Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Paraíba

O velho moço


06/07/2024

Foto: Agência Brasil

Ao mesmo tempo em que Biden diz que só desiste da eleição para presidente se Deus mandar, o que é pouco provável, um idoso de 84 está inscrito para o Enem e garante que só vai parar quando morrer.

A verdade que não existe mais aquele velho da minha infância, que jogava conversa fora nas calçadas ou matava o tempo jogando dama e gamão com um grupo de aposentados iguais a ele.

Nem mesmo a chegada da TV aberta e bem mais tarde a Internet, conseguiram fazer que os novos idosos aceitassem a vida sem graça e ociosa, quase sempre vestidos com pijamas de gosto duvidoso.

Por outro lado, não são poucos os que buscam novos amores, muitos deles com diferenças abissais de idade, e, em alguns casos até mesmo com novos filhos que quase sempre são mais novos que os próprios netos.

Da mesma maneira que todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer, essa nova leva de velhinhos surfa na onda do avanço da ciência e, com isso prorroga suas atividades com muito vigor.

A preço de hoje, o tio da propaganda da Sukita ainda é um garotão, isso sem levar em conta o botox e a harmonização facial que dão uma sobrevida e eliminam a contento as rugas.

Nessa batida, ninguém quer jogar a toalha, a começar pelos artistas, muitos deles na faixa dos oitenta, a exemplo do ex-Beatle Paul McCartney que anunciou recentemente três shows no Brasil.

Para ele, e para muitos outros, o Yesterday será sempre Tomorrow, fazendo do tempo um aliado para se imortalizar em vida.

Por que parar? Parar por que? Já dizia a música de carnaval, hoje uma festa de todas as gerações, do mesmo modo que Antônio Barros chamava a atenção que também no forró é proibido cochilar.

Ney Matogrosso, um intérprete de suas canções que o diga, com sua energia invejável no palco, e orgulhoso de ter uma mãe que já passou dos cem anos.

E ele não está sozinho com toda essa vitalidade. Conheço vários – mulheres principalmente – que na casa dos sessenta nadam quilômetros e participam de maratonas no país e exterior.

O importante é que estamos vivendo mais e melhor. Não apenas, compartilhando a nossa experiência, mas também experimentando novas e maiores emoções, mesmo tendo chorado e sofrido boa parte da vida.

Um outro aspecto a considerar é que está mais difícil o relacionamento a dois, muitas vezes a três e eventualmente aberto, que está muito em voga.

São poucos os casais que vivem juntos até que a morte nos separe. Um dia desses, um amigo da confraria do café reclamou que a viúva de um empresário recentemente falecido, depois de muito chorar pelo marido e jurar que não ia querer mais ninguém, estava de volta à vida repaginada e aberta para novos relacionamentos.

Vida que segue, diriam alguns. Ninguém é insubstituível, diriam outros.

O certo é que temos de viver, sem ter a vergonha de ser feliz.

A idade é só um detalhe. O amor é que é para sempre.


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