O espírito humano vive à procura da verdade e da certeza. Esse é o fundamento da concepção aristotélica de que “a dúvida é o princípio da sabedoria”. A busca do conhecimento é estimulada pelas incertezas, a falta de convicção sobre algo. Da dúvida nascem os questionamentos, a reflexão, o estudo, a necessidade da investigação.

Enquanto para uns a dúvida é um sinal de vacilo, hesitação, medo, para os filósofos é a base para alcançar o amplo saber. Quando alguma coisa se torna incompreensível necessitamos de uma explicação racional. O mundo vive em permanente mutação, a cada instante nos deparamos com novidades que despertam nossa curiosidade. Assim, somos convocados a enfrentar problemas constantemente e obrigados a encontrar soluções. Todo problema pressupõe uma dúvida.

Diante da dúvida somos compelidos a assumir uma atitude de reflexão. As perguntas surgem para que as analisemos e tenhamos as respostas que se fazem necessárias. É a inquietação para entender o porquê das coisas. Acho que todo conceito é vulnerável à dúvida. Não exatamente como afirmação do ceticismo, mas como desejo de melhor justificar a aceitação do que passe a admitir como verdade.

Amparado nesse exercício de pensamento, não me envergonho das crises de dúvidas. Elas, antes que me tornem um indeciso, me possibilitam encontrar caminhos mais acertados, porque determinados por um senso lógico que minimiza as indagações. Quero continuar me valendo das dúvidas para conhecer a realidade do mundo.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.