Economia & Negócios
Afinal, o Brasil pode se beneficiar com o “Tarifaço” de Trump?; Economista explica o cenário nacional de exportações
06/05/2025

(Foto: Reprodução)
Anna Barros/ Portal WSCOM
O “tarifaço” imposto recentemente pelo governo de Donald Trump está fazendo com que especialistas analisem as relações comerciais do Brasil, principalmente de exportação. Se por um lado há quem diga que o mercado nacional pode se beneficiar destas medidas, por outro, há quem argumente que essa previsão ainda é incerta.
Embora a China seja a principal parceira comercial do Brasil, o impacto de sua relação estremecida com os Estados Unidos para o mercado nacional ainda não pode ser determinada com exatidão. O economista Vitor Nayron conversou com o Portal WSCOM sobre as especulações que estão sendo feitas para médio e longo prazo.
Atualmente, o Brasil se destaca com a produção e exportação de produtos primários e, para Nayron, essa pode ser uma saída para que o país se beneficie das medidas trumpistas.
“Quando a gente para pra observar o Brasil nesse cenário internacional, atualmente o maior parceiro comercial do Brasil é a China. E aí entra outro ponto que internamente a gente tem uma economia que a gente é muito mais exportador de produtos primários, ou seja, produtos agrícolas, até mesmo a parte mineral de ferro e de outros tipos de produtos ou recursos naturais. E a gente é importador de produtos que já passam por algum tipo de processo ou produtos relacionados à tecnologia”, declarou.
Os países asiáticos estão se destacando no cenário internacional como grandes consumidores, tanto de produtos finais quanto de matérias primas. O que, consequentemente, se torna benéfico para o Brasil.
“Do ponto de vista do Brasil, a gente tem do lado da Ásia, um mercado crescente, um mercado consumidor alto, é, que precisa desse tipo de produto que o Brasil exporta. É um parceiro comercial já relevante para o Brasil”, continuou o economista.
No entanto, mesmo que essa a China consiga “cobrir” as exportações dos EUA, esse cenário também não seria o ideal. Vitor explica que, ao ficar dependente de apenas um comprador, o país também fica vulnerável aos possíveis problemas que podem acometer o país.
“Tem outro outro ponto que quanto mais a gente se especializa ou foca, né, a exportação para um determinado país, a gente fica muito mais dependente daquele país, que no nosso caso é a China. Então, porventura, a China sofre algum tipo de questão econômica ou algo nesse sentido, o Brasil é muito mais afetado, já que grande parte das exportações brasileiras é para um determinado destino, né? No caso é a China”, detalhou.
Os números revelam
O estudo “Impactos econômicos regionais e setoriais das elevações de tarifas de importações dos EUA e a China anunciadas em março e abril de 2025”, publicado pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) da UFMG essa guerra tributária pode acarretar uma queda de 0,16% no Produto Interno Bruto (PIB) global.
Em relação ao Brasil, em abril, é previsto que a exportação de grãos tenha crescido 32% em comparação ao mesmo período em 2024, o que ressalta a ideia de que a China seguirá como forte importadora do país.
Além disso, o estudo da Nemea ainda estima que o agronegócio nacional terá ganho de US$ 5,5 bilhões com a substituição dos grãos americanos pela China.
Desindustrialização
Enquanto o agro segue sem previsões negativas, o setor industrial não acompanha a mesma linha. O estudo da UFMG revela que é estimada uma perda de US$ 3,5 bilhões no setor, o que implicaria em um impacto significativo na economia brasileira. “O segmento de serviços também enfrentaria uma diminuição, com uma perda de US$375 milhões”, diz o relatório.
“A elevada perda de exportações e produção da indústria brasileira sugere efeito de ‘desindustrialização’ na economia. Este fenômeno teria consequências significativas nas perspectivas de crescimento e geração de empregos mais qualificados e com maior remuneração”, conclui o estudo.
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