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Após fama na web, ‘segurança gato’ vira ‘febre’ entre passageiras do Metrô

Na Web


20/03/2014

Cuidar da integridade de passageiros, verificar se as portas dos trens se fecharam corretamente e evitar confusões são atribuições comuns para os agentes de segurança do Metrô de São Paulo. No caso de Guilherme Sanches Leão, de 22 anos, somam-se a essas tarefas parar para tirar foto com dezenas de mulheres e até beijar o rosto das mais assanhadas –e menos envergonhadas.

Com 1,87 metro de altura e 80 kg, o jovem ficou famoso nas redes sociais como “segurança gato” após uma foto dele cair na rede. “Sempre tive pequenos assédios, mas de uns dias para cá isso tomou uma proporção muito grande, maior do que eu esperava até”, contou ao G1.

Guilherme se surpreendeu com a repercussão rápida da sua foto. “Há umas três semanas essa imagem estava circulando na internet. No domingo à noite, uma amiga me marcou em uma foto que estava no Facebook. De um dia para o outro, o número de ‘likes’ explodiu”, disse.

Na segunda-feira (17), o rapaz, que também é modelo, aproveitou a folga para participar de uma sessão de fotos que já estava marcada em uma agência onde já trabalhava antes da repercussão. Depois do sucesso nas redes sociais, a imprensa o procura intensamente. O celular não para de tocar e as mensagens em sua página do Facebook chegam sem parar. “Cada vez que eu olho tem mais um monte.”

Guilherme intensificou os treinos na academia desde que começou a trabalhar no Metrô, há cerca de um ano e meio. Além de treinar uma hora todos os dias, ele diz seguir uma dieta com o intuito de ganhar mais massa muscular. “Eu tenho tendência a ficar magro. Quero ganhar uns 8 kg de massa. Por isso, eu como de três em três horas. Minhas refeições têm proteína, carboidratos, além de verduras e legumes”, afirmou o jovem.

Fora das plataformas da estação Sé e dos estúdios de fotografia, o segurança gosta de dedicar parte do tempo livre ouvindo e produzindo músicas. “As bandas que não podem faltar na minha seleção? São muitas, mas tem que ter Bob Marley, Red Hot e o Rappa.” Geminiano, morador do bairro de Artur Alvim, na Zona Leste da capital, desde a infância, diz também adorar dançar. “Eu só não sei dançar”, brincou.

Logo após terminar o ensino médio, Guilherme morou na China para trabalhar como modelo. “A viagem, que ia durar três meses, acabou se estendendo por um ano. Lá eu curti muito a noite, as festas. Cheguei a ser promoter e fazia até cinco festas por semana”, disse. “Agora procuro fazer programas mais tranquilos, como ir a barzinhos ou viajar para a praia.”

O motivo para a mudança de ritmo – para a decepção das novas fãs- foi a namorada, que ele conheceu no Metrô há cerca de cinco meses. “Um dia eu fui deslocado para substituir um amigo em um trabalho na estação Trianon-Masp por causa da onda de protestos.

Ela estava lá esperando uma amiga. A gente trocou uns olhares. Ela chegou a fazer uma foto minha depois disso”, disse, mostrando essa imagem em seu celular. Depois do expediente, ele foi conversar com a jovem, uma modelo de Lins, no interior, que mora na capital. “Ela me ganhou com um sorrisinho. É um relacionamento recente, mas muito intenso”, afirmou, romântico.

Para atuar como segurança, ele teve aulas de defesa pessoal e de judô – o que o Metrô chama de técnicas de imobilização. Embora goste da atual função, ele não esconde seus planos para o futuro.

“Sempre foi um sonho ser modelo. Talvez pelo fato de ter de alguém não ter acreditado muito em mim, a minha carreira não deslanchou da maneira que eu esperava.” O sonho foi deixado temporariamente de lado, em troca da estabilidade, logo após passar no concurso para o Metrô.

Além da vida de modelo, ele pretende se dedicar ao teatro e à televisão. “Eu gostaria muito que deslanchasse uma carreira artística. Eu pretendo fazer teatro, ter uma carreira de ator. Tanto que, quando eu vejo uma novela, eu gostaria muito de estar ali, na frente das câmeras.

Aproveitando o sucesso que o segurança ganhou nas redes sociais, o Metrô publicou um post que faz referência ao preparo da sua equipe. “Seguranças do Metrô não são só bonitos. Eles são treinados em técnicas de imobilização, primeiros socorros e atendimento ao público”, diz post publicado na página do Facebook da companhia.”

Tarde de fotos
Na tarde de quarta-feira, a estudante de Rádio e TV Luana Barbosa, de 20 anos, foi uma das dezenas de passageiras que esperou para fotografar Guilherme. Ela já o tinha visto na estação Sé há algum tempo. “Minha mãe pediu informação para ele. Eu achei ele lindo, mas eu não tinha pedido para fazer foto, não. Agora não vejo a hora de colocar no Facebook para as minhas amigas morrerem de inveja”, contou, logo depois de tirar a foto, sem conter o sorriso. “É o boy magia do Metrô”, disse Alice Melo, de 20, que estuda Recursos Humanos.

Emily, de 15 anos, venceu a vergonha e cantou ao lado da mãe um trecho da música “Dormi na Praça”, de Bruno e Marrone. A música que diz “seu guarda, seja meu amigo, me bata, me prenda, faça tudo comigo” virou legenda de uma das mais compartilhadas pelo Facebook. “Eu moro na Mooca. Já fazia uma hora que a gente estava andando pelo Metrô para ver ele”, disse a mãe, Ione Batista da Silva. “Eu morri de vergonha, mas ele é lindo.”

Guilherme diz que algumas mulheres tentam ser discretas. “Umas até disfarçam, mas, quando eu olho, vejo o flash”. Outras são mais descaradas. Ele lembrou de um grupo de 10 estudantes que o abordou na estação Liberdade. “Elas subiram e desceram as escadas. Pediram umas informações. Eu tive que sair, porque vi que não era só isso que elas queriam. Elas queriam sair, fazer loucuras. Foram as mais persistentes.”

Mãe do jovem, a dona de casa Amanda Sanches Leão, de 42 anos, contou que o filho sempre foi fotogênico. “A primeira vez que eu fui com ele a uma agência ele tinha 3 anos, mas não deu em nada. Eu achava que ele tinha que se dedicar aos estudos”, disse. Sua avó, Zoraide Gonçalves Sanches, confessa ser coruja. “Eu sempre achei ele muito bonito, mas toda avó é assim”, disse. Foi ela, porem, quem incentivou o neto a seguir a carreira pública. “Eu sempre vi ele aqui no Metrô. Ser modelo é uma coisa que passa. Aqui ele tem uma carreira mais sólida.”

Para a alegria das suas passageiras-fãs, Guilherme não pretende deixar, de imediato, o posto de agente de segurança. Questionado se conseguiria desempenhar bem a função com tanto assédio, sorriu. “Acho que nos próximos dias não, porque isso está muito em foco. Daqui a uns dias, o pessoal vai dar uma esquecida, mas isso aí só o tempo dirá.”



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