Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O processo de desumanização do mundo


04/02/2017

Foto: autor desconhecido.

 

O mundo contemporâneo vive uma crise de valores. A sociedade atual vem subvertendo os valores que ela própria instituiu. O interesse pela dominação, a conquista e a exploração está brutalizando o ser humano. É um processo preocupante de animalização ou coisificação do ser humano.

As notícias que nos chegam no início de cada dia demonstram esse avanço da desumanização do mundo. A exclusão, a violência crescente, os conflitos permanentes e as crises repetitivas, alimentam essa dinâmica social de estímulo à desumanização. Percebe-se de forma assustadora que vivenciamos uma deteriorização política e cultural.

Vi recentemente a notícia de que o parlamento russo aprovou a “lei da bofetada”, em que discriminaliza agressões físicas com dor, desde que não causem lesões corporais graves. Precisa prova maior de desrespeito aos direitos humanos? Isso é procedimento próprio de animais irracionais. A violência doméstica deixa de ser uma ofensa criminal para ser uma ofensa administrativa.

Os Estados Unidos elegem um presidente que ameaça o mundo com suas ideias racistas e práticas contrárias ao sentimento de fraternidade que deve prevalecer entre os humanos. A xenofobia, o machismo, a LGTBfobia e o racismo, são características do novo xerife do planeta. Longe de considera-lo um humanista.

Em nosso país um pretenso candidato a presidente da república age em consonância com o atual mandatário norte americano. Chega a fazer a apologia da tortura como bandeira de campanha política. E o pior é que existe muita gente aplaudindo suas sandices. Profere declarações polêmicas sobre temas delicados como homossexualidade, racismo e ditaduras militares. Mas faz isso de caso pensado porque sabe que tem quem acompanhe seu pensamento, por mais assombroso que isso possa parecer.

Nesta semana que se encerra, acompanhamos com bastante preocupação a manifestação odienta do fanatismo sádico, quando algumas pessoas movidas pelo ódio político, comemoraram a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia. É algo que foge a qualquer entendimento do que seja espírito de fraternidade cristão. Chegou ao ponto de se ver médicos que a assistiam no hospital festejando em grupos de whatsapp sua internação no enfrentamento de um AVC. Mais cruel ainda foi verificar que houve por parte de companheiros profissionais da saúde a orientação para “romper o procedimento e assim permitir que o capeta a abraçasse mais rápido”. Não é atitude que se espere de um ser humano, muito menos de quem fez no juramento de Hipócrates, o compromisso de salvar pessoas.

Esse episódio do falecimento de dona Marisa é bem a demonstração desse comportamento que explicita o processo de desumanização que estamos vivendo. Que Deus tenha misericórdia de todos nós.


 


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