Paraíba

Andréa Cavalcanti diz que “matança” de tubarões pode potencializar desequilíbrio

COMO ALTERNATIVA


06/03/2017

A colunista de Meio Ambiente do WSCOM, Andréa Cavalcanti, em nova publicação, repercutiu a manifestação do surfista americano Kelly Slater, sugerindo a morte de tubarões como via de equilíbrio populacional da espécie cabeça-chata na praia de Île de la Reunion.

Segundo a bióloga, a medida, que também foi sugerida tempos atrás em Recife, não resolve o problema e pode agravar o desequilíbrio.

Confira o texto na íntegra:

{arquivo}O maior ícone do surf mundial, Kelly Slater, propõe em sua rede social, a matança de tubarões, na Île de la Reunion.

A manifestação do surfista é pelo extermínio e controle populacional de tubarões da espécie cabeça- chata, com o intuito de evitar mais mortes humanas.

Desde 2011, ocorreram cerca de vinte ataques, destes, oito atletas profissionais morreram.

Slater é onze vezes campeão mundial, possui uma legião de fãs, apoia projetos de conservação de orangotangos e de rinocerontes, contudo, fez esta declaração após a morte de um surfista profissional, e está sendo amplamente criticado por isto.

Houve, há alguns anos, um outro grupo de surfistas de Recife que propôs a mesma solução para os ataques recorrentes, no entanto, não conseguiu manter suas argumentações nem adeptos.

Esta intervenção humana do controle populacional é uma medida paliativa, podendo potencializar o desequilíbrio.

Notícias de ataques de tubarão são sempre chocantes, mas não podemos esquecer que o que vemos é somente a ponta do iceberg. Ataques de tubarões, quando frequentes num determinado local, pode ser indicador de desequilíbrio ambiental. A pesca, a poluição, a urbanização e destruição de ambientes aquáticos são os causadores do desequilíbrio ambiental, deflagrando em escassez de alimentos e mudança das rotas desses animais.

Temos um vasto oceano de ondas, e os surfistas, assim como os pescadores, são peças fundamentais na luta pela preservação dos mares.

Os corais, o mangue, berçários e áreas de alimentação protegidos, proporcionam um equilíbrio ecológico e previnem a ocorrência de ataques de tubarões.

Enquanto a natureza se recompõe, ideal mesmo seria uma retirada sustentável e a elaboração de um estudo ambiental profundo e plano de manejo pela conservação desses habitats.

Os tubarões existem no planeta com o mesmo modelo arrojado, hidrodinâmico, adaptado às condições ambientais, há mais de 400 milhões de anos, aparecem no topo da cadeia alimentar e detém a função do controle biológico das demais espécies. Eles sim entendem de controle biológico, nós não.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //