Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Cultura

A inevitável modernização da Folia pode construir “perigoso apartheid” quando exclui a Associação “mãe” da organização e impõe modelo divisionista na avenida


15/11/2023

Para início de conversa, é preciso admitir que os novos tempos propõem modelo de gestão atualizado no trato de festejos da dimensão do projeto Folia de Rua – proposta de pré-carnaval adotado desde os anos 80 para suprir a fase do Tríduo de Momo quando a cidade se esvaziava. Todo esse acervo histórico do pré-carnaval, contudo, vive momentos delicados e de possível forte divisão com a anunciada criação da Associação Via Folia excluindo a entidade mãe da organização do desfile na Avenida Epitácio Pessoa – vitrine da Folia.

Por diversas Fontes do campo empresarial e político, o BLOG teve acesso à cópia da proposta da criação da nova Associação para gerir os blocos da Epitácio Pessoa, excluindo a ingerência e participação da Associação Folia de Rua.

COMO COMEÇOU

O bloco Muriçocas do Miramar foi quem primeiro despertou a chama carnavalesca com muito frevo e maracatu, chegando à nova fase inserindo a cultura eletrônica, com Aloc dividindo opiniões sobre o modelo ao se afastar das raízes musicais. É como se, imaginem por acaso, o “Homem da Meia Noite” sair sem orquestra e só à base de DJ. No caso do Muriçocas ainda pode haver adequações e preservar valores artístico – culturais.

A evolução da prévia carnavalesca levou mais outros blocos, como Virgens de Tambaú, Muriçoquinha, Atletas, Banho de Cheiro, Agitada Gang a adequarem suas saídas na Avenida Epitácio Pessoa, instituindo a Via Folia, embora a estrutura do Folia de Rua se desenvolva em diversos bairros e Centro Histórico da cidade, em especial a abertura da prévia.

NOVOS INTERESSES

Nos últimos tempos, o interesse do showbusiness tomou a agenda oficial de parte da Folia quando a Câmara de Vereadores aprovou às pressas a criação de estatuto para gerir a Via Folia através de Comitê Executivo, excluindo o comando e participação da Associação Folia de Rua. Agora, quer ir mais além criando a Associação Via Folia, excluindo de vez a entidade mãe.

Na prática, eis que a cidade se depara com intervenção branca no comando da Folia e divisionismo estimulando Apartheid na gestão do maior evento da cidade, implodindo assim a importância e gestão da Associação Folia de Rua, cuja conjuntura exige da Prefeitura de João Pessoa sensível e urgente iniciativa para reunir, ajustar e modificar essa anomalia.

O evento tem origem e comando histórico da Associação Folia de Rua e ela não pode ser afastada do comando por decreto ou golpe. Em síntese, a situação é muito séria e grave. Se faz preciso reinserir a entidade no processo de organização, pois a intervenção proposta interfere no nosso importante evento pré-carnavalesco. A ganância alheia não pode mutilar nossa história cultural, que pode compatibilizar os interesses.

Aliás, como ficam os demais blocos e atuação e/ou autossustentação da Associação no pré-carnaval?

AUTO – SUSTENTAÇÃO

O que a Câmara Municipal precisa mesmo é aprovar com grande publicização Norma garantindo à Associação Folia de Rua e à Liga Carnavalesca de João Pessoa meios de comercialização de espaços em seus eventos para atrair grandes Marcas visando patrocinar os dois festejos. Detalhe: com adesão dos órgãos da PMJP.

Além do mais, bem que cada um dos 27 vereadores deveria destinar R$ 50.000,00 para os dois grandes eventos em 2024, ao invés de gerar normas divisionistas.

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“A grana que ergue/ e destrói coisas belas”


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