íntegra:

Carnaval: a força da transformação sociológica

Para Ana Paula, a primeira estrela do Rádio

Há tempo o Carnaval tomou novo estilo e formato distantes dos bailes de clube animados por fantasias e Orquestras, como a de Severino Araújo e Vilô, no Esporte Clube Cabo Branco – o mais disputado dá cidade. O Brasil já foi dominado pelos jornais e expansivo em termos nacionais através do Rádio.

É desse tempo, dos anos 50 em diante, que o samba se espalhou pelo País inteiro levando consigo os times de futebol do Rio de Janeiro a serem populares em todas as regiões pela força do rádio. Mas a maior das mutações se deu mesmo com a expansão do carnaval de rua em detrimento dos bailes de clubes levando a sociedade a novos hábitos.

JOÃO PESSOA DE QUE ME LEMBRO

Criança criada no bairro da Torre, logo cedo passei a gostar do som eletrizante dos Bandeirantes da Torre, lá na Aragão e Melo comandado por Vinicius e Seu Bonito. A orquestra era tão boa, só faltava levantar defunto.

Também na infância passei a gostar do batuque da bateria da Escola de Samba Malandros do Morro, na esquina da Rua Rui Barbosa com a Feliciano Dourado.

É desse tempo que guardo na memória as figuras sempre à mente de Paulo Rosendo – locutor nota 10 da Tabajara, um negro bonito e elegante. Lá estavam Gilberto do Cartório, Orlando, Bobagem – alfaiate de primeira, Ivan Bracinho, Delegado, etc. Quem também pontificava na Escola era Antônio Cândido, meu pai, duas vezes presidente da Malandros, e meu avô Severino Cândido -poeta de mão cheia e autor do título dado à escola, segundo escreveu Livardo Alves.

É dessa fonte do bairro da Torre que cultivo sempre a alma de carnavalesco, até porque Maria Júlia – minha mãe e de Duda – não podia ouvir um som de orquestra que "se espiritava" toda, entrava em transe de alegria.

O RÁDIO E OS IMORTAIS

Até 1985, João Pessoa não tinha TV, portanto quem mandava na mídia era O NORTE com Marconi Góes – o dono da Paraíba – e a força fenomenal do rádio.

É instrumento de revolução comunicativa que fez imortal nomes na cobertura do carnaval como Paulo Rosendo, Cardivando de Oliveira, Metuzael Dias, Ivan Bezerra de Albuquerque – quando tomava todas -, Gilvan de Brito, Ivan Thomaz, Bernardo Filho, Ivan de Oliveira com a retaguarda de Clodoaldo de Oliveira. A Rádio Tabajara era a maioral – mesmo com a existência da Arapuan, de Otinaldo Lourenço e José Octávio de Arruda Melo – com a voz feminina de forte impacto junto aos ouvintes de Ana Paula – primeira mulher a se impor diante de um segmento tomado de homens.

MUTAÇÃO SOCIAL

O advento da televisão e os novos hábitos da sociedade se afastando dos fins de semana em clubes e piscinas – construiu um novo ciclo no carnaval.

Olinda, Recife e Salvador pularam as cordas e atraíram para sempre o novo hábito de ocupar as ruas com frevos, maracatus e música ‘trioeletrizada’ a partir de Dodô e Osmar.

De lá para cá bem enxergamos no Muriçocas do Miramar a expressão do novo tempo carnavalesco em João Pessoa longe do Astrea, Cabo Branco, Assex e Internacional de Cruz das Armas.

É, o tempo passou levando consigo lembranças e novos hábitos de curtir carnaval.
 


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