Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

As artes como disciplina no ensino médio


24/09/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Tenho feito um esforço enorme para compreender as razões de retirar as artes da grade curricular do ensino médio no Brasil. Confesso que não encontrei ainda a resposta que me convencesse.

Cercear à criança ou ao pré-adolescente a oportunidade de ter acesso à arte como linguagem que expressa conhecimento, é limitar sua capacidade de raciocinar, desenvolver a inteligência. O ensino da arte estimula a criatividade, mexe com as emoções e os sentimentos, abre a porta das ideias. A educação artística promove interação social, revela talentos, potencializa a multiculturalidade. Cabe também à escola a responsabilidade de despertar sensibilidades artísticas.

No aprendizado das artes exercita-se a aptidão para a crítica, a habilidade para inovar, a disposição para dar asas à imaginação. E isso são necessidades da sociedade. Nenhuma cultura se fortalece sem que seus cidadãos sejam educados de forma a poderem descobrir suas aptidões artísticas. A arte ajuda a perceber o significado de valores nas relações humanas e a estabelecer consciência da existência social.

A arte não pode ser compreendida apenas como mercadoria, mas como fonte de educação e humanização. A arte como disciplina abre caminhos para reflexão crítica dos modos de agir na sociedade. Quem sabe esteja aí uma das razões para tirá-la da grade curricular do ensino médio. O receio de formar questionadores das relações sociais vigentes. Não estou determinando o objetivo, apenas provocando a análise da questão.

Vou continuar empenhado em captar as verdadeiras razões dessa decisão de governo, na expectativa de que, por trás dela, não existam interesses outros que não sejam a melhoria do ensino médio em nosso país. Mas retirando as artes como disciplina, fica difícil vislumbrar melhorias neste sentido.

 


 


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