Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

Pablo Marçal e a Teologia da Prosperidade


28/08/2024

O coach neopentecostal Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo por um partido de aluguel, o PRTB (segundo ele próprio porque foi o único que aceitou lançá-lo na disputa eleitoral), é declaradamente um propagador da Teologia da Prosperidade. Assume com entusiasmo ser integrante dessa corrente teológica que tem como eixo central a comercialização da fé cristã, deturpando ensinamentos bíblicos. Seu discurso é fundamentalista e pautado na visão político-social da extrema direita, combinando neoliberalismo com ultraconservadorismo.

Possuindo mais de 12 milhões de seguidores no Instagram, procura se utilizar desse quantitativo de admiradores para torná-lo um capital político, bem ao estilo de muitos líderes religiosos que transformam púlpitos das igrejas em palanques eleitorais. O tom messiânico de suas falas, vendendo a tese da prosperidade e alimentando o fantasma do comunismo, mistura seus argumentos com passagens bíblicas. Recentemente, provocou um debate acalorado com o pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, Rio de Janeiro, quando chegou a afirmar que Jesus Cristo não teria acumulado riqueza durante sua estada na Terra pela falta de esposa e filhos. Rebatendo, com firmeza, essa estapafúrdia declaração, o líder religioso assim se pronunciou: “Lamentavelmente essa teologia espúria é o mais novo modismo eclesiástico que paulatinamente tem desvirtuado e corrompido a igreja brasileira, com mensagens desprovidas da graça de Deus”. E acrescentou: “o coach prega outro evangelho. A pregação verdadeiramente cristã não pode ser reduzida à busca por riquezas materiais, sem dar importância aos valores espirituais”.

Esse é o Pablo Marçal, um espertalhão, autocentrado e capaz de qualquer coisa para conquistar seus objetivos políticos. Em entrevista à Globo, disse, sem meias palavras, que o processo eleitoral é uma guerra onde “vale tudo”, disparando ofensas e todo o tipo de baixaria contra seus adversários. Apresenta-se como bem qualificado para o “show de horrores” em que se transformou a política brasileira nos últimos cinco anos. O preocupante é que consegue agradar boa parte do eleitorado que confunde irresponsabilidade com autenticidade e hostilidade com firmeza. É um vigarista digital que ganha corpo na disputa política apregoando a famigerada meritocracia, sem qualquer preocupação com o senso de justiça social.


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