Paraíba

Agência se explica sobre outdoor polêmico na Capital e Abap-PB emite nota de rep

A POLÊMICA CONTINUA


15/10/2015



{arquivo}O polêmico outdoor alusivo ao Dia das Crianças com a imagem de um menino sírio morto numa praia da Turquia – símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África -, veiculada em João Pessoa, continua repercutindo, principalmente, nas mídias sociais on-line. E, mesmo após a GCA Comunicação, responsável pela peça publicitária, se explicar por meio de nota de esclarecimento, a Associação Brasileira das Agências de Publicidade – seccional Paraíba (Abap-PB), se pronunciou sobre o fato, nesta quarta-feira (14), emitindo nota de repúdio contra a agência.

A Abap-PB enfatiza no título da nota que a “Publicidade não é um vale tudo” (leia na imagem ao lado), e afirma que a “atividade publicitária tem como principal objetivo direcionar o interesse do público para determinadas marcas e, em quem é atingido por ela, despertar uma ação favorável à empresa, mas isso não nos exime da responsabilidade social de sempre sermos conduzidos pelo código de ética profissional e pelo bom senso”.

A nota de repúdio da Abap-PB veio um dia após a GCA Comunicação se pronunciar. De acordo com a agência (leia abaixo), a peça publicitária com a imagem do menino sírio teve o objetivo de provocar a reflexão das pessoas sobre o cotidiano de milhares de crianças, vítimas da violência, da intolerância, e da indiferença.

“A hipocrisia não é um privilégio nosso, mas é um sentimento que grassa mundo afora. Na comemoração do dia da Criança produzimos um outdoor, levando em conta que a data seria apropriada para uma reflexão profunda do que se passa com crianças aqui e em outras partes”, diz trecho da nota.

{arquivo}A agência também afirma que “a foto não estava ali para ser usada na venda de algum produto, mas simbolicamente para que lembrássemos que o futuro de nossas crianças não pode morrer na praia”.

E a polêmica continua
E mesmo com a explicação da GCA Comunicação, os comentários negativos contra a peça publicitária continuam nas mídias sociais. 

“Fica evidente que a peça não funciona completamente quando é necessário explicar a peça. É sempre melhor criar uma peça bem entendida que uma bem explicada. Além disso, vocês ainda acham bacana usar a imagem da criança morta e, ainda por cima, usar um trocadilho ligado ao fato? Para mim, é um material de péssimo gosto e que não alcança o objetivo como deveria”, diz um perfil intitulado Blogcitário.

“Uma [pedido de] desculpas seria o mais sensato. Usar o trocadilho morrer na praia, com uma imagem tão forte é muito desnecessário!”, diz um internauta.

“Façam a parte de vocês, reconheçam esse erro tão agudo e sem precedentes. Erraram e erraram feio! Isso não é Propaganda, isso é um embaraço”, comenta outro seguidor da GCA.

Confira abaixo a nota de esclarecimento emitida pela GCA Comunicação:

A HORA DOS INDIFERENTES

A hipocrisia não é um privilégio nosso, mas é um sentimento que grassa mundo afora. Na comemoração do dia da Criança produzimos um outdoor, levando em conta que a data seria apropriada para uma reflexão profunda do que se passa com crianças aqui e em outras partes.

A fotografia impactante do garoto sírio Aylan Kurdi encontrado morto em uma praia da Turquia que virou símbolo da indiferença e da hipocrisia para alguns, leva qualquer cidadão comum a reflexões importantes.

A foto não estava ali para ser usada na venda de algum produto, mas simbolicamente para que lembrássemos que o futuro de nossas crianças não pode morrer na praia. Nós temos nossos Aylans morrendo de bala perdida, de inanição, de fome, na porta de hospitais, nas ruas, nos barracos das favelas e sempre diante da indiferença das mesmas pessoas que dizem “chocadas com imagem tão forte”! Ao ler esse artigo alguma criança está tendo seu futuro interrompido em algum lugar desse planeta, e por que não por aqui também? Um outdoor não deixa escolha e obriga os indiferentes a ver a imagem polêmica. Não podem agir como fazem cotidianamente, não podem fechar o vidro do carro para não atender á criança pedindo nos semáforos. Que tal uma visita aos lixões? Uma criança tomando água turva tirada de um barreiro disputada por animais que jogam seus dejetos ali mesmo. Ou frequentar a fila do SUS com uma criança doente ao colo. Que tal?

Ficam chocados com uma imagem que foram, de certa forma obrigados a ver, mas não se importam com aquelas que o descaso e a indiferença fazem questão de esconder dos olhos e da alma.

Para lembrar o comentário do jornal britânico “Independent”: "Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?" (G1). Imagens fortes têm o poder de levar quem a vê a uma reflexão. O que queremos é que cada um de nós deixe de lado a indiferença, faça sua parte, por menor que seja para que a cada hora possamos salvar um Aylan numa praia da Turquia ou bem perto de nós na aridez do nosso sertão.



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