A tolerância é uma atitude social e individual em que aceitamos conceitos e valores diferentes dos nossos. Admitimos as dessemelhanças, as opiniões contrárias, os comportamentos divergentes. Praticamos a contemporização, a transigência, no respeito ao discrepante do que entendemos como correto.

Toleramos por princípios de civilidade, por razões de ordem moral, por motivações políticas, ou até por conveniência. Somos compelidos a aceitar o que não se quer e o que não podemos impedir. Suportamos a existência do que desaprovamos Assim evitamos conflitos e respeitamos a diversidade.

Contudo, a tolerância também tem limites. É inadmissível que em nome da tolerância permitamos a violação dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Há casos em que as razões para a rejeição se afirmam superiores às razões para a aceitação. Tolerância e passividade, não são palavras sinônimas. Não pode haver indiferença quando da observação de atos considerados criminosos.

Desde 1945, já se estabelece como acordo internacional, registrado na Carta aos Direitos Humanos, a observância da tolerância ao livre pensamento. Esse é um tema que está presente no debate político-filosófico da contemporaneidade, buscando encontrar os mecanismos institucionais e culturais que se fazem necessários para colocá-lo na vivência cotidiana da sociedade. Afastar qualquer forma de patrulhamento ideológico que procure impor um padrão único de pensamento. Aí se define o que podemos chamar de tolerância civil.

A permissividade, em determinadas ocasiões, se compara a um acovardamento moral perante a transgressão de valores que preservam os conceitos éticos de respeito aos direitos humanos. Tomás de Aquino já dizia que “a tolerância não pode ser confundida com a cumplicidade no erro”. Ao tolerante aconselha-se a virtude da paciência, mas não a conivência com o injusto, o criminoso, o incorreto, o aético, o amoral.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.