Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O isolamento da candidatura de Ivan Bichara


02/10/2015

Foto: autor desconhecido.

Ivan Bichara pagou um alto preço por não ter apoiado a indicação de Mariz para o governo do estado, referendando a escolha do tertius, Tarcisio Burity. Formou-se uma dissidência na ARENA, liderada por personalidades importantes do cenário político estadual, entre as quais os ex-governadores João Agripino e Ernani Sátiro, que preferiram não acompanhar a decisão do partido que apresentava Ivan Bichara como candidato a senador. O presidente do diretório regional, deputado Valdir dos Santos Lima, ao ser preterido da vice-governadoria por Burity, resolveu romper com o governo e passou a acompanhar a posição dos marizistas.

Na convenção da ARENA para homologar a chapa que disputaria as eleições para o Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa, ficou decidido que Mauricio Brasilino Leite e Juracy Palhano, concorreriam também, pelas sub-legendas, ao cargo de senador. O primeiro como opção para os que não queriam votar em Ivan Bichara.

A insatisfação da ala dissidente da ARENA se tornava cada vez mais explícita, sinalizando um isolamento de Ivan Bichara na sua pretensão de se eleger senador. Os candidatos apontados para a disputa pelas sublegendas renunciaram suas candidaturas a menos de trinta dias do pleito, inviabilizando, inclusive, a possibilidade do surgimento de um nome com força eleitoral que pudesse revigorar a votação em favor da ARENA. Em outras palavras, Ivan Bichara se viu na condição de candidato único ao senado.

Enquanto isso o MDB já estava em campanha com três nomes: Humberto Lucena, Bosco Barreto e Ary Ribeiro, o que oferecia perspectivas eleitorais bem mais favoráveis.

Em dez de novembro, portanto faltando apenas cinco dias para a eleição, os marizistas realizaram um comício nas Cinco Bocas, em Mandacaru, onde declararam publicamente o apoio a Humberto Lucena. João Agripino, em seu discurso, afirmou: “Não havendo outro candidato da ARENA e não votando em Ivan, só tenho a escolher um homem, e esse homem é Humberto Lucena. Votarei nele, porque teremos ao nosso lado, alguém que nos ajudará a protestar e ajudar o Nordeste”. Estava sacramentado o abandono a que parte da ARENA submetia seu principal candidato, Ivan Bichara.

Mesmo assim, a despeito dessa infidelidade partidária, Ivan Bichara obteve 45,13 % dos votos apurados, enquanto que Humberto Lucena alcançava 40,16 %. Os sufrágios dados aos candidatos das sublegendas do MDB garantiram, então, a eleição do seu principal candidato. A dissidência alcançara seu objetivo, evitar a eleição de Ivan Bichara, numa espécie de vingança por não terem contado com a sua ajuda na postulação ao cargo de governador.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”

 


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.