Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Um sábio recado para a contemporaneidade


26/11/2022

Na História nacional encontramos homens públicos que tinham a capacidade de fazer pronunciamentos que se eternizam, não perdendo a atualidade, podendo ser aproveitados na contemporaneidade, conforme o contexto político se assemelha ao que vivenciaram quando se manifestaram. Descobri num dos discursos do nosso conterrâneo José Américo de Almeida uma declaração que se ajusta ao momento político que o país está vivenciando.

 

“Consciências inquietas profetizam, em vozes tremendas, adventos ruidosos. Atiçam a miséria impotente, as explosões da coragem coletiva, com risco dos choques desiguais. Não percamos a esperança. Poderemos, sem maldições, sem desforras sangrentas, na paz do Senhor, atingir o ideal democrático da inteligência, da cultura, das virtudes públicas, do bom governo que é a melhor propaganda contra as subversões”.

 

Se estivesse vivo, José Américo poderia repetir essa manifestação crítica na certeza de que o recado tinha direcionamento certo, alcançando aqueles que continuam insistindo em criar um ambiente de tensão política, ameaçando o Estado Democrático de Direito. São “consciências inquietas” que pregam a desobediência civil às normativas legais vigentes, incluindo aí os preceitos constitucionais. E o fazem tentando fazer barulho nesses atos públicos de caráter golpista. Comportam-se, por estímulo, como pessoas violentas, inimigas da paz.

 

Os enfrentamentos entre divergentes de pensamento ou de ideologias são atiçados, com o objetivo de encorajar os que tiveram as mentes capturadas pela retórica da beligerância, na defesa do indefensável. Não respeitam as diferenças, nem os fatos consumados. Numa postura antidemocrática recusam aceitar o que a maioria determinou numa eleição limpa e incontestável, a escolha do novo presidente da república.

 

José Américo aproveita para injetar ânimo nos que se colocam em favor da democracia, exortando-nos a manter acesa a chama da esperança de que um novo tempo está para se iniciar. E que deveremos nos manter calmos, sem entrarmos no jogo das provocações, trabalhando, isso sim, na busca do encontro do congraçamento, pondo fim esse período de conflitos que experimentamos desde que o atual governo se instalou.

 

Ele nos ensina que nessas circunstâncias de crises políticas, é preciso que coloquemos a razão acima da emoção. Agirmos com inteligência, vencendo os instintos produzidos pela ignorância cultural e o fanatismo. O bom governo será a melhor maneira de fazer desaparecer qualquer iniciativa de subversão da ordem. E este caminho já foi escolhido. A partir de janeiro do próximo ano, o Brasil será outro. Difícil alguém encontrar apoio ao se posicionar contra a prática de uma gestão voltada para o bem comum, objetivando adotar políticas de justiça social, sem preconceitos, sem transformar eventuais adversários políticos em inimigos.

 

É hora de recomeçar a caminhada rumo à felicidade, acreditando que há forças para lutar por aquilo em que acreditamos. Todo dia é um novo desafio a vencer. Estejamos prontos para isso, sem medo dos que teimam em nos ameaçar, fazendo valer os nossos direitos e respeitando os direitos dos outros. Convictos de que estaremos produzindo mudanças reais para a nossa sociedade e garantirmos um Brasil melhor para as futuras gerações.

 

Saibamos ouvir os sábios e procurar entender o que eles nos ensinam, mesmo que não estejam mais entre nós. Eles nos orientam para onde devemos ir e para onde não devemos voltar. Escutemos então a voz de um sábio. José Américo deixou para nós uma mensagem de entusiasmo para a resistência, para continuarmos na marcha contra o golpismo e fortalecermos a nossa democracia reconquistada na base de muita luta e coragem. Ditadura nunca mais.

 

Rui Leitão


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