Mais Esporte

Após deixar UFC e Bellator, Maiquel Falcão se vê vítima de injustiças

UFC


16/05/2014



 Maiquel Falcão era considerado uma das grandes promessas do MMA nacional em 2011. No fim do ano anterior, ele estreava pelo UFC com vitória sobre Gerald Harris. que estava há três anos sem perder. Sua segunda luta pela organização seria no Brasil, contra Tom Lawlor, na primeira edição do evento no Rio de Janeiro. Entretanto, o sonho acabou quando o Ultimate descobriu um problema judicial envolvendo o atleta, que se envolveu em uma briga na saída de uma boate em 2002, quando trabalhava como segurança no local. De volta aos eventos nacionais, realizou mais três combates. Com duas vitórias, veio a oportunidade de fazer parte do Bellator. No primeiro GP do peso-médio, derrotou três adversários, conquistou o título do torneio e a chance de disputar o cinturão da categoria. Mas a vitória contra o campeão Alexander Shlemenko não veio. No dia 7 de fevereiro de 2013, o russo venceu por nocaute no segundo round. Entretanto, o maior revés veio meses depois. Ao lado do também lutador Kauê Mena, Maiquel se envolveu em uma nova confusão em um posto de gasolina e a dupla foi agredida por um grupo, em Santa Catarina. Seu amigo ficou internado, enquanto ele recebeu alta rapidamente. Mas o Bellator não tolerou a confusão e o demitiu.

Ser demitido pelas duas maiores organizações de MMA do mundo está longe de ser o pior que Maiquel Falcão já passou na vida. Morador de rua por 10 anos, baleado duas vezes e esqueado uma, ele já enfrentou dificuldades maiores do que deixar de lutar no UFC e no Bellator. Mas, na opinião do lutador, ele foi vítima de injustiças por parte dos dois eventos. No caso da segunda demissão, ele garante que as imagens que mostram ele se aproximando de uma mulher na loja de conveniências do posto de gasolina e depois tentando segurá-la foram forjadas. Na primeira, ele ressalta que ainda morava na rua quando o problema aconteceu, mas não nega o erro cometido.

– Nenhuma delas eu considerei justa, até porque a do UFC, quando aconteceu o que aconteceu, eu ainda morava na rua e não tinha respaldo nenhum. Tanto que demorou 11 anos (na verdade foram oito, já que em 2010 chegou a ser preso pelo problema ocorrido em 2002) para acontecer alguma coisa de cobrança da Justiça. A segunda vez (pelo Bellator), fizeram truques de câmera, montaram vídeo, fizeram polêmica no mundo todo. Mas as imagens reais foram para a Justiça e foi provado ali que nem eu nem o meu colega fizemos nada. Fomos vítimas de um bando que já estava ali, tinha brigado em uma festa e estava naquele posto esperando outras pessoas para arrumar mais briga. O frentista do posto já tinha tido problema na Justiça junto com os outros que brigaram com a gente e foi condenado por falso testemunho, por ajudar os amigos que estavam com ele e começaram a briga, dizendo que a gente que tinha começado – afirmou, em entrevista ao Combate.com.

As críticas vieram de todos os lados. Afinal, eram duas demissões por polêmicas fora do cage. Uma delas partiu de Dana White, que disse, em entrevista feita em julho pelo "MMA Junkie", que ele deveria manter as mãos longe das mulheres. Afastado da imprensa desde o problema em Santa Catarina, ele sequer sabia das declarações do presidente do UFC. Ao saber, deu sua resposta, mas garantiu que tirou lições positivas de tudo que tem acontecido em sua vida e quer mostrar já neste sábado, quando enfrentará Mamed Khalidov na luta principal do KSW 27, em Gdansk, na Polônia.
– Não vi o Dana White comentar nada sobre isso, mas se falou, talvez ele queira que eu siga o que ele está fazendo hoje: ficar só perto de homem. Porém, os que jogam pedra hoje são os mesmos que amanhã estão lambendo o s**** do cara na rua. Acho que tudo na vida da gente, toda prova, é para nos tornar melhores, nos moldar em alguma coisa que fazemos de errado, e estou tentando tirar proveito de tudo isso. Espero que tudo dê certo e sábado a gente mostre que a mudança veio para o bem, para coisas boas – declarou.

A briga no posto de gasolina também o fez ser expulso da Renovação Fight Team (RFT), o que o deixou "sem chão". Agora ele treina em Pelotas (RS) e está montando sua própria equipe, que, segundo ele, terá centro de treinamento com octógono e ringue, além de alojamento para os atletas. Kauê Mena não está entre eles. A dupla se afastou após o incidente. A ideia é ajudar os lutadores de sua cidade que tiveram infância difícil como a que ele teve. Enquanto isso, tenta retomar sua carreira na Europa. Em fevereiro Maiquel lutou na Ucrânia, onde finalizou o russo Dibir Zagirov, que vinha de oito vitórias seguidas. O lutador não vê muita diferença no nível dos adversários que terá no Velho Continente.

– O que vejo das lutas e com quem lutei até agora é um nível muito similar. Não vejo diferença nenhuma entre lutar na América ou na Europa. Aqui eles são muito duros. Não vejo tanta técnica quanto na América, mas são muito guerreiros – afirmou.

Maiquel Falcão prefere não fazer planos sobre um possível retorno ao UFC ou ao Bellator. Ele garante que o importante é se manter em atividade, independente do evento. E sua ideia inicial é a de se manter por um longo período no KSW, onde fará sua estreia neste sábado, já com a responsabilidade de ser escalado na luta principal pela organização.

– Minha dedicação agora é minha família, carreira e treinos. A respeito de voltar ao UFC ou ao Bellator, não me importo com o evento em que luto, mas quero estar sempre trabalhando. O lugar que estaremos é uma decisão de Deus. Mas quero estar sempre pronto, indiferente do evento que estiver lutando. Estou muito feliz no KSW e se a galera aqui me aturar e Deus permitir, pretendo ficar aqui por um bom tempo – ressaltou.

No vídeo para promover o combate contra Mamed Khalidov feito pelo próprio KSW, Maiquel Falcão chamou a atenção ao lembrar seu passado na equipe Chute Boxe e citar, entre os atletas formados pela academia, os nomes de Lyoto Machida e Vitor Belfort. Questionado sobre o assunto, o peso-médio disse ter se expressado mal ao querer explicar que a dupla já realizou treinos por lá. E ainda teve direito a uma farpa na direção de Lyoto na hora de comentar o assunto, apesar dele salientar que não tem nenhum problema com o Dragão.

– Quando falei sobre o Lyoto Machida e Vitor Belfort meexpressei mal. Eles não foram formados pela Chute Boxe, porém treinaram muito lá. O Vitor por várias vezes. Inclusive, em uma das vezes que eu estava lá, ele treinou. E o Lyoto, na época do Wanderlei no Pride, treinou muito lá, por muitos meses. Então foi mais ou menos isso que quis dizer, que muita gente passou por uma grande academia em que eu estive. Até porque o Lyoto Machida é um cara que eu não me espelho em nada. Para mim, ele é só mais um lutador. Não tenho nada contra o Lyoto, só pura e simplesmente é um lutador que não me inspira, não me chama a atenção. Me espelho muito em Anderson, Vitor, Wanderlei. Para mim, verdadeiros campeões. Entrei para o MMA me espelhando neles e me espelho até hoje – disparou.

Contra Khalidov, Maiquel Falcão vai tentar quebrar outra sequência de invencibilidade. O polonês não perde há nove combates, com oito vitórias e um empate. Mas Falcão garante ver brechas no jogo do rival para sair com a vitória neste sábado.

– Eu, com minha comissão técnica, vimos algumas lutas dele e percebemos vários erros para trabalhar em cima disso. A respeito das vitórias que eleconquistou, não quer dizer nada. Luta é luta. Acabei de lutar com um ucraniano que vinha de oito vitórias. Uma a mais e uma a menos, isso não muda nada na luta. A preparação foi muito boa em pé. Notamos muitas falhas na parte de boxe e trocação de mão. Estamos muito bem no chão também. Se for em pé é ótimo, se for no chão, melhor ainda – concluiu.
 

 



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //