Futebol

Artilheiro, Bruno Rangel supera reserva na Chapecoense e se torna insubstituível

Revelação


07/10/2013



 Ele tem 26 gols na Série B do Campeonato Brasileiro e está a apenas dois de se tornar o maior artilheiro da competição restando 12 partidas para encerramento da disputa. Aos 31 anos, Bruno Rangel teve de superar salários atrasados, na época em que atuava pelo Guarani, e distância da família para viver uma das suas melhores fases na carreira.

Bruno chegou à Chapecoense no início deste ano, após disputar a Série D pelo Metropolitano, mas obteve poucas chances com o técnico Gilmar Dal Pozzo. Durante o Campeonato Catarinense ele fez apenas um jogo como titular, diante do Guarani de Palhoça, e marcou dois gols na vitória por 5 a 2. Terminou o Estadual com três gols e dez aparições, todas elas entrando no decorrer das partidas. Situação bem diferente da que está vivendo hoje.

Para a disputa do campeonato nacional, Dal Pozzo resolver dar oportunidade ao atacante e o escalou desde a primeira rodada, na partida contra o Boa Esporte. A estratégia deu certo e Rangel se tornou "insubstituível" no ataque da Chapecoense. Os números comprovam a importância dele em campo, já que é o responsável por 52% dos gols marcados pelo time.

"Eu não tinha muitas chances. O atacante (Rodrigo Grahl) estava jogando e fazendo gols, então para mim era complicado (ter oportunidade no time). Meu companheiro vivia um bom momento. Esperei a minha oportunidade e agora ele está esperando a dele", disse o artilheiro em entrevista exclusiva ao iG .

Esperar, aliás, nunca foi um problema para Bruno Rangel. Diferentemente da maioria dos jogadores que iniciam a carreira cedo, o jogador teve pouca formação nas categorias de base. Foram apenas dois anos no futebol amador do Goytacaz, passando pelas equipes juvenil e juniores, até chegar ao profissional em 2002.

Divulgação
Bruno Rangel marcou o gol da vitória por 1 a 0 contra o Boa Esporte
O incentivo de buscar uma chance no futebol veio da família, amigos e, sobretudo, do irmão que chegou a jogar como zagueiro na várzea. A primeira oportunidade foi dada pelo clube da cidade natal, Campos dos Goytacazes, a 274 quilômetros da capital Rio de Janeiro. Morava um pouco distante do clube e por vezes se atrasava para os treinos, por causa da ineficiência do transporte público. Durante um período, resolveu morar no alojamento e só voltava para casa nos finais de semana ou depois dos jogos.

Nunca teve problemas de relacionamento com ninguém. Pelo contrário, é lembrado por ser muito quieto. "Ele sempre foi de falar pouco, mas também sempre teve faro de finalizador. Dentro de campo, ele se transformava. Positivamente, é claro", lembrou Carlos Barretos, que trabalhou com o atleta e hoje é coordenador da base do Goytacaz.

Permaneceu no Goytacaz até 2004 e desde então rodou dez clubes de diferentes estados. Uns do próprio Rio de Janeiro, outros do Rio Grande do Norte, Pará, São Paulo e Santa Catarina. Mas foi em 2010, defendendo as cores do Paysandu, que Bruno notoriedade ao ser campeão paraense e conquistar a artilharia da Série C do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, se transferiu para o Guarani e, em meio à campanha para acesso à Série A1 do Campeonato Paulista, teve de superar a falta de pagamento dos salários.

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"Passei dificuldades com os calendários e salários atrasados. No Guarani, consegui o acesso para o Estadual, mas tive problemas profissionalmente. Os salários sempre atrasavam e eu sai de lá sem receber. Mas são coisas que acontecem no futebol", declarou o goleador, que garante não ter mágoas do ex-clube.

Em ótima fase, Bruno Rangel sequer projeta pendurar as chuteiras, mas admite o desejo de largar a vida nômade e curtir a família, principalmente a filha Bárbara, que vive cobrando a presença do papai nas brincadeiras. "Eu poderia até fazer faculdade física, porque tenho o segundo grau completo, mas não quero ficar no futebol. É uma vida instável, tem de ficar mudando muito. Quero fazer meu pé de meia e ficar com a minha família em minha cidade", completou.

Enquanto o dia da aposentadoria não chega, os torcedores da Chapecoense comemoram os bonitos gols do artilheiro.

 



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