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Abril, Globo e Estado de Minas anunciam demissões diante de forte crise
EFEITOS DA POLITICA
09/01/2015

A semana que termina nesta sexta-feira escancarou a crise dos meios de comunicação brasileiros. Primeiro, foi a Abril, em São Paulo, quem entregou metade dos andares que ocupa e viu o busto do fundador Victor Civita ser removido. Em seguida, o Estado de Minas demitiu 11 profissionais experientes e foi repreendido pelo sindicato dos jornalistas por ter misturado jornalismo e política, de forma tão explícita. Agora, é o Globo que corta 100 profissionais, dos quais 30 na redação (leia aqui).
De acordo com o Brasil247, há um ponto em comum entre esses três grupos editoriais. Todos, no último ano, adotaram o discurso de que o Brasil rumava para o caos. Engajados na campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da República, o que foi feito de forma explícita por Zeca Teixeira da Costa, diretor do Estado de Minas, esses veículos venderam a ideia de que a economia brasileira, mesmo com pleno emprego e inflação na meta (ainda que no topo), mais cedo ou mais tarde afundaria.
Tal discurso contaminou as expectativas empresariais, reduzindo investimentos. E os primeiros a sofrer foram os grupos de comunicação. Os patrões venderam o caos, mas os jornalistas e profissionais de outras áreas é que pagam o pato.
Leia, abaixo, notícia do Comunique-se sobre o Globo:
O jornal O Globo realizou mais de uma centena de demissões nesta quinta-feira, 8. Conforme informações extraoficiais repassadas à reportagem do Comunique-se, ao todo, o veículo de comunicação dispensou cerca de 160 profissionais, atingindo vários departamentos da empresa, como administrativo e comercial. Na redação, os cortes alcançaram aproximadamente 30 pessoas, entre repórteres e diagramadores.
Na lista de jornalistas que se despediram do dia a dia do impresso mantido pela Infoglobo estão profissionais premiados e com longo tempo de casa, caso da editora-assistente de ‘Rio’, Angelina Nunes, que estava na empresa de comunicação desde 1991. Ela usou o perfil que mantém no Facebook para confirmar a sua saída. “A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar”, publicou. Durante os 23 anos de trabalhos dedicados ao Globo, somou conquistas como Prêmio Esso, Prêmio Embratel e Prêmio Vladimir Herzog.
Integrante da galeria ‘Mestres do Jornalismo’ do Prêmio Comunique-se desde 2013, o colunista de cultura Artur Xexéo também foi dispensado pela direção do jornal. No Globo desde 2000, o articulista parece ter pressentido que iria deixar de colaborar com a publicação. No blog que leva o nome do jornalista, o último texto (publicado no domingo, 4) recebeu o título de “Despedidas”. No artigo, ressalta-se que a despedida era de 2014, mas o autor chega a citar a sua situação profissional em determinado trecho. “Se o assunto não for minha aposentadoria, o leitor sempre pode imaginar que fui demitido. Que demoraram 22 anos, mas, enfim, descobriram que sou uma farsa”, escreveu Xexéo.
Leia, abaixo, notícia do Portal Imprensa sobre a Abril:
Lucas Carvalho*
Após cortes de gastos e reestruturações em seus produtos editoriais, a editora Abril tem esvaziado andares de sua sede em São Paulo (SP). Uma parte do prédio teria sido entregue a um fundo investidor do Banco do Brasil, dono do imóvel.
O principal motivo para as mudanças teria sido a diminuição de operações na editora desde 2013 – envolvendo desde a transferência de dez publicações para a Editora Caras até o fim da versão impressa da revista Info. Em 2014, a editoria já havia divido parte de suas atividades com o prédio localizado na Marginal Tietê, que pertence à Abril e não é alugado.
IMPRENSA teve acesso ao comunicado interno divulgado pela empresa, que explica aos funcionários os detalhes das mudanças. Nele, a editora diz que decidiu não renovar o contrato de locação do primeiros andares da chamada Torre Alta. Assim, as atividades da Abril ficarão concentradas do 13º ao 26º andar do prédio, além do 8º piso.
Com a reorganização do espaço comum do condomínio, o busto de Victor Civita, fundador da Abril, que ficava na recepção, foi transferido para o mezanino do prédio. O terraço e o auditório seguem sendo de uso exclusivo da editora. O corte de custos seria uma estratégia natural do grupo e não indicaria uma suposta "crise financeira". Com redações cada vez menores, a empresa decidiu "compactar" suas instalações.
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