Política

Procurador Omar Bradley reflete sobre “As Vocações do Centro Histórico de João Pessoa para o Século XXI”; confira


07/11/2022

Portal WSCOM

Todo lugar já teve ou terá seu ciclo de apogeu sob os mais variados aspectos e o Centro Histórico de João Pessoa não foge a essa regra. Essa parte da cidade já foi sede dos mais importantes hotéis, restaurantes e estabelecimentos comerciais e industriais, tendo seu apogeu econômico e social entre fins do século XIX até meados dos anos 1940, quando a partir de então o Porto do Capim, às margens do rio Sanhauá, foi substituído pelo Porto de Cabedelo, situado na enseada do vizinho Município de Cabedelo.

Dos anos 1940 para cá, o Centro Histórico da capital paraibana foi lenta e paulatinamente sofrendo um declínio com o deslocamento de instituições públicas, moradores e do comércio para outras regiões da cidade, e há pelo menos uns 30 anos todos os prefeitos demonstraram uma nítida e legítima preocupação em revitalizar a área.

Sejamos realistas: aquela região dificilmente voltará aos mesmos termos do seu apogeu, de modo que precisamos analisar a questão sob um ponto de vista de uma era pós-pandêmica, altamente tecnológica e às vésperas de entrarmos no ano 2023. Portanto, medidas precisam ser tomadas para explorar as vocações da área – a qual considero a mais opulenta, importante e rica em termos de religião, arte, cultura e história da cidade – aos novos desafios do século XXI.

Para não ficar no discurso de críticas ou de ideias que demandam, por exemplo, a construção de obras públicas demoradas, custosas e complexas, passo a expor genericamente como está a situação atual daquela região e quais as soluções mais simples e a curto prazo que possam ser executadas pelos órgãos de Cultura, Segurança e Turismo do Município de João Pessoa e do Governo do Estado da Paraíba.

Esclareço que, apesar de haver um sentimento de compasso de espera, ou seja, das pessoas sempre utilizarem a palavra “investimento” como solução, na expectativa de que alguma obra redentora seja feita pelo Poder Público, o fato é que o Centro Histórico (CH) atualmente continua a ter uma pujante vida própria e há um horizonte alvissareiro para a área.

Enfim, para entender melhor a dinâmica da área, optei por dividi-la em três fatores que denomino de Vocações:

1) Vocação Cultural – Consolidada e em ascensão. Formada sobretudo por jovens universitários que vão ao local para lazer frequentar bares e cafés. É uma plateia numerosa, fiel e frequente, que garante que o lugar terá audiência por muitas gerações atuais e futuras. Esse tipo de plateia necessariamente não aguarda qualquer investimento público, exceto o da segurança.

2) Vocação Comercial e de Serviços – Em gradual e constante declínio.

Solução proposta para diminuir o declínio: ocupar o CH com órgãos e instituições públicas. Nos últimos anos, dezenas de atividades da Administração municipal, estadual e federal saíram da área. Portanto, proponho o caminho do retorno, ou seja, que as Administrações voltem a se instalar na região.

Isso pode ocorrer de forma legislativa, proibindo imediatamente a mudança ou saída dos órgãos e entidades, e política, perseverando para que as autoridades adotem medidas concretas para se reinstalar na região.

O retorno dos órgãos e entidades públicas estimulará a criação de toda uma cadeia de serviços no território e, em consequência, a melhora da Vocação Comercial e de Serviços.

3) Vocação Turística – Negligenciada e pouco aproveitada, com irrelevante fluxo de turistas.

A despeito de existirem ações de marketing das entidades culturais e de turismo do Município e do Estado promovendo eventos no CH, o fato é que quase nada de prático se faz para explorar turisticamente a exuberante riqueza histórica, artística e cultural daquele notável espaço.

Soluções propostas para melhorar essa Vocação: Em primeiro, lugar, abrir as igrejas católicas e aumentar o horário de abertura delas. As igrejas passam a maior parte do dia com suas portas fechadas ou funcionando em horário reduzido, sobretudo no vespertino. Portanto, a Arquidiocese da Paraíba poderia contribuir com esse Vocação, deixando seus templos abertos para que haja fluxo de visitantes.

Segundo: implementar ações coordenadas entre a PBTUR a Secretaria Municipal de Turismo e a fundação municipal de cultura para divulgar calendários e criar eventos contínuos, a fim de que o turista tenha programas e um itinerário para visitar o local.

Terceiro: aumentar o policiamento ostensivo na região, para o visitante ter uma sensação de segurança.

Como se vê, o Centro Histórico está vivo e apto para os desafios do século XXI, e as soluções aqui expostas não são de difícil implementação. Claro que dezenas de outras propostas poderiam ser acrescentadas, mas a curto prazo creio que essas são as mais sensatas de serem executadas, bastando que haja firme decisão política e ativa perseverança da sociedade civil para com esses propósitos.

 

 

 

Omar Bradley Oliveira de Sousa (@omarbradley1) é Procurador Federal e membro do Comitê de Fomento e Desenvolvimento do Centro Histórico de João Pessoa (órgão da Associação Paraibana de Imprensa)


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