Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

A direita civilizada


21/05/2024

Tarcisio de Freitas e Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda)

O momento político nacional não permite que se alimentem sentimentos de rancor ou de vingança. Isolemos a direita raivosa em nome de uma causa maior: salvar a nossa democracia. Rejeitar o autoritarismo é a palavra de ordem.

Que se firme o encontro entre divergentes, desde que não se manifestem antagonismos inconciliáveis. Esse espaço político tem que ser ampliado e adensado, na oferta de musculatura que nos livre das ameaças golpistas. As forças da direita que deixaram para trás o passado autocrático, não se permitindo agir por impulsos reacionários, podem ajudar a reconstruir o Estado Democrático de Direito no Brasil.

É importante que se estabeleçam alianças no campo democrático que combinem progresso econômico, liberdade política e equidade social. No regime presidencial multipartidário vigente em nossa nação, devemos considerar a oportunidade histórica de reagir contra uma cultura política baseada em mudanças institucionais e culturais nocivas à democracia. Que seja essa aliança contribuinte da Lei e da Ordem, combatendo a barbárie e a truculência.

Todos irmanados defendendo o ordenamento jurídico e o Estado republicano. A direita civilizada se diferencia da direita predatória que advoga a ruptura democrática. Diálogo e maturidade são imprescindíveis para agregar todos os que se posicionam contra o golpismo, buscando consensos mínimos em defesa da vida e da democracia. O país precisa de uma direita civilizada, que se comporte defendendo suas ideias dentro das regras da democracia. É o que podemos chamar de “conservadorismo democrático”, sem a agressividade dos que insistem em atuar no espectro político conhecido como “extrema direita”.

A direita esclarecida tem consciência dos riscos de ruptura democrática a que estávamos expostos e não se dispõe a contribuir com novas aventuras golpistas. O momento da política brasileira exige uma conjunção de esforços no sentido de que tenhamos uma agenda econômica e administrativa em favor do país, independente das posições ideológicas de cada partido, entendendo que isso só será possível quando for compreendido que adversários políticos não podem ser tratados como inimigos e que todos devem pensar no Brasil com responsabilidade.

A direita civilizada não quer ser confundida com a direita “xiita” que depredou as sedes dos Três Poderes, no fatídico 8 de janeiro. Ou abraça a causa em defesa da democracia, ou será apontada como cúmplice com aqueles atos extremistas. Não pode perder a oportunidade de fazer uma depuração nos seus quadros de militância política, baseando seus princípios no respeito às leis, especialmente à Constituição do país. Que o diálogo entre os atores da política, exclua os incendiários, os golpistas e os terroristas, sem que ninguém abra mão das convicções democráticas. As forças políticas, ainda que divergentes, devem unir esforços para revigorar a democracia.


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