Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A sensibilidade


25/04/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Discordo dos que defendem a tese de que a sensibilidade por vezes deixa as pessoas frágeis, vulneráveis, ameaçadas. Esses vêem o mundo exclusivamente pela ótica da racionalidade, sem compreenderem a linguagem do coração. Os insensíveis são pessoas frias, ausentes de carinho e afeição, indiferentes às belezas da vida.

É verdade que, quando estamos com a sensibilidade à flor da pele, nos magoamos com mais facilidade, nos decepcionamos com mais frequência, nos comportamos na influência do medo. No entanto, nada justifica deixar de dar valor às emoções, potencializar os sentimentos íntimos. As surpresas que a sensibilidade exagerada nos apronta, de forma desagradável, devem ser vistas como alertas na vida, nunca como imperfeições da alma.

A sensibilidade nos permite enxergar grandeza nas coisas mais simples, perceber delicadeza nas atitudes puras e ingênuas, vivenciar a suavidade encantadora da natureza. Quando perdemos a sensibilidade ficamos a um passo da estupidez. Ser sensível é estar sempre pronto a oferecer amor, ser solidário nos momentos de alegria e tristeza, oferecer o abraço amigo nas horas precisas.

A inspiração dos artistas e dos poetas nasce da sensibilidade que brota do espírito. Eles conseguem compreender melhor a alma humana porque são emotivos, traduzem espontânea e francamente as sensações que nos oferecem os prazeres da vida, colocam lirismo nas ocorrências rotineiras do nosso cotidiano. São tocados pela sensibilidade aguçada.

Como afirma Clarice Lispector, “jamais eu quero perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma”.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.


 


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