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Alinne posa sexy: ‘Prefiro ficar com meu filho a ir à academia”


29/03/2019



Alinne Moraes tem tentado driblar o tempo. Desde setembro passado, a atriz, de 36 anos, se desdobra para dar conta de dois papéis de destaque em Espelho da Vida, trama das seis na qual interpreta Dora e Isabel (a história de Elizabeth Jhin se passa no passado, 1930, e no presente), e a rotina de mãe de  Pedro, de 4, e mulher do cineasta, roteirista e músico Mauro Lima, de 51. “Ontem, por exemplo, foi um dia em que gravei de Dora, depois me transformei em Isabel, voltei para Dora e me transformei em Isabel de novo. É quase esquizofrênico (risos). Se está uma correria e não me olho no espelho, me atrapalho com as personagens. Mas é divertido me arrumar rápido e entrar em cena”, conta ela, durante uma raríssima brecha nas gravações da última semana da novela. Mesmo na reta final da trama – que chega ao fim na próxima segunda-feira (1) -, Alinne continua gravando sem parar. “Está uma correria, estamos gravando cenas secretas e fazendo vários finais, está puxadinho”, entrega.

Apesar do dia a dia corrido e das viagens para gravar a trama em Mariana, Tiradentes, Ouro Preto e Carrancas, em Minas Gerais, Alinne não tem do que reclamar. “Como sou a única do elenco com filho pequeno, pedi, se fosse possível, para gravar as minhas cenas em dois dias e voltar para o Rio. Então gravava dois dias lá e dois dias no Rio. Assim ficou bem mais leve para mim. Acredito que se nossa vida particular está boa, todo resto vai bem. Preciso estar 100% no trabalho e dessa forma foi incrível”, elogia ela, acrescentando que amou a oportunidade de viver duas vilãs. “Essa montanha-russa de emoções é maravilhosa para uma atriz. Tudo é possível, a vilã não se encaixa em nada, não é ajustada nessa caixinha do óbvio, da boa moça”, justifica.

Com a sensação de dever cumprido, Alinne já sabe o que vai fazer depois que gravar a última cena de Espelho da Vida. “Quando a novela terminar, vou ficar de férias, focada no meu pequeno. Vou jogar todas as minhas fichas e pedir de joelho para fazer Detetives do Prédio Azul – nem que seja uma ceninha. Meu marido que vai dirigir e estou aqui pedindo trabalho para ele (risos). Quero fazer, pelo amor de Deus! O Pedro ama DPA! Vou aproveitar que o pai também está fazendo e pedir um papel. Vai ser uma brincadeira!”, planeja.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

TRABALHO DOBRADO
“Fazer dois papéis numa mesma novela é muito desafiador. Às vezes gravo como Dora de manhã, depois me caracterizo como Isabel, gravo, e à noite volto a gravar como Dora. Em Além do Tempo (2015), também interpretava duas personagens, mas primeiro foi contada uma história, os personagens morriam e depois era uma outra vida. Já em Espelho da Vida, há mais diferenças. Por mais que seja a mesma personagem em 1930 e na atualidade, Dora e Isabel são muito diferentes, principalmente nas sutilezas. Às vezes, estou vestida de Isabel e falando como Dora, com as ingenuidades e a sensibilidade da personagem. E o oposto também acontece. Então falo: ‘peraí, vamos voltar a gravação porque fiz a Isabel aqui’. Esse foi o meu maior desafio”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

PASSADO E PRESENTE
“Ontem, por exemplo, foi um dia em que gravei de Dora, depois me transformei em Isabel, voltei para Dora e me transformei em Isabel de novo. É quase esquizofrênico (risos). Se está uma correria e não me olho no espelho, me atrapalho com as personagens. Mas é divertido me arrumar rápido e entrar em cena. No começo da novela foi mais desafiador porque tive muitos momentos como Isabel e fui entrando devagar na história da Dora. Na reta final entrei no clima”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

VÍTIMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS
“Se pensar que a alma vai evoluindo, vejo a Dora como vítima das circunstâncias, principalmente da mãe, a Grace (Patrycia Travassos), que por mais sensitiva que fosse em 1930, fala umas verdades muito duras para a filha, acaba com todos os sonhos dela, diz que ela não é capaz, que nunca vai ter o futuro que sonha. Então, a Dora vai se tornando muito amargurada, invejosa, não tem muita ajuda, começa a optar por uns caminhos ruins e acaba se tornando a pessoa amargurada que vemos na outra vida, que é a Isabel. A Isabel é mais velha, mais madura, tem uma filha, a Priscila (Clara Galinari), já fez muitas maldades, é uma pessoa muito rancorosa e egoísta, que só olha para o próprio umbigo. São duas personagens que se completam, mas uma, digo que está se tornando vilã, e a outra já é vilã doentia, de mão cheia”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

VILANIA
“Fazer duas vilãs é maravilhoso porque o vilão não está naquele estereótipo do bem, das coisas bondosas, ele não está estigmatizado dentro dessa caixinha, em que é mais difícil para o ator usar suas ferramentas de trabalho. Com uma vilã tudo é possível. Ela pode estar louca, com raiva, ter momentos de lucidez, ser verdadeira, mentir com a cara mais lavada do mundo. Essa montanha-russa de emoções é maravilhosa para uma atriz. Tudo é possível, a vilã não se encaixa em nada, não é ajustada nessa caixinha do óbvio, da boa moça”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

MENTIRA COM VERDADE
“Geralmente, quando o ator que está interpretando uma maldade, ele mostra para o telespectador. E acredito que o telespectador não é burro, principalmente no Brasil, onde fazemos novela como ninguém. O público já conhece muito os personagens. Em ‘Espelho da Vida’, decidi mentir com verdade. Acredito que muitas pessoas fazem isso na vida, infelizmente. De tanto mentir acabam acreditando na própria mentira e ela se torna verdade. Nunca interpreto a personagem mentindo para o telespectador. No começo da novela, falei: ‘quero que alguém que esteja batendo ovo na cozinha, ao passar e ver uma cena da minha personagem, se questione: ‘ué, mas ela não é a vilã? Ou é a mocinha? Não estou entendendo’. Porque isso acontece na vida, encontramos várias pessoas que achamos que são de um jeito e depois descobrimos que são outras pessoas. Falei: ‘vou tentar não lidar com o óbvio’”.

TEMÁTICA ESPÍRITA
“Como atriz tenho que usar os sentimentos e sensações que tenho em mim. Não necessariamente vou acreditar no tema, na história central. Não é o que me identifico e acredito. Já acreditei mais, minha família é católica. Tive um momento que gostei muito de budismo, quando fiz minha primeira peça, ‘Dhrama – O Incrível Diálogo entre Krishna e Arjuna’ (2007). Acho que o brasileiro tem um pouco de tudo, somos uma mistura de tudo. Para mim, a religião está dentro de cada um porque somos todos diferentes. Nós acreditamos nas nossas crenças. A partir do momento em que acredito em tudo, se uma religião é baseada numa coisa certa, não acredito em nada. Acredito no que acredito, baseado nas minhas convicções. Hoje minha convicção é ter fé. Se fizer o bem hoje, vou colher o bem amanhã. Acho que a empatia é uma coisa muito importante, se colocar no lugar do outro. Na adolescência, acreditava mais, tinha aqueles questionamentos: ‘de onde vim?, para onde vou?’. Hoje a minha vida é tão agitada que não tenho tempo para pensar o que vai ser depois, não me interesso muito. Talvez mude, mas não acredito”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

MOMENTOS DIFÍCEIS
“Quando não estou bem, fico mais em casa, me fecho com a minha família, choro, abraço, faço terapia, tenho o apoio das pessoas que amo. Quando estava fazendo a peça ‘Dorotéia’ (2012), estava pensando muito sobre qual era a minha religião, se necessariamente precisava ter uma ou acreditar em alguma coisa. Todo dia, antes de entrar no palco, rezava muito. E colocava tudo nas mãos de Deus. Mas entrava no palco muito insegura porque acreditava que Ele ia fazer tudo por mim. E às vezes errava muito. Teve um dia em que falei: ‘e se eu não rezar?’ E foi uma apresentação fantástica porque quando vi que não dependia de ninguém, só de mim mesma, me veio uma força, não sei de onde, e fiz a minha melhor encenação”.

ROTINA PUXADA
“Quando fui chamada para a novela, fui uma das primeiras a fechar. Quando recebi o texto e já estava decorando e decupando – sou bem caxias com isso (risos) – o Pedro (Vasconcelos, diretor artístico de Espelho da Vida) me chamou para conversar e disse que estava pensando em gravar a novela em cidades mineiras para ficar com uma pegada mais real e de cinema. A única coisa que pedi para ele foi que não ficasse uma semana direto como o pessoal fica. Como sou a única do elenco com filho pequeno, pedi, se fosse possível, para gravar as minhas cenas em dois dias e voltar para o Rio. Então gravava dois dias lá e dois dias no Rio. Assim ficou bem mais leve para mim. Acredito que se nossa vida particular está boa, todo resto vai bem. Preciso estar 100% no trabalho e dessa forma foi incrível”.

ADAPTAÇÃO
“O Pedro vai fazer cinco anos em maio e já tem a rotina e os amigos dele. Quando ele era menor, ainda era solitário, precisava mais do pai e da mãe. Agora ele já preenche o dia dele, então a adaptação dele à minha rotina de gravação foi bem tranquila. Uma coisa boa é que o Mauro, quando não está no set, filmando, acaba trabalhando de casa, porque ele também é roteirista, e isso facilita muito. Os pais do Mauro já faleceram, meu pai (Luís Orlando) já faleceu e minha mãe (Ana Cecília) mora em Sorocaba e vem sempre que pode para o Rio. Mas não temos ninguém, suporte nenhum. Sou filha única. Por isso, desde os três meses do Pedro, temos uma babá que nos ajuda e que a qualquer momento pode estar junto”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

MATERNIDADE
“Sempre fui muito responsável, mas sozinha é tão diferente. A responsabilidade aumentou depois que me tornei mãe. E junto com a responsabilidade veio o medo de errar e de acontecer alguma coisa ruim. Lembro que antes de ser mãe, dispensava dublê em cenas de aventura, subia em prédio, em árvore, pegava cavalo mesmo sem saber andar direito. Era solitária, menina aventureira. Com a chegada do Pedro, fiquei um pouco mais medrosa em alguns aspectos. Acho que isso vem junto com a responsabilidade, é normal. E acho que venho aprendendo a ser mãe, ele vem me ensinando muito. Junto com essa mãe veio uma nova mulher. Mudei muito: ‘minha visão, os valores que dava para as coisas e para as relações, para as amizades, para o trabalho’. Minha vida é sempre pensando muito no Pedro. Desde que ele nasceu, pedi para fazer novelas das seis e das sete porque são mais calmas do que as novelas das nove. Minhas escolhas foram baseadas nele e não na minha visibilidade como atriz, num projeto de carreira, nada disso. Meu filho é meu foco, meu tudo”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

SEGUNDO FILHO
“Nunca digo nunca, mas o Mauro e eu não programamos outro filho. Estamos muito felizes com o Pedro. Não ter outro filho não é um grande problema para mim porque minha mãe e eu somos filhas únicas, para mim é muito normal, natural, não sei o que é ter um irmão. Acho que nesse momento, para a família, já nos completamos tanto que não planejamos outro filho, principalmente por causa do jeito como o mundo está. É necessário pensar sobre isso. Está muito difícil, as próximas gerações têm muitos deveres”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

FUTURO DO PEDRO
“O mundo está tão cruel, com tanto ódio das diferenças, que tento passar para o Pedro que ele tenha empatia pelos amigos, que entenda as diferenças das pessoas, que saiba respeitar. Ele gosta de trazer as pessoas para ele, de fazer grupos, não isola ninguém. Se algum amiguinho faz bullying, por mais que ele tenha só quatro anos, ele tenta ajudar para que fiquem amigos de novo. Então acho que isso já é o necessário para o mundo: um pouquinho de amor e empatia com as diferenças. Não podemos fechar os nossos olhos: ‘ah, não existe’. Existe preconceito, as pessoas não são todas iguais. Temos que olhar, entender e escutar o outro. Porque não somos todos iguais e podemos nos completar e ser mais fortes juntos. Acho que o Pedro já entendeu isso”.

MENINOS VESTEM ROSA, SIM! 
“O Pedro, quando era menor, gostava muito de cores chamativas. Lembro que teve uma época que ele amava rosa e vermelho. E aí ele chegou um dia da escola e falou assim: ‘mamãe, não gosto do rosa’. E perguntei: ‘por quê, filho?’ E ele falou assim: ‘porque sou menino, ué! Só menina gosta de rosa’. E falei: ‘não, meu amor! Não é só menina que gosta de rosa. Não quer dizer que você é menino ou menina porque gosta de uma coisa ou de outra, isso não existe. Se você gosta de rosa tudo bem, pode usar rosa’. Depois passou e vi que isso veio de fora e não de dentro de casa. Mas é natural também esse questionamento, eles estão se conhecendo, tentando entender”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

EM TERAPIA
“Faço terapia em momentos muito precisos, no mês em que estou mais sensível, precisando conversar, porque acho também que por mais que resolva muita coisa com família e amigos, nada substitui um terapeuta. Para mim, ator sem terapeuta é a mesma coisa que jogador de futebol sem fisioterapia. Precisamos porque trabalhamos com emoções. Tenho fases e fases. Às vezes vou, dou uma conversadinha, aí ele me diz se preciso de mais duas sessões, de um mês. Mas nunca mais voltei. Fiz durante seis anos. Foi na minha adolescência e foi muito importante para eu poder entender quem eu era de fato, o que era minha mãe, saber as diferenças, poder existir de verdade, me perguntar o que eu realmente gostava, o que eu queria. E entender um pouco mais sobre a minha vida, sobre a ausência do meu pai, como lidar com isso, que falta fez. Para mim, todo ser humano precisa se conhecer para poder se aceitar e evoluir esse sentimento de amor e generosidade e carinho consigo mesmo. Se você tem um olhar obscuro sobre você, vai ter sobre todas as outras pessoas e sobre o mundo”.

TRAJETÓRIA 
“Sou muito grata por tudo o que aconteceu na minha vida, agradeço muito por todas as pessoas que passaram nela. Acho que somos um pouquinho de cada pessoa com quem convivemos, trazemos essas pessoas dentro de nós. Então sou grata pelos acontecimentos, mas sou muitíssimo grata à minha mãe por ter visto um futuro em mim. Ela deu um tiro no escuro, realmente acreditou que eu pudesse ser modelo aos 13 anos. Minha mãe era funcionária pública e foi mãe solteira muito jovem. Nunca tínhamos pegado um avião na vida, nunca tinha ido para São Paulo e fomos. Ela pegou o telefone de todas as agências de modelo e fiz entrevista em várias. Acabei ficando na Elite e nos mudamos para São Paulo. Com 14 anos, eu já estava no Japão. E minha mãe largou tudo para estar do meu lado. Ela é uma puta guerreira, sempre me deu tudo. Tudo que sou hoje é por causa das oportunidades que ela não deixou escapar”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

OPORTUNIDADES
“Meu sonho e da minha família era ter um apartamentinho próprio. Me tornei modelo porque queria ter uma vida boa, digna. Não que não tivesse antes, mas queríamos ter a nossa casinha. Minha mãe sempre cuidou dessa parte financeira, principalmente na minha adolescência, então ela ia juntando o dinheirinho e falava: ‘Alinne, é para o seu futuro, para você ter tudo o que não consegui ter’. Aproveitamos todas as oportunidades com muita serenidade e foi incrível porque as coisas foram se conduzindo. Trabalhei até os 17 como modelo, comprei nosso apartamentinho, e tinha acabado de voltar de uma viagem a Paris quando o Alexandre Avancini foi na agência atrás de um rosto novo para fazer Presença de Anita. Na época, a agência era dividida em modelos que eram comerciais, que eram atrizes, e modelos normais. Quando cheguei, foi aquele alvoroço. O Avancini estava terminando o teste com as meninas e falou: ‘olha, que menina linda! Você também é atriz?’ Falei: ‘não, não’. Entreguei um composite meu para ele e passou. Logo depois ele escolheu a Mel Lisboa para o papel principal de Presença de Anita”.

CORAÇÃO DE ESTUDANTE
“O Ricardo Waddington estava fazendo Coração de Estudante e estava querendo caras novas para poder fazer a novela. Na época, o Alexandre Avancini tinha levado meu composite e entregou para ele. Três meses depois ligaram para a minha agência falando: ‘olha, a gente está querendo testar a Aline, a Michele Birkheuer, o Paulinho Vilhena e o Rodrigo Prado’. Viemos para o Rio e todos fomos aprovados. Assim começamos nossa primeira novela”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

DE PARAQUEDAS
“Antes de Coração de Estudante, nunca tinha atuado. Era até convidada para fazer testes para comerciais de TV e tudo mais. Mas não fazia porque tinha muita vergonha. Me fotografar era uma coisa, mas quando ligava aquela câmera com a luzinha vermelha errava tudo. Tinha pânico. Até hoje tenho pânico com programa ao vivo, detesto. Para mim sempre parece um teste, parece que vão fazer uma pergunta que tenho que responder e se errar está ao vivo, e aí erro e não lembro nem qual é a pergunta, é totalmente emocional. Então demorei muito a fazer testes para comerciais de TV. E eles falavam: ‘Alinne, você está perdendo tanto dinheiro, tanto trabalho. Por que não faz?’

PRIMEIRO TESTE
“O primeiro teste que fui fazer devia ter uns 16 anos, foi para um comercial de pudim de leite moça. Passei e fiz o comercial, que ganhou prêmio e tudo. Fazia um bico gigante e virei a menina do comercial (risos). Fiz mais uns três comerciais, viajei, voltei e já estava no Projac. Para mim, era um trabalho como modelo. Ia fazer aquela novela, ia acabar e ia voltar para São Paulo. Não sabia onde estava me metendo (risos). Lembro que a primeira cena era um plano sequência com o Paulinho Vilhena e começamos a gravar às quatro da tarde. Só errei, a luz caiu e a gravação foi jogada para o dia seguinte. Lembro da cara do diretor, dos câmeras…”

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

DESÂNIMO
“Cheguei em casa e só chorava, falava: ‘não sei por que fui aceitar fazer isso’. Errei de tão nervosa que estava. Depois passou, consegui fazer, fui melhorando, me sentindo mais confortável, entendendo que não era eu, mas uma personagem. Coloquei uma máscara na minha frente, inconscientemente, e consegui fazer. Porque quando eu não tenho essa máscara da personagem, quando sou eu, é muito difícil, que é muito próximo do que acontece no programa de TV ao vivo. Ali aprendi que tenho que me aceitar como tímida. Mas gosto de brincar que tenho outra vida, que sou outra pessoa, segura, que não tem medo, que fala em público. Porque minhas personagens sempre falam muito”.

ESTREIA NA TV
“Quando Coração de Estudante estreou, lembro que estava em São Paulo. Apesar se não ter estudado Artes Cênicas, assistia muito novela e tinha um olhar crítico de fã. Quando me olhei no ar, falei: ‘caramba, não é tão mal assim’. E não foi tão mal assim que comecei a existir. Aprendi muito com a Adriana Esteves, o Fabinho (Fábio Assunção) e o Marcello Antony. Eles me ajudaram tanto nesse começo! Eles sentavam comigo para dar dicas. Depois a personagem que era pequena começou a crescer e no fim já estava gravando com a Adriana e com o Fábio. Foi uma novela muito boa!”

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

DECISÃO
“No primeiro dia de Coração de Estudante no ar, falei: ‘caramba, cadê aquela menina tímida e insegura?’ Eu era uma outra pessoa no ar. E falei: ‘quero isso na minha vida’. Foi quando comecei a fazer cursos e conheci o Antônio Amâncio. Depois ele começou a tomar conta da minha carreira junto com a da Fernanda Lima. Ele trabalhava voz e interpretação comigo porque ele sempre teve uma escola de Artes Cênicas. E aí já sabia que a única coisa que sabia fazer era ser atriz. Não consigo me ver fazendo outra coisa. Tenho empatia pelos personagens, não tenho julgamento quando faço, realmente entendo. Acho que a compreensão é a melhor coisa que um ser humano pode dar para o outro, isso é muito bom para o ator. A primeira coisa que o ator precisa ter é gostar e acreditar nos seres humanos. Digo que somos cientistas malucos, começamos a misturar: ‘esse sentimento com esse sentimento dá isso’. Precisamos conhecer muito o ser humano, por isso a terapia é tão importante”.

PRECONCEITO
“Fui recebida de braços abertos no meio artístico. Os mais velhos e veteranos sempre quiseram me ensinar porque falávamos a mesma língua. Não tinha estudo sobre Artes Cênicas, mas eles estavam me reconhecendo pelo cheiro, pelo olhar, por tudo. Foi quando me entendi como pessoa, que me senti amada, querida. Não tive, em nenhum momento, aquela história de dizerem: ‘ela é uma modelinho’. Acho que os atores sentiram confiança, gostaram de mim, não sei. Não sofri nenhum preconceito. Acho muito triste quando isso acontece, sei que existe, como existe em qualquer lugar com pessoas bonitas. Isso é triste, terrível, pode acabar com a vida e os sonhos de muita gente. O trabalho do ator é de muita generosidade e troca, é um jogo e não tem ganhador porque jogamos juntos. Não acredito num sucesso solitário”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

RESPONSABILIDADE SOCIAL
“Em Mulheres Apaixonadas, eu era muito diferente da personagem, com razões, problemas distintos, e ali consegui realmente levantar uma bandeira e dar um grande passo. Ali senti a responsabilidade do meu trabalho. Foi a primeira personagem homossexual bem aceita no Brasil. Porque em Torre de Babel explodiram o casal homossexual. As pessoas me agradeciam e diziam: ‘você está me ajudando muito em casa, minha mãe agora está me entendendo’. Isso me dava muita força porque sabia que as pessoas estavam sendo representadas ali. Nosso trabalho, além do entretenimento, também tem uma grande responsabilidade social e foi ali que comecei a perceber isso e falei: ‘vou mergulhar e dar o meu melhor’. Por essas pessoas invisto e mergulho cada vez mais no trabalho”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

BOA FORMA 
“Não tomo refrigerante, não como fritura nem açúcar em excesso. Evito comer muita massa – apesar de amar queijo e massa -, tento dar uma ajustada e como muita fruta. Faço alongamento em casa duas vezes por semana e tento ir para o meu balé. Com a novela é um pouco complicado, principalmente por causa do Pedro. Porque quando tenho tempo, prefiro, em vez de fazer massagem e drenagem, prefiro focar no meu estudo, assistir a um filme com meu marido ou ficar com ele. Isso me deixa mais feliz. Hoje estou priorizando isso. Sei que algumas coisas passam muito rápido. Prefiro ficar abraçada com meu filho e meu marido a ir para a academia. Tenho gravado muito, 12 horas por dia. Às vezes começo de manhã, na externa, depois vou para o estúdio, gravo até duas da manhã. E no dia seguinte tem mais cenas, então vou até quatro da manhã decorando cena. Quando faço novela, só tenho domingo de folga. E ainda tenho que decorar texto para segunda. Quando estou no ar me deixo um pouquinho mais de lado. Mas agora vou voltar. Não tenho restrições na alimentação. Minha avó dizia que tem que comer de tudo (risos). O Pedro é assim também, come de tudo. Ele fala: ‘mamãe, comi tudo para comer minha sobremesa’ (risos)”.

ALINNE NA COZINHA
“Sempre cozinhei porque minha avó e minha mãe sempre cozinharam muito bem. É inevitável, desde pequenininha, sempre estava lá fazendo bolo. Pedro tem isso também. Digo que quando ele crescer vai ser um chef pequeno. Na minha época de modelo tinha que cozinhar para mim mesma. E mais velha, na última viagem para Paris, minha mãe não foi comigo, então cozinhava muito. Fazia salmão, creme de espinafre, várias coisas. Quando comecei a namorar o Mauro foi um período que tinha acabado de fazer novela, estava muito caseira e tinha aquela coisa do romance, do primeiro ano de namoro, então cozinhava mais. Agora estou mais ausente da cozinha, confesso. Cozinha é gostar e querer. E ter tempo para isso. Está me faltando tempo, mas gosto de cozinhar”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

ETERNOS NAMORADOS
“Mauro e eu saímos muito para jantar. Isso é muito bom! Mesmo se tenho cena e chego às dez da noite saímos, voltamos meia-noite e bato meu texto depois. Quarta-feira temos o costume de sair com os amigos. Sábado vamos para festas e se não tem festa nenhuma fazemos uma festa em casa. Temos nossos momentos, gostamos muito de dançar, namoramos muito, isso é muito importante na relação. Nunca deixamos de sair quarta e sábado. Mesmo se não temos nada para fazer, nos trancamos na sala e ficamos bebendo vinho, conversando e vendo estrelas. Nosso papo não para, é o tempo inteiro, um vai completando o outro. E são coisas muito grandiosas, nós nos completamos demais. Ele é o amor da minha vida, sem dúvida alguma”.

REDE SOCIAL
“Só tenho o Instagram como rede social e entrei nele anos atrás pensando que era um aplicativo de filtros. Depois que entendi – porque nunca fui fascinada por rede social – que ele é um diário de fotos. Gosto muito de fotografar e até queria colocar mais fotos minhas nele, mas tenho tido pouco tempo para fotografar as coisas. Gosto mais de fotografar do que de ser fotografada, por mais que tenha sido modelo”.

Alinne Moraes Aspas (Foto:  )

SONHO A DOIS
“Meu sonho é que o Mauro e eu continuemos unidos, sensíveis e apoiando um ao outro e com muito amor e muita calma para realmente entender o ser humano como ele é: com defeitos e qualidades. O Mauro tem muito isso, ele é o centro de tudo, ele que nos dá isso, essa tranquilidade de que está tudo bem. Qualquer coisa que fale para o Mauro, ele responde: ‘te entendo, está tudo bem, isso é normal’. Isso é tão bom para mim! Não tenho medo nenhum na nossa relação. Tenho alguém que realmente me compreende”.

PLANOS PÓS-NOVELA
“Quando a novela terminar vou ficar de férias, focada no meu pequeno. Vou jogar todas as minhas fichas e pedir de joelho para fazer Detetives do Prédio Azul – nem que seja uma ceninha. Meu marido que vai dirigir e estou aqui pedindo trabalho para ele (risos). Eu quero fazer, pelo amor de Deus! O Pedro ama DPA. Vou aproveitar que o pai também está fazendo e pedir um papel. Vai ser uma brincadeira”.

Alinne Moraes (Foto: Vinícius Mochizuki)

COMPANHEIRINHO
“O Pedro não vê Espelho da Vida porque a novela não entretém muito ele. Ele é muito criança, gosta de desenho. Mas às vezes a TV está ligada e ele fala: ‘olha lá a mamãe’. Ele já foi comigo aos Estúdios Globo, viu uma cena sendo gravada, o elenco errando e voltando. Depois foi no switcher para ver como edita e tudo mais. Era uma ceninha muito pequenininha. Quando chegou em casa, ele pegou o meu celular e falou: ‘mamãe, faz a cena para eu ver de novo’. E gravou. Tive que fazer umas três vezes porque para ele não estava bom. Ele entendeu que é assim”.

MAMÃE FAMOSA
“O Pedro sabe que no teatro da Gávea, toda sexta e sábado, às quatro da tarde, tem a historinha de Os Saltimbancos. Então ele entende que a minha novela também é uma historinha que passa todos os dias na casa das pessoas às seis da tarde. Para ele é como se fosse uma peça de teatro. Ele já entende, por exemplo, quando as pessoas pedem uma foto comigo na rua. Ele solta a minha mão e fica do ladinho esperando. Ele já sabe porque desde pequenininho falo assim: ‘eles pediram uma foto porque assistem a historinha que a mamãe conta’”.

Fotos e beleza: Vinicius Mochizuki
Styling: Ale Duprat
Agradecimentos: Animale Brasil, A. Brand,  Canal A Comunicação, Skazi, Lara Mader e Joyá

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