Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

O movimento golpista não morreu


10/10/2023

Atos antidemocráticos / golpistas do 8 de janeiro foram organizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

 

É preciso que continuemos atentos e fortes. A vitória eleitoral conquistada no ano passado não nos dá a tranquilidade de que as ameaças à democracia desapareceram por completo. O delírio golpista continua aceso. Os conspiradores seguem na espreita, intimidando os democratas brasileiros. Vencemos uma batalha, mas ainda não ganhamos a guerra. O fascismo trabalha sua reorganização.

Têm aversão ao debate ético. Apelam para as mentiras na busca incessante de tentar desgastar um governo que está dando certo. Embora inelegível, o ex-presidente ainda consegue ser ouvido pelos que pensam como ele. Seus apoiadores, apesar das evidências da prática de crimes, recusam aceitar os fatos incontestáveis como verdadeiros. Parte do seu público se mantém fiel. As pautas cheias de ódio e preconceito retomam os discursos nas redes sociais, com o espalhamento desenfreado da desinformação.

Os grupos extremistas não foram exterminados. É bom lembrar que o Congresso eleito nas eleições do ano passado tem um perfil ideologicamente bem mais conservador do que o das legislaturas pretéritas, obrigando um presidente progressista a fazer concessões que possam garantir a governabilidade. Nele encontramos parlamentares que promovem a cizânia, líderes medíocres que não sabem viver numa democracia. Desrespeitam a ciência, defendem pautas retrógradas e não aceitam a pluralidade de pensamento.

Uma direita histérica, radical, mas barulhenta, insiste em atacar as instituições democráticas e republicanas. A nossa sorte é que são desqualificados, culturalmente despreparados, incapazes de desenvolver um debate de ideias com racionalidade. Quem pensa diferente deles não é patriota, nem cristão, é comunista, segundo definem. Estamos, então, diante da luta da civilização contra a barbárie.

Ainda que o principal líder da extrema direita brasileira tenha se desidratado, não dá para deixar de reconhecer que em torno de 25 % dos brasileiros ainda lhe devota fidelidade. Todavia, o golpismo é muito mais uma ação retórica do que um planejamento inteligente capaz de se efetivar. Mas essa possibilidade de ruptura fica sendo alimentada, até para que se mantenha o grupo mais fiel unido. É um movimento que gerou frutos em alguns setores da sociedade brasileira e levará décadas para que possamos respirar os ares da democracia inteiramente tranquilos, livres das ameaças golpistas.


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