Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O patrulhamento


06/04/2016

Foto: autor desconhecido.

Sou um amante da liberdade. Portanto, não aceito e condeno qualquer tipo de patrulhamento com o intuito de exercer pressão sobre ações, pensamentos e escolhas que fazemos no dia a dia. A vigilância permanente é uma forma de cerceamento da independência comportamental que todos nós gostamos de ter.
A prática mais comum de patrulhamento é a que se estabelece na censura de condutas, posições e idéias que contrariem ao que algumas pessoas entendem como politicamente corretas No patrulhamento ideológico se faz uso da intimidação para tentar calar ou impedir que posições divergentes sejam expostas. Não se aceita o debate democrático, a crítica racional, a discordância mesmo com argumentos. Por isso se parte para a desqualificação do opositor, procurando desmoraliza-lo diante de outros. Cria-se o terrorismo intelectual e moral.
Mas, além do patrulhamento pautado em interesses políticos, ideológicos ou religiosos, existe o patrulhamento pessoal. Observamos esse tipo de “policiamento”, no comportamento de pais, professores e nas relações afetivas. Há um entendimento de que assim conseguirão impedir o cometimento de atitudes que causem descontentamento ou contrariedades ao patrulhador. O rigor na educação é a desculpa motivadora dessa postura de pais e professores. Partem da compreensão de que têm a responsabilidade de observar atentamente cada passo do filho ou aluno, na convicção de que assim o protegerá de más influências e do desvio de comportamento

Não estou advogando a liberdade desregrada, sem limites, na pregação da desordem e da desobediência civil. Defendo a liberdade usufruida com responsabilidade, avaliando conseqüências dos atos e discursos, conforme conceitua Jean Paul Sartre: “O homem é, antes de tudo, livre. O homem é nada, antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo”.
Em síntese, concluímos que qualquer forma de patrulhamento é desrespeito ao princípio da liberdade de agir e pensar. Ninguém tem a faculdade de restringir pensamentos e ações de quem quer que seja, em nome de concepções ideológicas ou obediência a autoridades.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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