Saúde

Analgésicos para dor nas costas pode causar disfunção erétil

Dor


16/05/2013



 
Disfunção erétil é a dificuldade, durante um período superior a seis meses, em obter ou manter a ereção na relação sexual. Quando ela ocorre, geralmente há algum motivo, psicológico ou orgânico, por trás, levando à perda da rigidez nas ereções, à diminuição do tempo de ereção ou, em casos mais graves, à incapacidade de se ter uma ereção. Agora, um novo estudo, publicado dia 15 de maio pela versão online do periódico Spine, descobriu mais uma causa para a disfunção erétil. Segundo pesquisadores do Kaiser Permanente Center for Health Research, nos Estados Unidos, o uso regular de medicamentos opioides para tratar a dor nas costas está associado à disfunção erétil.

De acordo com o U.S. Centers for Disease Control and Prevention’s Mortality and Morbidity Report, a prescrição de analgésicos opioides quadriplicou entre 1999 e 2010. Outro estudo recente publicado no periódico Pain estimou que cerca de quatro milhões de adultos usam opioides regularmente. Os princípios ativos hidrocodona, oxicodona e morfina são os mais comuns.

Para este estudo, foram identificados 11.327 homens norte-americanos que visitaram seus médicos durante o ano de 2004. A pesquisa examinou o histórico de prescrição de remédios nos seis meses anteriores e posteriores à visita médica que identificou a dor nas costas. O intuito foi identificar quando medicações para disfunção erétil e reposição de testosterona foi associada aos opioides.

A divisão de grupos feita na pesquisa seguiu a seguinte classificação:

-"Nenhum" para homens que não consumiram analgésicos opioides;

– "Agudo" para homens que usaram a medicação por três meses ou menos;

– "Episódico" para homens que tomaram os remédios por mais de três meses e menos que quatro meses e usaram menos que 10 refis.

– "Longo termo" para homens que tomaram opioides por (a) pelo menos quatro meses (b) mais que três meses com consumo de mais de 10 refis.

Qualquer dose acima de 120 mg foi considerada alta.

Mais de 19% dos homens que tomaram altas doses de opioides por pelo menos quatro meses também receberam medicações para disfunção sexual ou reposição do hormônio testosterona. Mais de 12% dos homens que tomaram baixas doses de opioides (menor que 120 mg) por pelo menos quatro meses também receberam medicações para disfunção sexual ou reposição do hormônio testosterona. Menos de 7% dos homens que não tomaram opioides receberam medicações para disfunção sexual ou reposição do hormônio testosterona.

Os pesquisadores também detectaram que a idade foi o fator mais significante associado ao uso de medicações para disfunção erétil. Homens com idade entre 60 e 69 anos estavam 14 vezes mais propenso a receber uma receita de medicação para disfunção erétil em comparação com homens com idade entre 18 e 29 anos.

Outras condições de saúde, como depressão e uso de medicação sedativa derivada dos benzodiazepínicos, também estavam ligadas ao uso de medicação para disfunção erétil. Mesmo depois de considerar todos esses fatores, os pesquisadores concluíram que o uso de opioides em longo prazo está ligado à prescrição de medicação para disfunção erétil.

Segundo os pesquisadores, o achado não significa que os opioides causem disfunção erétil, no entanto, deve chamar atenção de médico e paciente para a decisão de usar ou não opioide no tratamento de dor nas costas. De acordo com os cientistas, não há dúvidas de que há casos em que o uso de opioides é indicado, no entanto, há evidência crescente de que o uso prolongado pode causar vício, apneia do sono, overdose fatal, ocorrência de quedas na velhice, redução da produção de hormônios e, agora, disfunção erétil.

Evite erros ao tratar uma dor crônica

O descaso com a origem de uma dor é uma das principais razões para que o problema afete tanta gente. "Muitos pacientes não buscam tratamento quando a dor ainda é um problema discreto, contribuindo para que ela se agrave a ponto de, em alguns casos, se tornar insuportável", afirma o neurologista José Geraldo Speciali, da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor (SBED). O erro grave, no entanto, vem acompanhado de outros. Confira, e evite-os, a seguir.

Esperar a dor passar

"Toda dor é um alerta que o corpo manda para manter sua integridade – uma dor aguda no peito, por exemplo, pode indicar um infarto", afirma o neurologista José Geraldo. Ao entender os sinais que o organismo dá e procurar ajuda, você pode evitar o agravamento da dor e o surgimento de lesões mais sérias. No entanto, existem dores – as crônicas, que não têm essa função de alerta – com as quais é preciso, além de tratar, conviver. É o caso das artroses e da artrite reumatoide.

Não se exercitar

Aquela dorzinha chata te faz evitar exercícios físicos? Você não é o único. A cinesioterapeuta Mariana Schamas, do grupo "Pare a dor", de São Paulo, explica que atualmente as pessoas têm muito medo de praticar exercícios físicos quando sofrem alguma dor. "Evitar o movimento quando existe uma dor faz com que a musculatura mais próxima à região dolorosa – e em alguns casos os músculos mais distantes – acabe tensionada", explica a especialista. "Uma dor no quadril pode gerar tensão na lombar e até uma dor de cabeça, por exemplo". O movimento ajuda a tratar, cuidar e prevenir esse desconforto – ele restabelece o equilíbrio articular, lubrifica as articulações e fortalece a musculatura. O exercício deve ser leve, específico para a área atingida, progressivo e individualizado.

Pular a fisioterapia

Ir pelo menos três vezes por semana para a clínica, passar uma hora lá e ter que esperar algumas semanas até sentir os resultados. Fazer fisioterapia nem sempre é fácil, mas pode ser a solução que você precisa. O neurologista José Geraldo Speciali explica que muita gente acaba optando por uma pílula – ou até mesmo por uma cirurgia – como uma solução rápida para a dor. "Essa escolha pode causar prejuízos desnecessários ao organismo, já que o tratamento não medicamentoso ameniza a dor sem sobrecarregar órgãos como os rins e o fígado", conta o especialista. "Tomar alguns tipos de medicação anti-inflamatória por muito tempo, por exemplo, pode levar à lesão dos rins e fígado e anemia grave". Se essa for a recomendação dos profissionais que acompanham seu caso, vale a pena trocar o remédio pelo exercício.

Evitar tratamentos complementares

Você acha que meditação é balela? Pois saiba que atualmente há evidências que esse método pode ajudar a amenizar a dor. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) analisaram 500 estudantes que nunca haviam meditado. Os participantes fizeram um treinamento de 20 minutos da prática, durante três dias consecutivos, e depois, foram submetidos a testes com choques elétricos. Os resultados, publicados no The Journal of Pain, apontaram que a meditação ajudou a aliviar a dor, mesmo que os estudantes fossem iniciantes. Outra boa aliada é a acupuntura – nessa terapia, quando certos pontos do corpo são estimulados, ocorre a liberação de neurotransmissores naturais no organismo. O estímulo faz com que substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar, como a endorfina e a serotonina sejam liberadas, equilibrando o funcionamento do corpo e aliviando dores.


Automedicar-se

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, treze milhões de brasileiros apresentam dores de cabeça diariamente. Acreditando que essas crises são normais, muitos tomam analgésicos por conta própria: aumentam as doses, depois trocam de marca, pedem dicas para amigos, parentes e balconistas de farmácia sobre analgésicos mais potentes. Quando chegam ao especialista, a dor já é diária e a lista de analgésicos que já não resolvem mais é grande. "O organismo vai se acostumando ao medicamento de uso contínuo e perde, cada vez mais, seus próprios mecanismos de regular a dor", explica a neurologista Thaís Villa, da Sociedade Brasileira de Cefaleia. "Sem o analgésico a dor vem mais forte, e mais analgésico precisa ser utilizado, é um círculo vicioso e perigoso". Para tratar adequadamente a enxaqueca, o paciente deve consultar um médico que vai fazer a "desintoxicação", ou seja, todos os medicamentos usados serão suspensos, dando lugar ao tratamento feito com medicações chamadas preventivas, que evitam dores tão frequentes e intensas.

Ir a muitos especialistas

Além de ser extremamente desgastante, ir a diversos especialistas e fazer todo tipo de exame demanda tempo e dinheiro. O neurologista José Geraldo explica que algumas formas de dor crônica sequer manifestam-se em exames, por isso dificilmente são detectadas. "Um profissional familiarizado a elas – como um especialista em dor – tem formação específica para entender o problema", conta. Por isso, procure primeiro um profissional que entenda a doença e faça o encaminhamento correto.

Mudar o tratamento por conta própria

Caso você tenha dúvidas ou sugestões para o seu tratamento, converse com o seu médico, não tome atitudes sozinho. O profissional sabe quais medicamentos podem ser usados por longo tempo sem prejudicar seu organismo. "Ao decidir abandonar um tratamento por conta própria, mesmo que ele esteja no final, o paciente está jogando fora tudo o que foi feito", explica José Geraldo Speciali.



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