Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A pressa


12/07/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Vivemos um tempo em que achamos que tudo tem de ser feito na velocidade. A ansiedade é uma característica da sociedade contemporânea. Por isso somos frequentemente atingidos pela impaciência, ausência de calma, e nos precipitamos em ações movidas pelo açodamento, imprudência, azáfama. A pressa, portanto, é um padrão de comportamento da contemporaneidade, porque entendemos que é importante antecipar os acontecimentos.

“O raciocínio e a pressa não se combinam”, é o que dizia o pensador e dramaturgo grego Sófocles. O impulso para se conseguir algo rapidamente, quase sempre é determinado pela sofreguidão, e dificulta a capacidade de agir com base na racionalidade. Não nos conscientizamos de que tudo chega a seu tempo, não adianta querer resolver nada com muita pressa. Em uma de suas canções bastante conhecidas, Chico Buarque diz: “não se afobe, não/que nada é pra já”.

Na verdade o desejo intenso por alguma coisa é que gera a pressa. A celeridade que se imprime a determinadas empreitadas é normalmente a causa de muitas trapalhadas. A vontade de fazer algo com urgência é que promove a sensação de que não se pode perder tempo e colocar pressa nas atitudes. A inquietude provoca o desespero e na aflição chegamos a cometer muitos enganos na motivação da pressa.

Prestemos então atenção a outra máxima da sabedoria popular “devagar se vai ao longe”. Não sejamos reféns da necessidade de que devemos fazer mais em menos tempo. Quando desaceleramos nossos movimentos na vida, encontramos com mais facilidade as alternativas e os caminhos novos que encurtam as distâncias para alcançar o que queremos. O excesso de pressa desequilibra o emocional e causa sofrimentos. Os porquês da vida são descobertos mediante a persistência, a tolerância, a disciplina, condições essenciais para que evitemos nos apressar na luta pelas conquistas.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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