SGPB

Sociedade de Gastroenterologia da Paraíba.

Saúde

O Helicobacter pylori: qual o seu papel no organismo?


25/08/2021

Irigrácin Lima Diniz Basílio, médico especialista em gastroenterologia

Por SGPB

*Por Irigrácin Lima Diniz Basílio

O Helicobacter pylori é uma bactéria que habita exclusivamente o estomago de seres humanos podendo causar doenças digestivas como a gastrite crônica, a úlcera e até o câncer gástrico. Estudos epidemiológicos apontam para aumento dos casos de infecção em países com baixo índice de desenvolvimento humano. As precárias condições de higiene e de saneamento associado a aglomeração de pessoas em uma mesma moradia e o baixo nível de educação são fatores determinantes para aquisição da infecção pela bactéria. No Brasil, é possível encontrarmos ocorrências superiores a 60% em algumas regiões. Na Paraíba, por exemplo, estudo epidemiológico realizado na cidade de Campina Grande com pacientes referindo queixas gástricas comprovou uma ocorrência de 60% quando analisado as biópsias do estomago coletadas através da endoscopia digestiva. O principal meio transmissão da infecção é o alimento e a água, apesar de que ainda não está bem estabelecido. Essa transmissão pode ser direta entre humanos através do compartilhamento de alimentos, saliva ou secreções e indireta através da ingestão de alimentos contaminados com a bactéria. Uma vez infectado, a apresentação clínica pode ser silenciosa ao longo da vida sem queixas, porém quando presente as queixas de dor ou desconforto no estomago associado com outros sintomas como náuseas e vômitos devem conduzir o paciente ao especialista e uma vez não tratada pode aumentar o risco de complicações como a hemorragia, principalmente em pacientes que estejam usando antiinflamatórios. Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, algumas indicações servem de recomendação para a pesquisa do Helicobacter pylori, são elas:

 

– Passado ou presença de inflamação e/ou úlcera no estomago;
–  Pacientes com parentes próximos apresentando história de câncer de estomago;
– Pacientes com doença do refluxo em uso antissecretores por longo tempo (ex. Omeprazol);
– Anemia por deficiência de ferro cuja causa não foi definida.

 

O diagnóstico da infecção é realizado a partir da endoscopia digestiva cuja confirmação se dá através do achado da bactéria em biópsias colhidas no estomago. Uma vez confirmada a infecção, o tratamento deve ser realizado com antibióticos durante um período de 14 dias necessitando de nova endoscopia digestiva após 4 semanas do término do tratamento para controle. É fundamental que o paciente realize o tratamento sem interrupção, que não consuma bebidas alcóolicas e evite o cigarro antes e durante o tratamento para que o sucesso não seja comprometido. Em alguns casos pode ser necessário repetir o tratamento com outros esquemas terapêuticos caso a infecção ainda persista após a endoscopia de controle. Para evitar falha no tratamento, a comunicação com o seu médico é importante para uma melhor adesão pois através dele é possível compreender como deve tomar os medicamentos, como realizar o controle e qual a maneira adequada de conduzir diante dos eventos adversos que possam aparecer.

 

Bactéria Helicobacter pylori (Imagem ilustrativa)

Considerando sua alta ocorrência e sua relação com as condições precárias de higiene e saneamento, acometendo principalmente populações com baixa renda familiar e com dificuldade de acesso à educação, podemos afirmar que a infecção pelo Helibacocter pylori é um problema de saúde pública que exige cuidados preventivos com relação a manipulação dos alimentos e da água além da aplicação de medidas higiênicas como a lavagem das mãos antes das refeições e após uso do banheiro, como também a limpeza adequada dos alimentos antes do consumo e preferência pela ingesta de água filtrada ou fervida antes do consumo. São medidas básicas para promover saúde e diminuir os riscos, porém não deixe de procurar um especialista quando apresentar sintomas suspeitos para doenças digestivas.

 

SOBRE O AUTOR:

Irigrácin Lima Diniz Basílio – CRM 5169/PB

– Graduado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 2000;

– Residência médica em Clínica Médica (2004) pela Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC);

– Residência médica em Gastroenterologia (2006) pelo Hospital das Clínicas de Pernambuco (UFPE);

– Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Pernambuco (2009);

– Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2017);

– Título de especialista em Endoscopia Digestiva (2013) pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva;

– Professor Adjunto de Gastroenterologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG);

– Professor Adjunto de Semiologia Geral da UNIFACISA;

– Membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG);

– Coordenador da Comissão de Assuntos Digitais da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG);

– Ex-presidente da Sociedade de Gastroenterologia da Paraíba (2019-2020).

 

 


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