Grande candidata a surpresa na Copa do Mundo de 2014, a Bélgica vai às oitavas de final na primeira colocação do grupo H. Mas o aclamado talento da geração de ouro do país ainda não deu as caras em solo brasileiro. Nesta quinta-feira, contra a Coreia do Sul, mais uma vitória, mas sem convencer.

Em suas duas primeiras aparições neste Mundial, os belgas também não encantaram, mas esbanjaram eficiência, com vitórias sobre Argélia e Rússia. Dessa vez, a fórmula se repetiu e, mesmo poupando jogadores como Hazard, do Chelsea, Lukaku, do Everton, e Witsel, do Zenit, veio o 1 a 0.

O gol foi marcado os 33 minutos do segundo tempo, dos pés do capitão Vertonghen – que herdara a braçadeira de outra ausência importante, do zagueiro Kompany. O jogador do Tottenham aproveitou rebote, após chute de Origi para tocar para as redes e fazer a festa da Arena Corinthians.

O estádio de São Paulo, inclusive, agurdava impacientemente para explodir, levantando a cada chance, das duas seleções. A Bélgica teve oportunidade de ouro, aos 24 do primeiro tempo, mas Mertens isolou. Do lado sul-coreano, a melhor chance veio na segunda etapa, com uma bola na trave, de Heung-Min Son.

Ainda que sem gols, houve festa. Entre belgas e sul-coreanos, a maioria no estádio era de brasileiros, que fizeram de cada jogada de maior perigo um motivo para se levantar. Não raros também foram os gritos pró-Corinthians, dono da Arena, sempre respondidos com vaias de torcedores rivais.

Se nas arquibancadas tudo era motivo de agitação, em campo, as seleções ainda tinham ambições. A Bélgica, já classificada, menos, é verdade, mas os sul-coreanos lutavam pela classificação. A vontade asiática até atraiu a simpatia paulista, mas não foi suficiente para mudar seu destino na Copa.

Nas oitavas de final, a Bélgica, líder do grupo, com sete pontos, vai encarar os Estados Unidos, segundo colocado da chave G, na próxima terça-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador. A Coreia do Sul volta para casa junto com a Rússia, enquanto a Argélia também avança para encarar a Alemanha, no Beira-Rio.

Um cartão vermelho, mais um atacante, mas tudo igual

Para se lamentar, a Coreia do Sul volta para a casa sem ter conseguido aproveitar a vantagem numérica, com que jogou por mais de 45 minutos, desde a expulsão de Defour, no final do primeiro tempo – em mais um lance polêmico do Mundial, apesar de a entrada do volante belga, de fato, ter sido dura.

Antes de ir mais cedo para os vestiários, Defour havia, inclusive, protagonizado um dos lances de maior perigo do primeiro tempo, quando afastou bola em cima da linha, após cobrança de escanteio da Coreia do Sul – no lance seguinte à melhor intervenção de Courtois em toda a partida, em chute de Ki.

Na volta do intervalo, o técnico sul-coreanos Hong Myungbo apostou em mais um atacante, com Lee Keun-Ho entrando no lugar de Kook-Young Han. A mudança não surtiu tanto efeito, e Arena Corinthians, inaugurada em maio, já se preparava para conhecer seu primeiro jogo sem gols.

A aposta belga em seus reservas

Dos três gols marcados pela Bélgica nesta Copa do Mundo, na vitória por 2 a 1 sobre a Argélia, e no 1 a 0 diante da Rússia, os gols saíram com reservas. Apostando na superstição o técnico Marc Wilmots colocou Chadli e Origi nas vagas dos pouco produtivos Januzaj e Mertens.

De certa forma, deu certo. Foi dos pés de Origi, atacante do Lille, da França, e de apenas 19 anos, que saiu o chute espalmado por Kim nos pés de Vertonghen, que só teve o trabalho de empurrar para as redes. Ainda que o apoio aos sul-coreanos fosse maior, a festa foi (quase) geral.

O tempo foi passando e, com o empate momentâneo entre Argélia e Rússia, em 1 a 1, as chances da Coreia do Sul se classificar iam se esvaindo. Assim como a disposição mostrada na primeira etapa. A Bélgica tocou a bola e fez se ouvir o grito de ‘olé’ das arquibancadas.

A entrada da principal estrela do time, Hazard, na vaga de Mirallas, já no fim, foi a cereja do bolo para um público mais interessado na festa, do que na qualidade do jogo. Não dá para culpá-los. Se a Copa é para poucos, as mais de 61 mil pessoas na Arena aproveitaram e deram seu espetáculo.

Muito mais do que a "talentosa geração belga" até aqui.

FICHA TÉCNICA
COREIA DO SUL 0 X 1 BÉLGICA

Local: Arena Corinthians, em São Paulo (SP)
Data: 26 de junho de 2014, quinta-feira
Horário: 17 horas (de Brasília)
Árbitro: Benjamin Willians (Austrália)
Assistentes: Matthew Cream e Hakan Anaz (ambos da Austrália)
Público: 61.397 pessoas
Cartões: Amarelos: Hong Jeong-Ho (COR) e Dembele (BEL); Vermelho: Defour
Gols: Vertonghen (33 minutos do 2º tempo)

COREIA DO SUL: Senggyu Kim, Lee Yong, Young-Gwon Kim, Jeong-Ho Son e Suk-Young Yun; Kook-Young Han (Lee Keun-Ho), Chung-Yong Lee, Sung-Yueng Ki e Koo Já Cheol; Heung-Min Son (Dongwon Ji) e Shinwook Kim (Kim Bo-Kyung)
Técnico: Hong Myumg-Bo

BÉLGICA: Courtois, Vanden Borre, Van Buyten, Lombaerts e Vertonghen; Defour, Dembele, Fellaini; Mertens (Origi), Januzaj (Chadli) e Mirallas
Técnico: Marc Wilmots