Política

Amor e ódio: Sessão da CMJP com Bolsonaro tem quebra-quebra e aplausos

na CMJP


20/11/2015

{arquivo}Um mix de amor e ódio. Assim foi a passagem do polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na tarde desta sexta-feira (19). Ele participou de sessão especial para discutir “O momento político atual”. A propositura foi da vereadora Eliza Virgínia (PSDB). A presença do parlamentar polarizou opiniões a favor e contra alguns dos seus posicionamentos. Aliados e oposicionistas vieram à Câmara se manifestar.

Militantes ligados a movimentos sociais e a partidos de esquerda foram impedidos de entrar na Câmara para protestar. Algumas pessoas infiltradas no processo foram flagradas com paus e pedras. A porta de vidro de entrada da Casa de Napoleão Laureano chegou a ser quebrada.

Eliza Virgínia justificou que propôs a sessão para discutir a política do país livremente, sem medo de rótulos. “Estamos vivendo um momento em que as minorias nos rotulam, mas, aqui (na sessão) poderemos dizer o queremos e o que pensamos sem medo de sermos rotulados. Não podemos ser doutrinados pelo Movimento LGBT. Não queremos cotas para professores homossexuais. Queremos igualdade entre homens e mulheres, sem deixar de preservar as diferenças”, defendeu a vereadora.

O vereador Bruno Farias (PPS) defendeu que “uma Casa Democrática deve ser a síntese do pensamento político da cidade” e que a democracia prevaleceu no momento em que o requerimento que solicitava a sessão foi aprovado. “A democracia venceu neste Plenário como deve vencer nas ruas deste país”, disse. Lucas de Brito (DEM) reforçou que a realização da sessão era “um momento importante para democracia do país”. “Uma Casa Legislativa que se preze tem que abrir os microfones para ouvir. Esse é o cenário da democracia e da tolerância: poder falar e ser ouvido. Sempre lutarei para defender o direito de se dizer o que se pensa”, defendeu. A vereadora Raíssa Lacerda (PSD) falou da satisfação de ter a presença do deputado Bolsonaro na CMJP.

O representante da “Direita Paraibana”, Julian Lemos, exaltou o trabalho de Bolsonaro. “O Senhor é o símbolo da resistência, da coragem e da honestidade, e demonstra que vale a pena fazer política sendo honesto”, afirmou. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho de Jair Bolsonaro, defendeu a redução da maioridade penal, a luta contra o estatuto do desarmamento e o fim dos “milhões que são reservados para as Organizações Não Governamentais (ONGs)”.

Bolsonaro usou a tribuna para agradecer a forma carinhosa que foi recebido pela cidade, e opinou sobre o cenário político brasileiro atual e legislação destinada às minorias. “As leis existem para proteger as maiorias, e as minorias têm que se curvar à maioria, porque, se formos defender as minorias, teremos que defender os pedófilos. O Movimento LGBT é uma vertente deste Governo do PT que quer se perpetuar no Poder. Hoje ainda gozamos de um pouco de democracia e podemos dar graças a Deus pelo Petrolão e pelo Mensalão, se não, teríamos o José Dirceu como presidente. O capitão do PT está na cadeia, mas o capitão da direita esta aqui”, disse.

Jair Bolsonaro aproveitou a oportunidade para tentar esclarecer algumas de suas declarações, muitas delas consideradas polêmicas. Ele afirmou que não é racista, mas que é contra as cotas; e sobre as mulheres receberem um salário menor do que o dos homens ele alegou que se referia a uma pesquisa do IBGE. Sobre a polêmica com a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), Bolsonaro afirmou que ela estava defendendo um estuprador, por ser menor, e então ele “deu o troco com uma declaração infeliz”. O deputado ainda afirmou que as reservas indígenas do Brasil só existem em áreas valiosas.

Protestos
A presença do deputado Jair Bolsonaro atraiu diversos manifestantes, que protestaram contra alguns dos seus posicionamentos e declarações.

"Viemos para cá por entender que esse sujeito é contra a democracia, contra os princípios democráticos. Ele é a favor do golpe militar e da volta da ditadura, o que é um absurdo. Ele só é deputado graças ao processo de redemocratização em nosso país. Estamos aqui presentes, as forças vivas do nosso estado, indígenas, LGBTs, mulheres, estudantes, todo mundo que acredita que o país precisa avançar está aqui hoje, porque esse sujeito representa o retrocesso", comentou o representante da Reforma Política, Cleyson Melo.

Já a representante do Levantamento Popular da Juventude destacou que Bolsonaro faz um desserviço a sociedade. "Nós, enquanto mulheres organizadas da juventude, entendemos que é preciso denunciar o desserviço que ele faz à política brasileira. O povo paraibano, as mulheres, a juventude, os índios, os movimentos sindicais estão aqui hoje pra fazer essas denúncias: temos que defender a democracia e não pedir a volta da ditadura; temos que acabar com a violência contra as mulheres e não incentivar o estupro no nosso país. Por isso que nos somamos ao povo paraibano para repudiar o que Jair Bolsonaro representa na política", destacou.

"A juventude LGBT do nosso país está sendo exterminada com posicionamentos de ódio como o dele. Estamos vivendo uma cultura de ódio no nosso país, onde os LGBTs são assassinados e assassinadas. Não podemos permitir que a democracia não seja cumprida", enfatizou uma representante do Movimento LGBT, Maria Medeiros.
O cacique do Povo Tabajara, Paulo Tabajara, reivindicou o respeito aos povos indígenas. "Viemos dizer para ele é que não estamos de acordo com o que ele diz. Somos contra a maneira que ele se comporta contra os menos favorecidos do estado brasileiro. Nós devemos ser vistos como gente, e não como bichos como ele diz", exigiu.
 



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