Nordeste

Revista NORDESTE: “Novos governadores precisarão encarar pautas prioritárias para o futuro regional”


22/08/2022

Foto: Freepik

Portal WSCOM com Revista NORDESTE

A nova edição da Revista NORDESTE apresenta matéria especial de capa com abordagem e levantamento de pautas prioritárias para os futuros governadores dos estados nordestinos. Entre os temas abordados, a ampliação das fontes de energia limpa e renováveis; a adoção do hidrogênio verde, que é considerado o combustível do futuro; a sustentabilidade ambiental; o investimento em educação de qualidade; a inovação e a inclusão digital.

A nova edição da Revista NORDESTE também está disponível para o leitor em edição virtual. Clique aqui para acessar.

Leia a primeira parte da matéria especial assinada pelos jornalistas Luciana Leão e Walter Santos, abaixo:

A pauta de novos desafios a bater à porta dos governos

Eleições apontam cenários diferentes a exigir dos novos governadores diagnósticos e projetos atualizados para gerar fase inovadora no Nordeste

Por Luciana Leão e Walter Santos

O Nordeste do século XXI não é o mesmo dos velhos tempos, sequer dos atuais. A agenda imposta pelos mais recentes governos estaduais, com destaque para com exceção de alguns, como o Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia, precisam virar já sinalizam para uma virada de chave, superando os tempos de guerra fiscal. O Consorcio Nordeste começou a construir uma nova agenda.  por exemplo, da agenda superada dos incentivos fiscais. Em sendo assim, os próximos governantes dos nove estados devem colocar como prioridade deixar de lado a imagem do Nordeste do século XX, árido, seco, sem inovação e imprimir com firmeza a de um novo Nordeste, o do século XXI.

A nova pauta que se impõe exige adaptação e incremento de agendas modernas em torno da energia limpa (eólica e solar), o hidrogênio verde, estrutura básica e regional da Internet, ampliação de projetos agropecuários a exemplo do MATOPIBA, do SEALBA, infraestrutura e muito respeito à pauta ambiental. Sem relevar a importância dos déficits sociais, claro!

Reprodução: Revista NORDESTE

MUITOS DESAFIOS NA PAUTA

A Revista NORDESTE entrevistou dois especialistas renomados, a economista e especialista em Desenvolvimento Regional, Tânia Bacelar, e Geraldo Eugênio, engenheiro Agrônomo, professor titular da UFRPE com expertise em estudos no semiárido nordestino. Ambos estudam o contexto regional há longas datas e refutam a imagem de que o Nordeste só atrai investimentos vultosos a partir de incentivos fiscais e ou tributários. Há potencialidades e oportunidades que emergiram e precisam ser valorizadas.  Isso ficou para o passado.

“O Brasil tem uma imagem distorcida do Nordeste do século XXI. Há nitidamente uma mudança na agricultura de alimentos, na agropecuária do gado, na infraestrutura do sistema energético, com abundância da energia do sol, dos ventos, em terra e no oceano…  ar. Não dependemos mais apenas da energia da água como em meados do século passado. Somos hoje exportadores de energia limpa e seremos os desbravadores do novo combustível do futuro, o hidrogênio verde”, reforça Tânia Bacelar, economista e socióloga, especialista em Desenvolvimento Regional e sócia da Ceplan Consultoria, sediada no Recife, mas com atuação em todo o Brasil.

Na avaliação de Tânia Bacelar, os próximos governos vão ter muitos desafios, a começar pela “rebarba” de problemas de toda ordem, herdados do a partir do atual governo federal, em especial a guerra interfederativa, quando a colaboração interfederativa é essencial num país grande e diverso como o nosso. “Isso, sem dúvida, vai dificultar as gestões”, pontua. O Nordeste deu exemplo de reação com a criação do Consorcio Nordeste, mas o diálogo com a União é fundamental!

Entretanto, segundo a especialista, a agenda propositiva de novos projetos em curso ou que estão a chegar à Região vão proporcionar uma economia estruturada, diferentemente, em sua opinião. Enquanto São Paulo perdeu a consistência industrial, o Nordeste atraiu novas indústria. O setor automotivo é um exemplo deste contraste: Pernambuco atraiu um complexo automotivo que busca dialogar com as mudanças do século XXI, enquanto no Sudeste as estruturas do século XX fechavam…. Sinal dos tempos!

Políticas públicas revisitadas e para combater desigualdades herdadas equitativas

Mas, para que isso aconteça de forma equitativa para todos os estados e o Brasil como um todo, há a necessidade de haver diálogo entre todas as unidades da federação e buscar implantar políticas públicas no âmbito federal diferentes das praticadas hoje.

“O papel dos noves governadores a serem eleitos é mostrar o Nordeste verdadeiro, o desconhecido. Fazer uma releitura. O Nordeste não é o mesmo. Precisamos saber mostrar e a região não pode ser mais tratada apenas com políticas compensatórias. de lado. A solução e o desafio para o Brasil são ações e planejamentos que engatem juntos”, sugeriu a economista.

Sendo a Região, o celeiro do Brasil em energia limpa, Bacelar lembra que em meados do século XX quando iniciou estudos sobre a economia nordestina, na Sudene, em 1968, uma cidade como de Fortaleza não tinha era carente de energia elétrica. Hoje, o estado do Ceará está na vanguarda, ao lado da Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí em produção de energia fotovoltaica e eólica. Sem falar no potencial do oceano… E o Cerará 2050 já prioriza a economia do mar.

“São vários exemplos exitosos. Temos o melhor maior rio do Nordeste, o velho Chico, que bancou a energia da região, por muitos anos. Ao mesmo tempo, fizemos a transposição do Rio São Francisco, mais centralizada no eixo Oriental com canais superdimensionados. Hoje temos mais água disponível no NE oriental, do que outrora, embora a bacia do São Francisco precise ser revitalizada. Não há mais aquela imagem de um Nordeste de solo rachado. Se temos seca por oito anos intermitente, não vai mais ocorrer assaltos a supermercados em busca de alimentos, porque os programas sociais chegaram”, pontuou.

Tânia cita estados como a Paraíba e Pernambuco que investem na produção de medicamentos fitoterápicos, a partir da flora de Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e compreende cerca de 10% do território nacional e 70% da Região Nordeste. “Outro exemplo é a cultura do milho no interior nordestino. Há uma revolução no interior nordestino que o Brasil desconhece”, em especial com a interiorização das Instituições de Ensino Superior, acrescenta.

Reprodução: Revista NORDESTE

No social, desemprego ainda impera e sua redução é desafio central

Apesar das oportunidades abundância em alguns setores, a região tem um lado social ainda preocupante.

“Há um hiato que precisa ser tratado com preocupação, já que quase 28% da população nacional que vive no nordeste, tem uma grande parte  que ainda se encontra em situação vulnerável e a região ainda tem pouca representatividade no PIB nacional, destacando-se que no desemprego, o Nordeste que está à frente de outras regiões”.

Segundo dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, a taxa de desocupação apresentou queda em 22 unidades da federação no 2º trimestre de 2022, frente ao trimestre anterior, refletindo a redução, disseminada nos estados, do índice nacional de 14,2% para 9,3% no período. Já no confronto anual, contra o 2º trimestre de 2021, todas as 27 UFs tiveram queda significativa da taxa de desocupação.

Nas grandes regiões, houve redução da taxa do 1º para o 2º trimestre, com o Nordeste registrando a maior taxa de desocupação: 12,7%. A região também abriga os três estados com maior índice de desemprego: Bahia (15,5%), Pernambuco (13,6%) e Sergipe (12,7%).

Já as menores taxas foram em Santa Catarina (3,9%), no Mato Grosso (4,4%) e no Mato Grosso do Sul (5,2%). Registraram estabilidade o Distrito Federal, o Amapá, o Ceará, o Mato Grosso e Rondônia.

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