Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

Política não é guerra, no sentido da violência


04/01/2023

 

Em uma sociedade civilizada a política jamais será praticada como se estivesse num estado de guerra. Circunstanciais adversários políticos não podem ser considerados inimigos potenciais. São apenas divergentes nas ideias e na visão de mundo considerando a importância da boa convivência social. As disputas políticas precisam ser enfrentadas sem que sejam ultrapassados os limites do respeito recíproco, pautadas sempre no estabelecimento do debate construtivo e racional. Mao Tse Tung, no entanto, dizia que: “A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue”.

Radicais populistas inescrupulosos têm promovido, nos anos recentes em nosso país, um ambiente de beligerância entre compatriotas, ameaçando o Estado Democrático de Direito que havíamos conquistado após a ditadura militar do século passado, adotando expedientes ilegítimos e ilegais. A política deve ser um instrumento para intermediar conflitos de modo não-violento, celebrando pactos de convivência que garantam estabilidade da vida humana em sociedade. Façamos, pois, a política da paz. O Papa Francisco coloca isso muito bem quando afirma “Eu me pergunto se realmente se está buscando a paz; se há vontade de evitar uma contínua escalada militar e verbal; se tudo está sendo feito para que as armas sejam silenciadas. Peço-vos, não se rendam à lógica da violência, à perversa espiral das armas. Vamos escolher o caminho do diálogo e da paz!”.

A política democrática objetiva regular pacificamente a interação de opiniões diferentes. Não devemos compreendê-la como um tipo de “arma de guerra”, como historicamente tanto se tem difundido. Os que agem assim atuam como quadrilhas ou gangues organizadas, não oferecendo espaço comum para conversações que visem o bem estar coletivo. Quando se pretende fazer política com o uso da força, oportuniza-se abrir caminho para a autocracia.

Na democracia as relações sociais não são operadas com base no critério de amigos versus inimigos. Ainda bem que nos livramos dessa forma de fazer política como se fosse uma guerra. A hora é de união, de paz, de congraçamento e de esforço solidário de todos para que sigamos sendo uma nação democrática.


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