Paraíba

Andréa Bezerra alerta sobre cuidados na semana do defeso do caranguejo-uça

SEMANA DO DEFESO


31/01/2017

A colunista de Meio Ambiente do Portal WSCOM, Andréa Bezerra, falou em nova coluna nesta terça-feira (31), sobre a semana do defeso do caranguejo-uça, em todo o Nordeste, e parte do Norte (Pará).

Segundo Andréa, "no período reprodutivo, até a desova, os caranguejos ficam mais expostos e vulneráveis à caça, por isso é importante que sejam protegidos. É essa fase que garante a reposição dos estoques naturais e preservação da espécie".

Leia o artigo na íntegra

Semana do Defeso do Caranguejo

Entramos na semana do defeso do caranguejo-uça, em todo o nordeste, e parte do norte (Pará).

Na primeira lua cheia do ano, os caranguejos realizaram a primeira andada de 2017, que acontece normalmente nas luas cheia e nova, quando a maré apresenta maior amplitude e disponibiliza uma maior extensão de terra e tempo para a andada.

A andada é o período em que os caranguejos saem das tocas para se reproduzir. O acasalamento tem duração de 5 horas à alguns dias. A fêmea, depois de fecundada pelo macho, pode guardar até 2 milhões de ovos, que se desenvolvem na região ventral da cabeça-tórax. Após 15 dias da fecundação, as fêmeas andam até as regiões próximas ao oceano, onde desovam e liberam as larvas, fase jovem aquática que permanece por 40 dias. As larvas que sobreviverem à predação e às condições adversas retornam ao estuário e alcançam o mangue na primeira fase terrestre.

Durante este período reprodutivo, até a desova, os caranguejos ficam mais expostos e vulneráveis à caça, por isso é importante que sejam protegidos. É essa fase que garante a reposição dos estoques naturais e preservação da espécie.

O caranguejo-uça vive em galerias no solo do mangue, é endêmico da Mata Atlântica, presta importantes serviços ambientais, tais como a oxigenação do solo, reciclagem da matéria orgânica acumulada na lama e servem de sustento para comunidades tradicionais.

São diversas as espécies de caranguejos encontradas na Mata Atlântica paraibana, mas o caranguejo típico, mais apreciado, encontra-se em estado de sobre-explotação. Parte do caranguejo consumido na Paraíba é originário de outros estados, a exemplo do Pará e Piauí. Há alguns anos houve uma grande mortandade em Sergipe, quase extinguindo a espécie no estado.

Todos os anos é publicada uma normativa indicando as datas da andada e proibição da catação, do transporte, do beneficiamento e comércio dessa espécie de crustáceo. O descumprimento está sujeito à multa e apreensão do pescado. Os estabelecimentos que comercializam caranguejo devem procurar o Ibama antes do defeso e registrar seu estoque, comprovando a data de aquisição. Seria ideal que esse atestado de legalidade estivesse visível para incentivar a consciência ecológica também por parte do consumidor final.

Atualmente, a ONG SOS Caranguejo-Uça, em conjunto com órgãos ambientais, está realizando ações de educação ambiental em áreas de mangue, praia e mercado público, a fim de realizar uma campanha de preservação, direcionada aos pescadores, comerciantes e população.
Um fato negativo para a Conservação da espécie, foi a recente (de janeiro/ 2017) alteração do Seguro-defeso, um tipo de seguro desemprego que remunera o pescador no período de proibição da pesca, e prevê a suspensão do pagamento para localidades onde houver alguma alternativa de pesca, o que pode pressionar ainda mais as espécies em risco de extinção.

A população pode contribuir para a conservação, evitando o consumo durante a andada (consultar a tabela); consumir somente adultos (com tamanho da cabeça superior a 6cm); e consumir preferencialmente machos (ver figura). As fêmeas carregam os ovos que garantem a reposição do estoque. Até hoje a ciência não desenvolveu técnicas de engorda (como ocorre com a espécie goiamum) nem conseguiu completar o ciclo reprodutivo em cativeiro, fora do mangue, o que aumenta o risco de extinção.

Período reprodutivo

28/01 até 02/02
11/02 até 16/02
27/02 até 04/03
13/03 até 18/03
28/03 até 02/04

Principal Diferença entre macho e fêmea: estrutura que cobre o abdome da fêmea é arredondada. 



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //