Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Paraíba

A SOCIOPATIA


16/08/2023

(Foto: Reprodução/Getty Images)

O sociopata é um indivíduo que age por impulso e sem censura de suas vontades socialmente prejudiciais. Via de regra é insensível ao sofrimento alheio, oportunista e narcisista. Adora promover conflitos, criar polêmicas, no desejo maior de aparecer. Demonstra sérias dificuldades em respeitar normas sociais. Incita e deflagra agressões. O sociopata que assume uma posição de liderança consegue contagiar os incautos, excitados por situações de crise. O ativismo sociopático aproveita-se do fato de que boa parte da população é sugestionável, para influenciar no sentido de satisfazer os próprios desejos sem medir as consequências dos seus atos. Tem como marca de sua personalidade a irresponsabilidade.

Na sociopatia os fins justificam os meios. Faz uso da ingenuidade dos outros para obter vantagens. É um transtorno de personalidade que evidencia o maquiavelismo. Na frustração revela instabilidade emocional, expondo um comportamento de hostilidade e desinteligência. Percebem-se as mentiras repetidas. A irritabilidade, a negligência e a ausência de remorso determinam suas manifestações de comportamento.

A História Universal é pródiga em registrar o aparecimento de líderes sociopatas. E aí tem sido o grande perigo, porque normalmente os grupos “assumem a personalidade do líder”. Projetando um “falso eu”, levam multidões a cometer equívocos porque são levadas a acreditar neles como capacitados de resolver tudo, “salvadores da pátria”. A necessidade insaciável de poder, prestígio e admiração, faz com que pareçam mais competentes do que realmente são, tornando-os políticos bem-sucedidos, até o momento em que sejam desmascarados. Trocam as emoções de acordo com as circunstâncias.

Alguns são inteligentes e carismáticos. Apresentam boas habilidades nas funções executivas. Conquistam as pessoas fingindo simpatia. Outros alcançam o poder por aproveitamento histórico de vácuos políticos. Instantes em que a sociedade decide apostar no aventureiro, na expectativa de que a mudança radical possa resolver suas ansiedades. Ao galgarem posição de comando instrumentalizam tudo a serviço dos seus propósitos. Emergem de confusões doutrinárias nas mentes das pessoas.

O sociopata no poder influencia nosso presente e nosso futuro. A massa se inclina a admirar o talento para o absurdo e as tolices, como se fossem virtudes. E acredita que ele está qualificado para remediar o irremediável, socorrer os necessitados, organizar a desordem que se explicita, corrigir as imperfeições. O caos é o campo fértil para o sociopata brilhar. Suas ciladas, no entanto, precisam de cumplices para se sustentar no poder, atraindo outros sociopatas para seu entorno, para, em conjunto, passar a imagem de que está acima do bem e do mal.

Portanto, todo cuidado é pouco, eles estão por aí, conquistando corações e mentes, disseminando discursos de ódio e germinando a semente da beligerância entre compatriotas.


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