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Em versos, Maria do Desterro Leiros da Costa reflete sobre a arquitetura da Catedral de Valência e a sabedoria oculta nas imperfeições
13/06/2024
Portal WSCOM
UMA JANELA PARA O MUNDO
(Por: Maria do Desterro Leiros da Costa)
À esquerda uma janela
Destaca-se à primeira vista,
Como se fosse imperfeita,
Ou descaso do artista;
Sua estranha forma oblíqua
E seus ângulos incertos,
Destoam de todas as outras…
Falharam os arquitetos?
Com respeitosa procura,
Lanço um olhar mais atento
E vislumbro uma explicação
Que alinha o pensamento;
À medida que avanço
E o altar fica mais perto,
O que parecia defeito,
Assume contorno certo,
Um sentido se revela,
Hoje como há séculos,
Falando de sabedoria,
Até mesmo aos mais céticos.
A compreensão que tive
Da eloquente arquitetura,
Está nos versos seguintes
Para toda a criatura:
Não julgue apressadamente,
Não cometa este engano,
Pois o Eterno não nos vê,
Como vê o olho humano,
Nosso olhar só vê a forma,
A trave no olho do irmão,
Enquanto pra Deus o valor
Esconde-se no coração.
Toda a nossa obliquidade
E íntima imperfeição,
Ao Criador transparecem,
Sem máscara, ou ocultação.
O exterior não O engana,
Tampouco poder, posição…
Ele nos vê como somos
E Seu remédio é o perdão.
O porquê das diferenças
Conhece em profundidade,
Cada filho Seu é único,
Na própria identidade.
Mesmo fora dos padrões,
Foi a janela acolhida,
Tornando-se grande lição
Que levo pra toda a vida.
Penso ter compreendido
A simbólica mensagem
Que aos amantes das artes
Entrego aqui de passagem:
Na Catedral de Valência,
Após tantas reflexões,
Ouvi de uma janela “torta”
Um dos mais belos sermões.
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