Saúde

Psicólogas avaliam o impacto da Pandemia e o ‘Novo Normal’


25/08/2020

Por Gil Sabino



A vida mudou. As pessoas no planeta tiveram de ficar involuntariamente dentro de casa por conta do evento da pandemia do Coronavírus, a Covid-19, que infecta o mundo e chega próximo a um milhão de mortes.

Na Paraíba o impacto da pandemia não foi diferente, embora o saldo de óbitos tenha sido previamente limitado por conta dos protocolos aplicados pelo Governo Estadual contra a infecção em massa.

A redação foi conversar com duas importantes psicólogas que atuam em nossa sociedade, para saber quais impactos a pandemia trouxe para o novo normal: Mayara Almeida, que além de psicóloga é também atuante escritora no grupo literário Sol das Letras, especialista em psicologia clínica, psicanálise, especialista em gestão de pessoas, e educadora em disciplina positiva. E Maurília Guimarães, com formação no campo da psicologia clínica, idealizadora do projeto PSI de Solidariedade, que reúne grupo específico para tratamento em período de pandemia. Ela formou uma equipe de psicólogos de atendimento com base na abordagem cognitiva comportamental, psicanalítica e abordagem centrada na pessoa.

Maurília Guimarães conta que, usando regras e protocolos o grupo tem feito atendimento e observou um aumento nos sintomas de ansiedade, estresse pós-traumático e fobias e outras demandas. Porém, segundo ela, existe ainda uma resistência cultural em cuidar da saúde mental. É importante lembrar que cuidar da mente e tão importante quanto cuidar do corpo.

Para os atendimentos, durante a pandemia tivemos que nos adaptar as regras da Organização Mundial da Saúde (OMS), colocando álcool gel em todos os ambientes, o uso obrigatório de máscaras, Distanciamento adequado de dois metros, higienização dos consultórios entre os atendimentos, salas arejadas e com janelas abertas. O PSI de Solidariedade veio para dar suporte psicológico às pessoas que não tinham condições de pagar uma terapia, e que estavam em um momento de estresse.

Mayara Almeida atua em consultório particular, no Instituto homônimo, e realiza atendimento clínico à bebês e seus pais, crianças e adultos. Também acontecem grupos de estudos, rodas de conversas com temas voltados à reflexão sobre saúde mental e oficinas.

Sobre o que mudou com o evento da pandemia ela diz que “muitas pessoas precisaram parar. Não todas. Veio o Home office, o atendimento remoto. Redução na carga horária de trabalho externa. Porém a carga interna, essa não. Houve também redução de salários, preocupações, estresse, crises emocionais, dúvidas. As pessoas precisaram conviver mais consigo mesmo – uma hiper convivência – e com os seus pares, e com os medos intensos de perder, morrer, não saber… As famílias precisaram se olhar mais de perto, sem pressa, se ouvir mais, sem hiatos. Um tempo de barulhos ensurdecedores: por fora e por dentro. Um caos social, econômico e sanitário. Houve quem não pôde velar os seus mortos, enterra-los. Um rito bruscamente impedido. De novo, um caos.

Aulas remotas. Mas a escola nunca será em casa. Professores exaustos, jornada contínua. Mães e pais também, e principalmente mães. Muitos filhos, muita coisa, muito tudo. Tem sido um movimento intenso para a grande maioria. Houve então quem não suportou: se reservou, adoeceu, separou. Idosos afastados, de risco. Em risco? Comunicação massiva por telas. Sem abraços. Isso doeu”.

Ainda continuando, a doutora Mayara Almeida afirma: – “Bom, o fato é que a vida tem voltado a seguir – não normalmente; não haverá mais normal, não o de antes, nem o novo normal. Haverá mesmo o diferente, e é preciso nomear assim, para dar-se conta de um outro lugar que será construído e constituído pelas atitudes de ontem por diante. Perguntam-me o que esperar, como vai ser? Vamos ver, não é possível prever”.

“Também foi curioso perceber e destacaria uma parcela de pessoas que gostou da rotina desacelerada, quando conseguiu produzir mais, descansar mais, amar mais”.
Finalizando, ela diz que “as crianças tem surpreendido. Elas são produtoras de um portal de fantasia que oferece uma esperança necessária. Uma esperança por dia. Tem sido bonito o privilégio de acompanhar. Claro, se incomodam, tem dias ultra difíceis, mas elas carregam uma leveza que deve ser até imitada. A gente ganharia em saúde mental. E isso é muito”.

Contatos:
Instituto Mayara Almeida – 83 9 8740-2797
Maurília Guimarães – 83 9801-0289
mauriliaguimaraes123@gmail.com



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