Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Lula aparece no cenário político nacional


17/10/2015

Foto: autor desconhecido.

 

No mês de março de 1979 aconteceu a maior greve operária do período pós AI 5. Calculava-se em oitenta mil trabalhadores o número de participantes na assembléia geral dos metalúrgicos da região do ABC paulista. A reunião aconteceu no estádio Vila Euclides, em São Bernardo. A motivação do movimento paredista era a campanha salarial, mas na verdade a força impulsionadora das reivindicações se concentrava na penalização a que estava sendo submetida a classe trabalhadora do país, em razão da crise econômica que se agravava. Naquela oportunidade se fez presente ao estádio o compositor e poeta Vinicius de Moraes que recitou o poema “Operário em Construção”.

O Brasil acompanhava o desenrolar dos acontecimentos e ouvia, pela primeira vez, falar no nome de Luiz Inácio Lula da Silva. Presidente do sindicato dos metalúrgicos, Lula já militava no sindicalismo desde 1972, mas só a partir daí passou a ser conhecido nacionalmente. Entretanto, ninguém ousava prognosticar de que aquele operário nordestino que se destacava como dirigente sindical, viria a se tornar um dia presidente da república e um dos mais importantes líderes da história política brasileira.

No dia vinte e três de março, o Ministro do Trabalho, Murilo Macedo decretou a intervenção dos três principais sindicatos de metalúrgicos paulistas, determinando, inclusive, que seus presidentes: Lula, Benedito Marcílio e João Lins, fossem definitivamente excluídos da possibilidade de voltarem a exercer qualquer cargo de direção sindical. A idéia era tirar da atividade política esses militantes.

Embora afastados por força da intervenção, continuaram a comandar as reuniões dos operários na luta por melhores salários. Em razão da proibição de ocuparem o estádio Vila Euclides, passaram a se reunir em frente à Igreja Matriz de São Bernardo.

Eram seis horas da manhã do dia dezenove de abril quando Lula foi preso, fato que agitou mais ainda as manifestações públicas dos trabalhadores, recebendo a adesão de outras categorias na capital paulista. A atitude do governo contradizia as sinalizações de abertura democrática feitas pelo presidente Figueiredo em sua posse. E isso era cobrado a todo instante.

A pressão popular produziu resultados. Em vinte de maio foi revogada a prisão de Lula e garantido o retorno dos três dirigentes aos respectivos sindicatos. Foi, sem dúvida, a primeira grande vitória da sua biografia política.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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