Futebol

Após recordes, artilheiro da Liga dos Campeões tenta ganhar confiança de Dunga

Luiz Adriano


11/11/2014



 A data é 23 de outubro de 2014, e representa, na opinião de Luiz Adriano, os frutos colhidos de oito anos de trabalho pelo Shakhtar Donetsk. Foi quando Dunga anunciou a convocação do atacante para os próximos amistosos da seleção brasileira, contra Turquia e Áustria (12 e 18 de novembro, respectivamente), a primeira dele como profissional – havia defendido apenas a equipe sub 20, em 2007. Dois dias antes, na vitória por 7 a 0 sobre o BATE Borisov, ele se igualara a Mazzola e Messi, os únicos até então a marcarem cinco gols em um mesmo jogo pela Liga dos Campeões.

Desde então, Luiz Adriano encorpa a boa fase em campo com mais gols e recordes. No último dia 5, fez outros três contra o mesmo BATE Borisov, chegou a nove e lidera a artilharia da Liga dos Campeões – é o quinto brasileiro que mais marcou na história do principal torneio da Europa, com 20 gols. Tornou-se, assim, o segundo jogador a fazer oito ou mais gols nos quatro jogos iniciais da competição, feito que apenas Cristiano Ronaldo havia conseguido, na temporada passada. Ele soma agora 120 tentos com a camisa do Shakhtar, isolando-se como o maior goleador da história do clube ucraniano.

"Sempre que tu trabalhas muito uma hora vai colher os frutos desse trabalho. Está sendo um momento muito especial na carreira, muito importante para mim, realizando o sonho de chegar à seleção brasileira", contou ao iG Esporte, por telefone, o gaúcho de 27 anos, antes de se juntar ao elenco comandando por Dunga em Istambul, na Turquia.

Revelado pelo Internacional, Luiz Adriano se destacou aos 19 anos e fez gol na campanha que levou o time gaúcho ao título do Mundial de Clubes da Fifa, em 2006, vencendo o Barcelona na decisão. Esperava-se que a visibilidade o levaria a algum grande clube da Europa, como aconteceu com um de seus companheiros de ataque na época, Alexandre Pato, negociado com o Milan. Ele, porém, foi parar no Shakhtar Donetsk, que iniciava um projeto ambicioso de contratar jovens valores e ganhar projeção internacional.
 

Entre altos e baixos, Luiz Adriano se tornou um dos pilares da evolução do Shakhtar e soma 16 títulos pelo clube, a Copa da Uefa (2008-09) é o principal deles. Usado como segundo atacante no Inter, ele virou centroavante sob o comando de Mircea Lucescu, técnico de equipe de Donetsk desde maio de 2004. O romeno teve papel fundamental no amadurecimento do brasileiro, dentro e fora de campo. "O professor Lucescu teve a paciência de me ensinar a me posicionar dentro da área. Tenho muito a agradecer ao professor, que teve paciência comigo, que insistiu e acreditou em mim, tudo que sei hoje agradeço a ele. Sou completamente diferente como pessoa e jogador. Aprendi muito na Ucrânia. Hoje sou outro jogador, completamente diferente de quando estava no Inter. É isso que está fazendo a diferença nesses jogos", contou o atacante, autor de 13 gols em 17 partidas na temporada 2014-15.
 

É com a presença de área tão apreciada pelo técnico do Shakhtar que Luiz Adriano sonha em se firmar na seleção brasileira. "Tenho a oferecer à seleção a forma que venho jogando na Ucrânia, da maneira que sei jogar. Pretendo dar meu máximo, ajudar meus companheiros nesses amistosos para conseguir a vitória e fazer o que Dunga pedir. Estar bem concentrado é fundamental para que as coisas aconteçam. Espero corresponder com as expectativas dos torcedores e do Dunga, que eu possa fazer bons jogos." Nesta segunda-feira, ele e os demais companheiros realizam o primeiro treino em Istambul, visando o amistoso diante da Turquia, dois dias depois, no Sükrü Saracoglu Stadium.
 

Luiz Adriano tem contrato até dezembro de 2015 com o Shakhtar, o clube mais verde-e-amarelo do futebol europeu – são 13 brasileros no elenco. Os gols na Liga dos Campeões já têm atraído a atenção de gigantes europeus. Segundo o jornal italiano "La Gazzetta dello Sport", a Juventus estaria disposta a pagar 30 milhões de euros (cerca de R$ 94 milhões) pelo atacante. Esse é o próximo fruto que ele pretende colher: atuar num país com maior destaque no cenário mundial, embora ache que a rejeição ao futebol ucraniano tenha caído.

"Diminuiu bastante (a desconfiança). É claro que o Campeonato Ucraniano não tem a mesma visibilidade em comparação com o Italiano, Inglês, Francês. O Russo é ainda um pouco mais forte do que o Ucraniano. Muitos dizem que quando vai para Rússia ou Ucrânia o jogador se esconde. Não concordo. A visibilidade pode ser menor, mas são campeonatos muito fortes", avaliou o jogador, sem escolher um melhor destino caso seja negociado. "Jogar o Inglês, Espanhol, Italiano… Seria muito bom, campeonatos disputados, bem importante para a minha careira, com visibilidade muito grande, um desafio maior para mim e meu futebol. Mas continuo bem no Shakhtar, não pretendo voltar para o Brasil agora, acho que posso ficar na Europa mais alguns anos."



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