Entretenimento

Ana Elisa Ribeiro lança livro dia 27 na Budega Arte Café


19/08/2018



No próximo dia 27 de agosto, às 19h, acontecerá um lançamento da Relicário Edições na Budega Arte Café. Trata-se do livro Álbum, da poeta mineira Ana Elisa Ribeiro. Vencedor do prêmio Manaus 2016, na categoria poesia, o livro é uma coleção de poemas sobre o tema da fotografia, tanto as imaginárias quanto as que estão realmente em seus álbuns de família. Os versos carregam reflexões sobre o gesto de fotografar, o tempo, a memória, o esquecimento, a impermanência e o resgate (por vezes ficcional) proporcionado pelas fotografias.

O livro está dividido em 4 partes: “Desenhar com luz”, “Caixa de fotos”, “Desfotografias” e “Dublê de fake”. A primeira parte tematiza o gesto do fotógrafo, a preparação, a luz, o momento exato e oportuno do clique; a segunda parte reúne poemas que se detêm nas cenas fotografadas, as memórias de família, os álbuns organizados e as fotografias dispersas, o visível e o invisível que nelas comparece. A terceira parte reúne poemas de caráter metapoético, reflexões sobre o tempo e o embaralhamento de fotos reais e fictícias. A quarta e última parte traz o fenômeno contemporâneo das fotografias digitais, das virtualidades e das fotos que já nascem esquecidas.   

Orelha do texto de orelha de Luis Alberto Brandão (escritor e professor da Letras/UFMG):

“Todas as fotos deste Álbum estão à espera de serem reveladas. Por você, leitora. Por você, leitor. À espera de um olhar disposto a indagar as condições do visível. De quais formas uma imagem se torna palavra? Ou deixa de se tornar? Ou cria zonas híbridas? De quais modos palavras geram imagens? Perguntas assim se deixam generosamente suscitar neste livro ao mesmo tempo denso e leve, provocativo e terno, opaco e luminoso. Os poemas-fotos que aqui você revelará são de vários tipos. Há fotos de família, amigos, amores, sim, mas sempre no limite indecidível entre o que se reconhece e o que se estranha, entre trivialidade e espanto, registro e desaparecimento, entre o que fulgura e o que se desfoca. E também há fotografias apagadas, esquecidas, não tiradas. E há fotos de fotos. E fotos em que, ambiguamente, o objeto da foto é quem fotografa. Ana Elisa Ribeiro é uma instigante desfotógrafa: inclui no álbum o que fica de fora da foto, o que não se enquadra, seleciona fotos do que não pode ser fotografado, fotos que não são fotos ‒ ou que não se sabe ao certo o que são, pois o não-saber faz parte de sua matéria instável, composta de memória e esquecimento, espontaneidade e pose, verdade e invenção, violência e afeto, sopro de vida e prova de morte ‒ composta de tempos, da matéria tempo. A ausência que vibra nessas fotos-poemas é o que nelas há de mais presente. Desejo de permanência se alimentando de transitoriedade. Força se alimentando do que há de mais frágil. Encontros se refazendo a partir de despedidas. Mas atenção, leitora, leitor: as perguntas que essas fotos sugerem não são exatamente perguntas. Porque acontecerão como experiências sensíveis. Porque você será convidada, você será seduzido a tocar essas fotos. Com suas mãos, sim. Com seu corpo inteiro, sim. Venha tocá-las e crie, a partir delas, uma narrativa de sensações. Toque cada uma para saber se está borrada ou nítida, se é um objeto concreto ou meros vestígios, fantasmagorias. Venha, agora, sentir o grão ‒ áspero? delicado? impalpável? ‒ de cada uma.

Venha, sim, leitora, leitor, tocar cada foto para revelá-la. Para se inserir nela, fundir-se a ela. Tornar-se a própria foto.”

Poema que ilustra a contra-capa do livro:

PRENHEZ

estava grávida
naquela foto

o filho

não chegou

a nascer

a foto

nos mantém

à sua espera

Sobre a autora:

Ana Elisa Ribeiro, 1975, é mineira de Belo Horizonte. Autora de Poesinha (BH, Pandora, 1997), Perversa (SP, Ciência do Acidente, 2002); Fresta por onde olhar (BH, InterDitado, 2008), Anzol de pescar infernos (SP, Patuá, 2013), Xadrez (BH, Scriptum, 2015), Marmelada (BH, Coleção Leve um Livro, com Bruno Brum, 2015), Por um triz (BH, RHJ, 2016). Além desses livros de poesia, tem outros de crônica, conto e infantojuvenis publicados por diversas editoras brasileiras. Participou de antologias, revistas e jornais no Brasil, em Portugal, na França, no México, na Colômbia e nos Estados Unidos. É doutora em Linguística Aplicada pela UFMG, professora e pesquisadora de Edição no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).  

Sobre a editora:

Criada em 2013 pela editora mineira Maíra Nassif, a Relicário Edições possui duas linhas editoriais distintas: 1) a de literatura brasileira e estrangeira e 2) a de teoria, voltada para publicações nas áreas de estética/filosofia da arte, crítica e teoria literária. Em 2017, a linha editorial de literatura ganhou força, com a publicação de “Como se fosse a casa”, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (vencedor do Prêmio Bravo! de Melhor Livro de 2017); “A retornada”, de Laura Erber (que ganhou uma tradução para o albanês) e “Jamais o fogo nunca”, de Diamela Eltit (com tradução de Julián Fuks e que foi lançado na FLIP 2017). A editora prepara para maio/2018 dois livros da poeta argentina Alejandra Pizarnik: “Os trabalhos e as noites” e “Árvore de Diana”, com apresentações de Ana Martins Marques e Marília Garcia, respectivamente. Algumas de suas obras já publicadas são: “Literatura de esquerda”, de Damián Tabarovsky; “Jean-Luc Godard: história(s) da literatura”, de Mauricio Salles Vasconcelos; “Antiga musa (arqueologia da ficção)”, de Jacyntho Lins Brandão e “A vida porca” do autor argentino Roberto Arlt.



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