Educação

Alunos da Universidade Estadual do Ceará acusam instituição de racismo


20/07/2013



Um grupo de estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) acusa a instituição por racismo devido a uma questão do Censo Discente 2013, cujo objetivo é levantar o perfil socioeconômico e cultural dos 18 mil alunos da Uece. A questão "Você concorda que a qualidade dos cursos será prejudicada com a entrada de alunos negros?" gerou críticas de alunos. O caso foi denunciado em redes sociais e estudantes pedem a retirada da pergunta do questionário.

"Uma universidade não pode levantar essa dúvida. Só em perguntar se negros vão reduzir a qualidade do ensino você põe em questão a capacidade das pessoas negras. Todos nós sabemos que isso é um absurdo. A Uece não pode levantar essa questão", defende o estudante Tiago Melo, de 22 anos, que compartilhou a reclamação no Facebook.

A instituição nega a prática de racismo e afirma que as questões são necessárias para captar a opinião do estudantes sobre as cotas universitárias. Os estudantes, por meio do perfil da Uece no Facebook, afirmam ainda que a pesquisa apresenta muitas “falhas/bugs” e a classificam como “grosseiras” as perguntas relativas à cotas sociais.

Em nota oficial divulgada no perfil e no site da instituição, a Uece afirma que “as questões 26 a 33, referentes às opiniões quanto ao sistema de cotas raciais e sociais na universidade, têm o propósito de captar a compreensão dos aluno/as da Uece quanto aos argumentos que norteiam sua opinião eventualmente favorável ou desfavorável ao sistema de cotas nas universidades.”.

A instituição afirma estar discutindo modalidades de incorporação do Enem, de integração ao Sisu e de adoção das cotas de inclusão. “Nossa preocupação é como praticar estes dispositivos democráticos nas condições da Uece”, destaca a instituição, esclarecendo a necessidade de conhecer inclusive as opiniões mais polêmicas sobre as práticas.

Parte dos estudantes discorda da posição da universidade e pede que a questão seja retirada do questionário. "Não podemos responder esse tipo de pergunta. Ela deve ser retirada já", defende a aluna Taís Martins, em redes sociais. "A posição da universidade não justifica, ela [a pergunta sobre cotas] tem que ser retirada, e a Uece tem que pedir desculpa", afirma Tiago Melo.

“A metodologia adotada na construção desse instrumento levou em consideração a importância de expressar diferentes opiniões, mesmo que polêmicas, sobre temas que ainda não têm unanimidade na realidade brasileira, como o sistema de cotas no ensino superior, possibilitando que os aluno/as expressem os diferentes posicionamentos e argumentos", defende a Uece.



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