Artes

Artista indígena faz exposição no DF com releitura da obra ‘Macunaíma’

Na mostra 'Transmakunaima', Jaider Esbell aprofunda detalhes do livro de Mário de Andrade. Exposição será aberta ao público neste sábado


06/07/2018

O Memorial dos Povos Indígenas em Brasília recebe duas exposições do artista roraimense Jaider Esbeel a partir deste sábado (7). Indígena do povo Makuxi, ele fará uma releitura da obra “Macunaína”, de Mário de Andrade (1893–1945), por meio de pinturas em tela e de desenhos em papel.

A exposição “Transmakunaima – O buraco é mais embaixo” dá início às mostras de arte, cinema e rodas de conversa do memorial durante o mês de julho (veja programação abaixo). O espaço fica no canteiro central do Eixo Monumental, em frente ao Memorial JK e ao lado da Câmara Legislativa.

Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (Foto: Júnior Aragão/SECDF)Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (Foto: Júnior Aragão/SECDF)

Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (Foto: Júnior Aragão/SECDF)

Para o artista, enquanto o livro conta a história de um “herói sem nenhum caráter”, a mostra “traz luz à descaracterização de Makunaíma”, tratado por ele como “uma entidade que pode assumir todos ou qualquer caráter ou forma”. O personagem faz parte do imaginário dos povos indígenas que cercam o Monte Roraima.

“Transmakunaima fala de gênero e de um ambiente pré-conquista, quando os povos viviam uma era de plenitude. Quase cem anos depois da obra ser lançada, nós [indígenas] buscamos fazer parte desse universo, como protagonistas, e levar os leitores para dentro do assunto.”

Obra do artista roraimense Jaider Esbell (Foto: Divulgação)Obra do artista roraimense Jaider Esbell (Foto: Divulgação)

Obra do artista roraimense Jaider Esbell (Foto: Divulgação)

‘Era uma vez a Amazônia’

Nascido na comunidade Raposa Serra do Sol, Esbell também é reconhecido no cenário nacional como autor da coleção de desenhos “Era uma vez a Amazônia”, uma espécie de denúncia contra o processo de devastação da região.

“Os desenhos retratam a Amazônia desromantizada, mostram a Amazônia real, onde as pessoas ferem o índio, explusam o ribeirinho de suas terras e onde a floresta é severamente devastada.”

Desenho da exposição 'Era Uma Vez a Amazônia', que será exposta em Brasília (Foto: Divulgação)Desenho da exposição 'Era Uma Vez a Amazônia', que será exposta em Brasília (Foto: Divulgação)

Desenho da exposição ‘Era Uma Vez a Amazônia’, que será exposta em Brasília (Foto: Divulgação)

“A exposição também fala de catástrofes como o fim de mundo causado por colapso ambiental”, explica Jaider Esbeel. Ao todo, serão 16 desenhos em preto e branco que vão ilustrar a mostra. As cores, segundo o artista, são para contrastar com a ideia de uma Amazônia colorida, “que é um lugar cheio de vida, mas que está devastado”.

A exposição faz parte do Projeto Culturas Vivas, que será desenvolvido nos próximos dois anos pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI), em parceria com o governo do Distrito Federal. O objetivo, segundo os coordenadores, é revitalizar o Memorial dos Povos Indígenas e manter o acervo histórico do local.

Serviço

“Transmakunaima – O buraco é mais embaixo”
Data: 7 a 29 de julho (terça a domingo)
*Inauguração às 19h
Hora: 9h as 17h

Roda de Conversa Transmakunaima
Leitura e discussão de um artigo de Jaider Esbell publicado na revista “Iluminuras” da UFRGS
Data: 11 de julho
Hora: 14h

Outras atividades no Memorial dos Povos Indígenas

1º Encontro de Comunicadores e Comunicadoras indígenas e negros/as do Distrito Federal
Data: 26 de julho
Hora: 8h30 às 22h

Cine Memorial
O tema é “A comunicação como forma de expressão de luta e resistência”
Data: 26 e 27 de julho
Hora: 19h as 22h

Abertura da exposição “O paíz Timbira”
Sessão de canto dos Krahô, seguida da projeção do filme “Festa para Xopë” (direção de Lucas Bonolo e produção de Gavano Filmes e Centro de Trabalho Indigenista.
Data: 27 de julho
Hora: 18h

Vivência Intercultural Krahô
Data: 28 de julho
Hora: 10h as 13h

Exposição “Ocupação culturas vivas”
Data: até 31 de julho

G1



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