Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O Grupo Escolar


08/06/2016

Foto: autor desconhecido.

 

O pessoal da minha geração sabe muito bem o que eram os grupos escolares. No início da república o Brasil passou a adotar em alguns Estados o ensino primário, curso ministrado em quatro séries com o objetivo de oferecer educação intelectual, física e moral, para as crianças na faixa etária compreendida entre os seis e dez anos de idade. Essa fase de educação era vivida num modelo de organização chamado “grupo escolar”, escolas públicas que correspondiam ao que atualmente conhecemos como educandários do ensino fundamental. Na Paraíba os primeiros grupos escolares foram implantados em 1916.

Em 1958 João Pessoa já possuía várias dessas instituições de ensino. Eu e minhas irmãs, Rita e Fátima, fomos matriculados no Grupo Escolar Dr. Otacílio de Albuquerque, localizado em Miramar, bairro novo da Capital, onde passamos a residir, na Avenida Tito Silva. Era uma escola moderna para os padrões da época.

Não usávamos ainda a caneta esferográfica. Escrevíamos com os lápis grafite mesmo, por isso era indispensável no nosso material escolar o apontador, ou lapiseira como chamávamos. Havia também, no nosso equipamento, o caderno de caligrafia, que tinha o objetivo de trabalhar uma letra bonita. Para mim isso não funcionou muito bem, pois minha escrita atual é quase ilegível.

Nas primeiras aulas de português eram aplicados os ditados de palavras e as leituras de textos em voz alta. Com certeza esse método pedagógico ajudava o aluno a escrever corretamente e favorecia a fluência e melhor compreensão do que se lia. Atribuo a essa prática, dos primeiros anos de curso primário, a facilidade que possuo atualmente para redigir.

O aprendizado inicial da matemática se fazia através da tabuada, decorando resultados das quatro operações aritméticas. Nossa tarefa era ter na ponta da língua os números das contas de somar, diminuir, multiplicar e dividir.

Entre as disciplinas estavam ensinamentos religiosos, na orientação católica, ainda que o Estado já fosse constitucionalmente laico. E as aulas de canto, onde aprendíamos a entoar o hino nacional e da Paraíba.

Essas reminiscências têm um tom nostálgico, e nos fazem relembrar com saudades de um tempo em que as escolas, ainda que não fossem tão modernas quanto são hoje, eram mais aconchegantes e seus ambientes de agradável convivência infantil. O ensino público podia ser considerado de boa qualidade e existiam poucas escolas particulares.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


 


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