Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O mandonismo


20/02/2016

Foto: autor desconhecido.

 


Tem muita gente que não se deu conta de que vivemos um tempo em que os direitos cidadãos não permitem posturas arbitrárias no exercício do poder de mando. Mas é uma postura muito presente ainda, principalmente nas relações de trabalho. Chefes que se consideram os “mandões”, desrespeitando regras básicas de civilidade e de normativas que disciplinam suas competências. É o que chamamos de “mandonismo”.


Sua origem se deu no Brasil Colônia, quando das capitanias hereditárias, com a figura dos donatários. Isso foi a base do “coronelismo”, que vem a ser o “mandonismo” de hoje. Antes os senhores de engenho, hoje os chefes que se julgam com poderes superiores aos que de fato possuem. Fazem da prepotência e da arrogância seu estilo de comandar.


Abusam da sua capacidade de gerenciar. Ordenam ao invés de orientar. Obrigam a cumprir suas determinações sem permitir questionamentos. Acaudilham, porque não sabem liderar. Estabelecem imposições pela força, não pelo convencimento. Agem coercitivamente.


Não é muito difícil ouvirmos expressões como: “aqui quem manda sou eu” ou “eu quero, eu posso, eu mando”. Esse tipo de comportamento só vai desaparecer quando houver de todos nós uma consciência cidadã dos nossos direitos e dos nossos deveres. Quando não se tiver mais a necessidade de se submeter às vontades arbitrárias daqueles a quem se vê vinculado hierarquicamente. Quando as chefias sejam exercidas por pessoas que tenham noção do que seja responsabilidade no ato de gerir, saibam atuar como líderes, não se arvorem poderosos.


O “mandonismo” precisa ser afastado de vez da nossa cultura política e administrativa. Já estamos avançando nessa direção. Essas atitudes podem ser punidas como prática do crime de assédio moral. Mas mesmo assim, continuamos vendo os “mandões” por aí, intimidando, coagindo, perseguindo e humilhando seus comandados.


• Integra a série de textos “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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