Política

STF forma maioria para confirmar decisão de Alexandre contra deputado bolsonarista Daniel Silveira

Seis ministros já se manifestaram no sentido de chancelar decisão de Alexandre de Moraes que impôs multa de R$ 15 mil, bloqueou contas e abriu inquérito contra o parlamentar, após o descumprimento da ordem judicial que lhe impôs o uso de tornozeleira eletrônica


01/04/2022

O deputado Daniel Silveira

Estadão



Os ministros do Supremo Tribunal Federal já formaram maioria para confirmar a decisão que estabeleceu multa de R$ 15 mil, bloqueou contas e abriu inquérito contra o deputado bolsonarista Daniel Silveira, após o descumprimento da ordem judicial que lhe impôs o uso de tornozeleira eletrônica.

Edson Fachin, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Rosa Weber, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso votaram no sentido de chancelar o posicionamento de Alexandre de Moraes, relator da ação penal a qual o aliado do presidente Jair Bolsonaro responde por divulgar um vídeo com apologia ao Ato Institucional Número 5 (AI-5) e discurso de ódio contra integrantes da Corte.

As medidas cautelares impostas ao deputado são analisadas no Plenário virtual da corte – ferramenta que permite que os ministros depositem seus votos à distância – em sessão extraordinária de 24 horas, que se encerra na noite desta sexta-feira, 1º.

Dos seis ministros que se manifestaram até o momento, apenas Cármen Lúcia optou por disponibilizar o arquivo de seu voto no sistema, e não só apontar concordância com Alexandre de Moraes. No documento, a magistrada frisou o descaso de Daniel Silveira em relação às decisões do Supremo, lembrando que o parlamentar ‘vem reiteradamente descumprindo’ as ordens judiciais. A ministra inclusive citou alguns episódios, como a tentativa de fuga de deputado, em uma ocasião que foi determinado o restabelecimento de sua prisão.

“Nesse contexto de desobediência reiterada às decisões deste Supremo Tribunal Federal, a fixação de mlta diária e a determinação de bloqueio das contas bancárias do réu são medidas proporcionais e razoáveis para compeli-lo ao cumprimento da decisão judicial que determinou a instalação da tornozeleira eletrônica”, escreveu Cármen Lúcia.

Antes da decisão que impôs multa e abriu inquérito contra o bolsonarista – despacho dado na noite de quarta-feira, 30 – Silveira se negava a colocar a tornozeleira eletrônica. A Polícia Federal e a Polícia Penal do Distrito Federal chegaram a ir até a Câmara para tentar dar cumprimento à medida cautelar, sem sucesso.

Ao apertar o cerco contra o bolsonarista, Alexandre de Moraes disse que Silveira tentou se ‘valer das dependências’ da Câmara dos Deputados como forma de ‘indenidade penal, em completa deturpação da natureza do cargo’.

“Estranha e esdrúxula situação, onde o réu utiliza-se da Câmara dos Deputados para esconder-se da Polícia e da Justiça, ofendendo a própria dignidade do Parlamento, ao tratá-lo como covil de réus foragidos da Justiça”, diz um trecho da decisão.

O deputado recuou e colocou o aparelho de monitoramento eletrônico na tarde desta quinta-feira, 31, na sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O horário de instalação do equipamento foi fixado por Alexandre de Moraes na manhã do mesmo dia.

Os ministros ainda vão voltar a analisar o caso de Silveira no dia 20 de abril, quando se dará o julgamento da denúncia em que a Procuradoria-Geral da República imputa ao bolsonarista os crimes de grave ameaça e incitar a animosidade entre o tribunal e as Forças Armadas. A defesa do parlamentar tenta adiar a análise das acusações.

A decisão sobre a recolocação da tornozeleira eletrônica em Silveira também deve ser analisada pelo Plenário do STF no dia 20. Há a expectativa de que as medidas cautelares contra o parlamentar sejam definidas novamente durante o julgamento.



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