Paraíba

‘A Restauração e o Tombamento do  Cine-Teatro Municipal e do Independência Hotel em Sumé’, por Omar Bradley


09/09/2021

Portal WSCOM



O procurador Federal Omar Bradley escrete nesta quinta-feira (9) ao Portal WSCOM sobre o Cine-Teatro e o Independência Hotal de Sumé, tombados pela prefeitura do município.

 Confira o artigo na íntegra:

‘A Restauração e o Tombamento do  Cine-Teatro Municipal e do Independência Hotel em Sumé

 

A prefeitura de Sumé, por meio do Decreto 1.377, de 14 de janeiro de 2021, realizou o tombamento dos prédios do Cine-Teatro Municipal e do Independência Hotel, imóveis que formam um notável conjunto arquitetônico na paisagem urbana e têm um especial significado para a história artística e cultural da cidade.

Cine-Teatro

O tombamento, em suma, é uma limitação ao direito de propriedade. Consiste no registro em livro de um ato realizado pelo poder público com o objetivo de preservar bens de valor histórico, cultural, artístico e ambiental para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Portanto, foi isso que a prefeitura fez. E motivos para tal ato não faltam ao Cine-Teatro Municipal e ao Independência Hotel.

 

Os dois prédios, que foram construídos na década de 50 do século passado, tiveram seu tombamento declarado após um longo processo de pesquisa com vistas a restaurá-lo para resgatar, conservar e a valorizar a memória da comunidade sumeense. Os imóveis constituem marcos indeléveis na principal avenida do município e protagonizaram a recepção e o entretenimento da cidade durante várias gerações.

 

O Cine-Teatro, por exemplo, não foi apenas um espaço de exibição de filmes. Lá funcionou uma difusora e, como o nome revela, foram encenadas exultantes peças, além de ter sido palco e cenário de típicas apresentações de pastoris e shows de diversas matizes artísticas, inclusive de cantores de renome nacional.

 

Quando adolescente, eu pensava que todos os casarios antigos das cidades, especialmente os do Centro, deveriam ser demolidos para dar lugar a novas construções com arquitetura contemporânea e futurística, como forma de mostrar pujança e desenvolvimento. No entanto, o tempo me fez mudar de ideia.

 

Já adulto, constatei que pessoas, objetos e construções do passado fazem parte de um só corpo, pois todos estamos conectados, e que passado e futuro podem conviver em equilíbrio. É justamente em função desse equilíbrio que existem normas com o objetivo de preservar o que a Constituição Federal chama de patrimônio cultural brasileiro, ou seja, todos os bens que detenham referência à identidade, à ação e à memória da formação de uma sociedade.

 

Esses bens podem ser de natureza material ou imaterial, incluindo as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver (por exemplo, festas religiosas, danças, comidas, lendas, costumes), as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artísticos-culturais. Tais bens não precisam necessariamente ser centenários ou de tempos passados. Bastam que, do ponto de vista legal, tenham relevância para serem considerados patrimônio cultural.

 

Poucos bens em Sumé reúnem tantos atributos de patrimônio cultural como o Cine-Teatro Municipal e o Independência Hotel. Os tombamentos – que culminarão na restauração completa dos imóveis – premiam toda a equipe que fez parte desse longo e exitoso processo e homenageiam todas as pessoas que, com dedicação e persistência, contribuíram para construir e preservar, para as presentes e futuras gerações, esse conjunto arquitetônico tão importante para a cultura, a arte, a memória e a identidade da cidade.

 

Omar Bradley Oliveira de Sousa’



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