Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A exigência do tratamento diferenciado


18/09/2017

Foto: autor desconhecido.

 

Desconfio das pessoas que exigem tratamento diferenciado quando estão no exercício de algum cargo que lhes confere poder ou autoridade. Na minha compreensão o respeito não se manifesta no título de quem se considera em situação de superioridade, mas na forma em que se estabelece o diálogo, onde a hierarquia não explicita distinção humana.

A autoridade não se impõe, se conquista. Portanto, desnecessário se faz chamar alguém de “excelência” ou doutor” para que se defina a condição de reverência ou consideração. A saudação de respeito é aquela em que não se configura quebra de hierarquia ou insubordinação.

Quando vejo a cobrança de tratamento diferenciado, presumo que a pessoa que faz essa exigência expõe uma personalidade marcada pela arrogância, empáfia, soberba. Só consegue exercer sua autoridade quando impõe medo, colocando o interlocutor numa situação de submissão, inferioridade. São indivíduos que se consideram acima dos normais. O envaidecimento de uma pessoa não a credencia a ser mais respeitada. Pelo contrário, sugere a imagem de insegurança, incompetência, a necessidade de se destacar como autoridade, nem que seja por imposicao.

Sinceramente, tenho pena de quem se comporta assim. Não consigo enxerga-lo como alguém que se sobressai por suas qualidades. Na minha concepção se diminui, por não saber exercer com equilíbrio as funções que lhe são determinadas pelo cargo que eventualmente esteja ocupando. Quero acreditar num mundo idealizado por Rui Barbosa quando dizia: “Eu não troco a justiça pela soberba, não deixo o direito pela força”.


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