Paraíba

Asplan e Energisa unem forças para combater incêndios criminosos em canaviais da Paraíba

Só este ano já foram registradas mais de 140 ocorrências no estado, que fizeram com que 400 mil unidades consumidoras de energia na Paraíba ficassem sem o fornecimento do serviço.


20/09/2021

O presidente da Asplan, José Inácio, formalizou união com Energisa para combater incêndios em canaviais (Foto: divulgação/Asplan)

Portal WSCOM

Um grupo de trabalho com o intuito de rastrear e denunciar às autoridades policiais as autorias de incêndios criminosos e ilegais em canaviais paraibanos foi formalizado na última sexta-feira (17), durante reunião de representantes da Companhia Energética da Paraíba – Energisa e diretoria da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan). Só este ano, segundo dados da Energisa, já foram registradas mais de 140 ocorrências no estado e o tempo seco (que ainda seguirá até dezembro), associado às altas temperaturas e atitudes dolosas, já fizeram com que 400 mil unidades consumidoras de energia na Paraíba ficassem sem o fornecimento do serviço. Os produtores de cana, que repudiam essa prática ilegal e criminosa, também temem por mais perdas na safra visto que também são prejudicados com essas ocorrências de queimadas criminosas.

Durante a reunião, da qual participaram a Gerente de Distribuição e Manutenção da Energisa Paraíba, Danielly Formiga, o coordenador de operações, Júlio César Calisto e Eduardo Assunção, coordenador de manutenção, criou-se um grupo de whatsapp onde todos os envolvidos terão acesso a localização e informações sobre focos de incêndios. A ideia é tornar mais rápido o acesso ao local e a descoberta da autoria. Vale lembrar que a maior parte dos focos de incêndio nas plantações de cana tem origem nas áreas limítrofes com rodovias e geralmente ficam próximo à comunidades. Bitucas de cigarro, fósforos, limpeza de terrenos com fogo, são algumas dos exemplos dessas condutas. “São perdas irreparáveis. O tempo todo sou vítima desses incêndios, já perdi quase cinco mil toneladas de cana e ainda respondi na Justiça por um ato que não cometi”, disse o diretor tesoureiro da Asplan, Oscar  Gouveia.

 

A reunião aconteceu no auditório da Asplan (Foto: divulgação/Asplan)

O constrangimento de ser apontado como responsável pelos focos de incêndios tem sido uma preocupação para a classe produtiva. A produtora de cana, Ana Cláudia Santana, comentou a respeito afirmando que é uma questão cultural. “Fazemos tudo controlado. Isso já é uma questão cultural de achar que o produtor, pequeno ou grande é sempre o responsável por tudo de mau que acontece”, comentou.

O vice-presidente da Asplan, Raimundo Nonato Siqueira, lembrou aos presentes que produtor não faz queimadas durante o dia e que todas as queimadas realizadas pelos produtores associados à Asplan são controladas e programadas, inclusive, com aporte de carros-pipa, caso haja alguma intercorrência. “É mais seguro realizar a queimada pela noite, quando as temperaturas são mais baixas e quando a vegetação está mais úmida, restringindo o alastramento do fogo e os ventos mais fracos. Observem os horários dos incêndios. Nós não queimamos cana assim e nem durante o dia e também fazemos com o auxílio de carro-pipa e levando em consideração as condições ambientais favoráveis como força e a direção do vento, que direciona o fogo, fazendo com que ele queime com maior ou menor rapidez”, disse o dirigente, lembrando que queimadas durante o dia é fogo criminoso.

O produtor José de Souza, que fez questão de participar da reunião, deu seu depoimento à equipe da Energisa sobre os incêndios criminosos. “Tenho cana há 18 anos e nunca coloquei fogo de forma desordenada e nem na cana do vizinho. Inclusive já adiei diversas vezes por não ter as condições favoráveis ou o carro-pipa não estar comigo na ocasião. No entanto, já foi culpado por incêndio criminoso sem ter nada a ver com o acontecido”, desabafou o produtor.

O coordenador de operações da Energisa, Júlio César Calisto, destacou que essa foi uma manhã de aprendizado e que a ideia é justamente esta: a cooperação entre entidades para que se saiba como agir. “Aprendi muito hoje. Vi que o produtor não põe fogo na cana durante o dia, por exemplo, porque não tem como controlar pela temperatura e ventos. Então temos muito a ganhar com essa comunicação mais direta”, comentou ele, que junto à sua gerente Danielly Formiga, já saiu do encontro na Asplan com a sugestão de se montar um mapa cronológico de toda a safra, bem como os trajetos de escoamento da safra para o acompanhamento direto da Energia.



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