Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A morte de José Américo de Almeida


09/11/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A Paraíba ainda comemorava o grande feito futebolístico do Botafogo vencendo o Flamengo no Maracanã, quando foi surpreendida por uma triste notícia. No dia dez de março de 1980 falecia o Ministro José Américo de Almeida, na época o mais importante paraibano vivo. Passamos repentinamente de um sentimento de alegria e de comemoração, para vivermos o luto e a consternação.

Seu corpo foi velado no Palácio da Redenção, local em que recebeu as últimas homenagens dos seus conterrâneos. Uma grande multidão compareceu ao velório, verificando-se cenas de comoção popular e de profundo abatimento coletivo. Antes do sepultamento, foi celebrada uma missa de corpo presente, ministrada pelo arcebispo Dom José Maria Pires, quando afirmou: “ele representa a lição de um homem que fez da política uma missão de servir ao povo, acima dos interesses pessoais e das siglas partidárias”.

Personalidades de todo o país se fizeram presentes, em reverência a esse paraibano que em vida nos encheu de orgulho por sua atuação política e pela produção literária. Entre elas o então senador José Sarney, que ao discursar declarou: “Em breve o Sol do Nordeste fará murchar a flor que todos nós depositamos sobre o seu túmulo. Mas nesse instante José Américo abandonará a Paraíba e este tão querido Nordeste, para que esta flor se transforme num marco definitivo da história, onde ele ficará como referência das mais importantes da história do Brasil”.

O governador Tarcisio Buriti determinou oficialmente que a residência em que ele viveu, na praia do Cabo Branco, tornasse, a partir de então, um museu, ocasião em que fundou a Fundação Casa de José Américo. “Trata-se de uma homenagem das mais justas a um homem que sempre procurou servir ao seu povo com dedicação e projetou a Paraíba da melhor forma no cenário político e cultural da Nação”, pronunciou o governador ao assinar o ato que criava a Fundação.

Meu pai estava visivelmente abatido ao acompanhar aquele ato fúnebre. Era um dos seus mais entusiasmados admiradores, conhecendo bem a sua obra literária e a sua biografia. O próprio José Américo chegou a dizer: “Deusdedit leitão sabe mais sobre mim do que eu próprio. De vez em quando ele me lembra de histórias por mim vividas que já havia esquecido”.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.