Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O hedonismo


19/06/2016

Foto: autor desconhecido.

 

O panorama social da atualidade nos faz visualizar uma tendência do ser humano à busca da felicidade como propósito maior da vida. Nada de anormal nisso, claro. Somos fascinados pelo prazer, pela alegria do viver bem, pela vontade de usufruir o que é agradável aos nossos sentidos. O que não pode acontecer é fazer desse desejo pelo prazer momentâneo uma filosofia de vida.

Essa teoria moral de que a busca da felicidade está intrinsecamente associada à conquista do que dá prazer, recebe o nome de “hedonismo”. Vem da palavra grega “Hedonê”, que significa prazer, vontade. O hedonismo, portanto, vai de encontro a muitas doutrinas religiosas que não admitem o prazer como o supremo bem da vida humana. Não porque o prazer possa ser considerado pecaminoso, mas porque estimula o egoísmo, o interesse pessoal acima do coletivo, à ansiedade pelo gozo independentemente das suas consequências a “posteriori”. O prazer fugindo da racionalidade.

O delírio coletivo do consumismo é o principal incentivador do hedonismo. Somos induzidos à ilusão de que o consumo atende a demanda da felicidade. É como se fôssemos convencidos pela propaganda e pela mídia de que ser feliz depende da aceitação do que nos é oferecido.

A cultura do hedonismo promove o desapego às relações interpessoais porque prevalece a lei do individualismo em busca do prazer. A experiência da alegria, ao realizar desejos, é essencialmente a base do que se possa considerar um estado de felicidade. O problema é que algumas vezes pode ser uma transitória oportunidade de evitar ou minimizar o desprazer.

Livrar-se do sofrimento e da inquietude é o que todo ser humano aspira. No entanto, há de se considerar a escolha a ser feita em direção da conquista da felicidade almejada. Freud coloca bem essa questão: “Qualquer escolha levada a um extremo, condena o indivíduo a ser exposto a perigos, que surgem caso uma técnica de viver, escolhida como exclusiva, se mostre inadequada”.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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